DESMASCARANDO DARWIN: TEORIA DA EVOLUÇÃO: A MENTIRA CONTINUA-PARTE II

CONTINUAÇÃO DO ARTIGO DESMASCARANDO DARWIN-SEGUNDA PARTE. ARTIGO EXTRAÍDO DO EXCELENTE SITE DA MONTFORT, PARA LER O ARTIGO NO SITE ORIGINAL: http://www.montfort.org.br/index.php/tag/darwin/

SÁBADO, AGOSTO 14TH, 1999 AT 12:00PM

Evolucionismo: dogma científico ou tese teosófica?

Publicado em Cadernos de Estudo, Ciência, Comunismo, Evolucionismo, Fábio Vanini, Gnose, Marina Vanini, Orlando Fedeli

Orlando Fedeli

Fábio Vanini, biólogo

Marina Marques Vanini, doutoranda em Biologia

Dr. Daniel Almeida de Oliveira, Médico

“Quant à la réalité de l’évolution organique, ma croyance est inébranlable… Il n’en est pas moins vrai que les explications classiques de la genèse des espèces sont loin de contenter tous les esprits. Pour ma part, je les tiens toutes pour des contes de fées à l’usage des adultes… Il faut avoir le courage de reconnaître que nous ignorons tout de ce mécanisme”

(Jean Rostand, Ce Que Je Crois, Grasset, Paris, 1953).

["Quanto à realidade da evolução orgânica, minha crença é inabalável. Não deixa de ser verdade que as explicações clássicas da gênese das espécies estão longe de contentar todos os espíritos. De minha parte eu considero toda como contos de fadas para uso de adultos.... é preciso ter a coragem de reconhecer que nós ignoramos tudo sobre esse mecanismo"]

(Jean Rostand, O que creio, Grasset, Paris, 1953)

(Jean Rostand foi Prêmio Nobel de Medicina e defensor do evolucionismo)

I – EVOLUCIONISMO E RELIGIÃO

1 – Evolucionsimo e relativismo

2 – Evolucionsimo: o conceito e sua origem

3 – Evolucionsimo – panteísmo e gnose

4 – Evolucionsimo e filosofia

5 – Darwinismo e marxismo

6 – Evolucionsimo e nazismo

7 – O evolucionismo atual e as filosofias dialéticas

8 – Evolucionsimo e misticismo gnóstico

II – EVOLUÇÃO E METAFÍSICA

1 – O problema da origem da vida

2 – Evolução e princípios do ser

3 – Evolucionismo e analogia do ser

4 – Evolucionismo e causa final

5 – O problema das espécies e os universais

6 – Evolucionismo e causalidade

III – EVOLUÇÃO DA TEORIA EVOLUCIONISTA

1 – Introdução

2 – O lamarcksimo

3 – O darwinismo

4 – O neo-darwinismo, ou evolucionismo sintético

5 – Escola evolucionista do “equilíbrio pontuado”

IV – O EVOLUCIONISMO É CIENTÍFICO?

1 – Fraudes, contradições, afirmações gratuitas dos evolucionistas

2 – Opiniões de cientistas contra a teoria evolucionista

3 – A origem da vida – tentativas maquinistas para produzir vida

V – FÓSSEIS

1 – Introdução

2 – Micro-organismos

3 – O aparecimento dos insetos

4 – Invertebrados e vertebrados

5 – A transição dos peixes aos anfíbios

6 – Dos anfíbios aos répteis e mamíferos

7 – O problema dos mamíferos marinhos

8 – Os dedos dos cavalos e a evolução

9 – Os roedores

10 – Seres mamíferos e seres alados

11 – A origem dos seres alados

12 – Origem das aves

13 – Dinossauros

VI – ORIGEM DO HOMEM

1 – Introdução

2 – Fraudes evolucionistas

a) O “Homem” de Java

b) O “Homem” de Piltdown

c) O “Homem” de Nebraska

d) O “Homem” de Pequim

e) A mandíbula infantil de Ehringsdorf

3 – Pretensos ancestrais do Homem

a) O Ramapithecus

b) Os Australopithecus

c) “Lucy”

d) O Crânio 1470 do Homem do lago Turkana

4 – Fósseis humanos autênticos

VII – EVOLUÇÃO E FÉ

1 – O Problema da Evolução para a Fé

2 – Eva

I – EVOLUCIONISMO E RELIGIÃO

I.1 – EVOLUCIONISMO E RELATIVISMO

O evolucionismo é um dos “dogmas” da mentalidade moderna.

