A SUBUTILIZAÇÃO DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS

Quem nasceu há pelo menos três décadas deve guardar na memória inúmeras situações que marcaram a vida de muita gente e que passaram a fazer parte de um mundo apenas imaginário, dadas as imensas transformações porque tem passado a humanidade nos últimos tempos, graças ao turbilhão de inovações científicas e tecnológicas que não para de avançar a cada instante.

É inegável que a tecnologia da informação tem contribuído sobremaneira para o progresso e o desen-volvimento em nível mundial, sobretudo na criação e aperfeiçoamento de produtos e serviços, de acor-do com as novas exigências do mercado consumidor, bem como as facilidades para fazer face à nova ordem mundial, diante do crescimento populacional.

É bem verdade que boa parte dos novos recursos colocados para facilitar o dia a dia das pessoas, nem sempre é bem aproveitada, seja por falta de informação, seja por resistência a mudanças ou até mesmo por desconfiança daqueles que de forma conservadora, por comodismo ou falta de ousadia, preferem manter-se à margem das novas tecnologias. Um exemplo disso são os clientes e usuários de serviços bancários que enfrentam longas e cansativas filas em guichês de caixa para realizar transações que po-deriam ser feitas no conforto de sua casa ou escritório, através de um microcomputador, telefone, ou smartphone, gastando apenas alguns segundos de seu precioso tempo. O mais impressionante é que em pleno século XXI ainda existem empresas que não aderiram à informatização e que não utilizam os diversos canais eletrônicos para realizar, dentre outras coisas, suas operações de controle e pagamento de obrigações diversas, preferindo o penoso e demorado atendimento tradicional, de forma arcaica e manual, ignorando todo o potencial tecnológico que é colocado à sua disposição em prol de uma maior produtividade. Não há dúvidas que esse tipo de empresário está fadado ao insucesso de seus empreen-dimentos, se não se dispuser a rever suas estratégias de adequação à nova realidade, para concorrer, em pé de igualdade, com aqueles que estão antenados e aproveitando todas as facilidades das novas ferra-mentas.

Outro fato merecedor de destaque é que a resistência pela quebra de velhos e arraigados paradigmas está em alguns setores governamentais, com consequências incalculáveis para a sociedade, que acaba se tornando vitima de uma gestão ineficiente dos recursos públicos. Basta dar uma olhada, por exemplo, em algumas escolas e até universidades públicas que ainda utilizam, predominantemente, o velho giz ou os antigos slides manuais em vez de projetores multimídias ou lousas digitais interativas. A propósito, existe uma pesquisa nacional divulgada pela revista Veja, em 09/08/2011, com o título “Computador ainda não entrou na sala de aula brasileira”, mostrando que apenas 4% das escolas públicas nacionais contam com uma máquina em sala de aula. Esse modelo obsoleto se repete em vários segmentos, cujos gestores, quer por incapacidade administrativa, quer pelas amarras burocráticas a que são submetidos, subtraem das pessoas os benefícios advindos das inovações tecnológicas, condenando-as a viverem à margem da modernidade, não obstante a escorchante carga tributária imposta pelo ente arrecadador.

Diante de um mundo cada vez mais competitivo, onde todos os recursos disponíveis devem ser otimi-zados em busca de uma maior eficiência, a tecnologia da informação tornou-se um caminho sem volta e indispensável para qualquer indivíduo ou organização que queira se firmar e seguir em frente, sem ceder espaço para o conservadorismo, mas com ênfase na criatividade, na inovação e numa ampla visão de futuro. Isso passa, essencialmente, por uma mudança de hábitos culturais, que deve ser estimulada constantemente, cuja adaptação será imposta naturalmente pela escassez ou extinção de alternativas do passado que, por serem muito retrógradas, não podem mais se perpetuarem por muito tempo, em detri-mento do progresso e da modernização das atuais e futuras gerações.

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http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/computador-ainda-nao-entrou-na-sala-de-aula-brasileira

AFBRITO
Enviado por AFBRITO em 12/01/2013
Reeditado em 12/01/2013
Código do texto: T4080132
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