O ANO MILAGROSO DE ISAAC NEWTON

Em 1642, mesmo ano de falecimento do incompreendido Galileu Galilei, nasce uma das mentes mais intrigantes da Humanidade, seu nome, Isaac Newton. No ano de 1666, com apenas 24 anos, dois anos antes de se tornar doutor pela Universidade de Cambridge, ocorreu um surto de peste que assustou a Grã-Bretanha, sendo então resolvido pela direção da Universidade o fechamento provisório de suas portas. O estudante Newton refugiou-se nos ares refrescantes de seu lar na zona rural de Woolsthorpe. No período de poucos meses, enquanto estava afastado do Campus, desenvolveu um programa próprio de pesquisa que iria revolucionar o mundo. Dois trabalhos de Matemática e dois trabalhos de Física foram gestados naquela casa tranquila. Um dos trabalhos de matemática era o binômio de Newton, que geralmente se aprende no ensino médio, e o outro era embrião de um tipo de ferramenta matemática chamada Cálculo diferencial e integral, por ele denominada de fluxões.

A primeira ideia desse Cálculo foi percebida muitos séculos antes pelo maior expoente da Escola de Alexandria, o impressionante Arquimedes de Siracusa (o mesmo que saiu gritando “eureka” depois de uma descoberta). Mas na época ainda não existia determinados conceitos para fazer com que ele concluísse a façanha. Esse Cálculo foi desenvolvido por G. W. Leibniz, também uma potente inteligência, ao mesmo tempo em que Newton. Havendo uma disputa eterna entre eles pela “patente” da descoberta. Parece que ocorreu uma troca de informação telepática entre Leibniz e o cioso Newton, pois um não sabia dos estudos do outro. Não é incomum na Ciência quando dois ou mais estão trabalhando no mesmo problema se chegar a provas independentes, isso tem o nome técnico de coincidência cosmológica.

No campo da Física ele estava estudando a luz, sendo esses estudos iniciais a base de sua Óptica. Todos nós apreciamos quando em meio à chuva ou em um esguicho d’água se forma um arco-íris; é o sentimento artístico que temos dentro de nós. Newton se fixou no problema ao tomar de um prisma e passar a luz do Sol através dele, no que apareceram sete cores, as mesmas sete cores do arco-íris. Percebeu que o prisma decompunha a luz branca. Nesse ponto do estudo qualquer um pararia, precisaríamos dar um salto que só os gênios ousam. Newton concluiu que a luz era feita de minúsculas esferas. Tente enxergar a esfera que a ponta de uma caneta BIC possui, depois pense como eram pequenas as esferas que Newton estava imaginando. Segundo o físico Jean E. Charon (L’Esprit Cet Inconnu) esse salto aconteceu por causa de outro tipo de luz que o sábio intuía e que os seus continuadores quiseram esconder de sua biografia, por tentar disfarçar que ele era um... grande alquimista! A face teológica dele é mais difundida.

Newton também estava envolvido com a ideia de que a Lua se mantém em órbita graças a uma força gravitacional. A estória da maçã caindo na cabeça dele é uma metáfora. Basta saber qual o significado de maçã e qual glândula está no eixo do cérebro, e a metáfora se revela.

Ele era cauteloso, metódico e perfeccionista. Somente vinte anos depois dos acontecimentos de 1666 é que revelaria essas ideias, lançando o livro divisor de águas da Ciência. Deu-lhe o nome de “Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”, conhecido por “Principia”. Esse livro é um dos maiores feitos já realizados pela mente de um homem.

Digamos que ele era um “computador biológico”, suas diferentes áreas cerebrais funcionavam de maneira autônoma, semelhante a módulos que processam informações de maneira independente e se entrecruzam para formar um todo na solução do problema. Outros estudiosos defendem que sua personalidade sugere um tipo específico de autismo, por causa de sua obsessão por determinadas áreas em detrimento do restante da vida. A de que ele era um profundo paranoico é bem conhecida também. São algumas das conjeturas para explicar a personalidade de alguém que foi, no mínimo, excêntrico.

Novamente Jean E. Charon explica que a recepção ao Principia foi fria. A primeira edição teve apenas 250 exemplares, e a segunda, ainda em Londres, 26 anos mais tarde, também foi de 250 exemplares. A primeira tradução para o francês demorou 80 anos após o lançamento original. O Principia influenciou e moldou gerações de cientistas, filósofos e artistas, influenciando a sociedade como um todo e a forma de se pensar ciência até os dias atuais.

O que ele fez naqueles meses, dentro do campo intelectual, é algo milagroso. Por isso 1666 é considerado o primeiro ano milagroso da Física.