Ele extrapolou o campo puramente biológico, e é aplicado a tudo: nada mais é considerado estável, pois que se crê que tudo evolui. Neste sentido, a crença no evolucionismo pode ser apontada como uma das causas do relativismo triunfante em nossos dias. Não haveria nenhum valor absoluto. Nem verdade, nem moral, nem beleza, nem religião, nem dogmas, nada teria estabilidade, pois que tudo estaria sob a lei da evolução, esta sim, tomada como sendo absoluta.

Portanto, o evolucionismo atual é mais do que uma teoria biológica: é um princípio absoluto — um dogma religioso– de uma metafísica relativista. E eis aí uma contradição sintomática e reveladora: o relativismo fundamenta-se num princípio absoluto!

A amplitude atribuída ao evolucionismo é de tal porte metafísico que — como não podia deixar de ser — alcança a esfera religiosa: o próprio Deus é considerado como um eterno devir, e não como o Ser imutável, “Aquele que é” (Ex. III, 12).

O Padre Teilhard de Chardin — que Stephan Jay Gould julga ter sido o principal responsável pela famosa fraude do Homem de Piltdown (Cfr. JAY GOULD, Stephen, A Conjuração de Piltdown, in A Galinha e seus Dentes, ed. Paz e Terra, São Paulo, 1992, pp. 201 a 226, e, do mesmo autor, O Polegar do Panda, Martins Fontes, S. Paulo, pp. 95 a 109) — declarou:

“A evolução é uma teoria, um sistema, ou uma hipótese?”

“É muito mais do que isso. É uma condição geral à qual se devem dobrar todas as teorias, todas as hipóteses, todos os sistemas; uma condição a que devem satisfação doravante para que possam ser tomadas em consideração e para que possam ser certas”. (TEILHARD de CHARDIN, O fenômeno Humano, p. 245).

Julian Huxley, por sua vez, mostra como o dogma da evolução se impõe como o fundamento da moderna religião relativista:

“No tipo de pensamento evolucionista, não há lugar para seres sobrenaturais (espirituais) capazes de afetar o curso dos acontecimentos humanos, nem há necessidade deles. A terra não foi criada. Formou-se por evolução. O corpo humano, a mente, a alma, e tudo o que se produziu, incluindo as leis, a moral, as religiões, os deuses, etc., é inteiramente resultado da evolução, mediante a seleção natural”. (Cfr. HUXLEY,J. Evolution after Darwin, p. 246, apud OSSANDÒN VALDÈS, Juan Carlos, En torno al concepto de evolución, artigo na revista Philosophica, de Santiago do Chile, Suplemento doutrinário da revista Jesus Christus, número 50, de Buenos Aires).

Cremos que estas afirmações de Teilhard de Chardin e de Huxley sejam suficientes – além do exame do que ocorre hoje – para confirmar o que dissemos acima: o evolucionismo é o dogma fundamental do relativismo moderno.

Hoje, esse dogma é impingido por repetição contínua e por embebimento a todos, já que toda a sociedade o respira continuamente.

No artigo do professor Ossandón Valdés, encontramos uma citação de J.C. Mansfield na qual ele pede que:

“os estudantes secundários sejam embebidos do pensamento da evolução de tal modo que se acostumem a tudo pensar em termos de processo, e não em termos de situação estática”.

Evidentemente é o que se tem praticado em escala mundial, para criar nos jovens uma mentalidade relativista.

I.2 – EVOLUCIONISMO: O CONCEITO E SUA ORIGEM

Evoluir é termo que provem do latim evolvere que significa desenvolver algo que estava envolvido. Evoluir é fazer desabrochar o que já existia potencialmente em algo.

Por evolucionismo entende-se a doutrina que afirma que os seres vivos provieram da matéria inorgânica, e que das plantas se originaram os animais, e, por fim, dos animais teria provindo o homem. Sempre, pois, do menos teria vindo o mais, do inferior, por desabrochamento, teria vindo o superior.

Conforme os cientistas presentes ao Congresso de Chicago, em 1959, a fim de comemorar o centenário da obra de Darwin, evolução teria a seguinte conceituação:

“A evolução pode definir-se, em termos gerais, como um processo unidirecional e irreversível que, no transcurso do tempo, gera novidade, diversidade e níveis de organização mais elevados”. (Apud OSSANDÒN VALDÈS, art. cit. p. 7).

Essa conceituação é bem diversa daquela que tinha Darwin, pois não faz qualquer referência à seleção natural. Voltaremos ao tema, mais adiante.

Atualmente, são consideradas diversas definições como “mudança de freqüência gênica”, “mudança harmônica”, “descendência modificada”, etc. Evita-se tratar a evolução como um desenvolvimento em forma de linha genealógica, o que daria logo uma idéia de progresso. Como os cientistas não consideram, pelo menos academicamente, evolução como “progresso” dos seres, utiliza-se a idéia de árvore filogenética, com ramos que derivam de ancestrais comuns. Porém, em princípio, recai exatamente sobre o mesmo fundamento.

Embora o termo evolução esteja, hoje, estreitamente ligado a Darwin, não foi ele o seu inventor.

Na Antigüidade, a filosofia de Heráclito — tipicamente gnóstica — já negava a existência de sujeito nas mudanças, afirmando que a única realidade era o mudar, o vir-a-ser.

Na Stoa, Zenon e seus discípulos defendiam, eles também, a ilusão da realidade do mundo material visível.

Todas as seitas gnósticas de todos os tempos acreditavam que a divindade era um perpétuo fluir, e que, por isso, toda realidade era mutável. Para os gnósticos o Deus que se apresentou a Moisés — o Deus que se dizia imutável — era o demiurgo criador do mundo material e do mal. Esse Demiurgo mau seria o defensor de falsos valores imutáveis.

Nos séculos XVII e XVIII, com o recrudescer do gnosticismo, que se alimentou no cabalismo gnóstico de Jacob Boehme, espalhou-se nos meios místicos e esotéricos, a idéia de evolução universal. Para essas seitas cabalistas e gnósticas, o processo de auto-manifestação de Deus incluiria não só o universo, mas também a História.

“Hoje, quando há uma discussão apaixonada sobre o evolucionismo soteriológico do Padre Teilhard de Chardin, é preciso lembrar que o termo evolução não foi inicialmente introduzido pelos sábios das ciências naturais do século XIX em torno de Charles Darwin, mas que o termo foi utilizado, como termo teológico e soteriológico, pelos teósofos do século XVIII. Assim, ele foi adotado pelos filósofos do idealismo alemão Hegel, Schelling, Baader, como termo soteriológico, para descrever o processo teogônico, no qual Deus manifesta a si mesmo tanto no universo como na soteriologia “a fim de que Deus seja tudo em todos” (I Cor. XV,28). Este versículo de São Paulo que é tantas vezes citado por Teilhard de Chardin, é o versículo favorito de Schelling, de Baader e, antes deles, de Oetinger. Foi Baader quem publicou um escrito sobre “O Evolucionismo e o Revolucionismo, ou sobre a evolução positiva e negativa da vida em geral e da vida social em particular” nos Anais da Baviera, 1834, nº 28, p. 219-224 e nº. 62, p. 483-490″. (BENZ, Ernst, Les sources mystiques de la philosophie romantique allemande, Vrin, Paris, 1968, p. 58).

Curiosamente, hoje, o dogma da evolução é aceito por quase todos sem qualquer exame mais profundo. No meio estudantil, é geral a aceitação de que o homem tem origem simiesca, ou de um ancestral comum do macaco e do homem. Entretanto, ninguém se pergunta que animal irá ser gerado pelo homem no futuro. Pois se a evolução é lei geral e fundamental da natureza, ela fará o homem evoluir para um estágio que estará para o homem, assim como este está para o macaco.

Noutros termos, deveria surgir um super-homem.

Essa questão, por cogitar da possibilidade de existência de uma raça superior, põe em evidência a relação do evolucionismo com o nazismo, e por isso quase ninguém a aborda. Por que se deixa de mostrar que o evolucionismo foi uma das raízes ideológicas do sistema assassino do nazismo?

I.3 – EVOLUCIONISMO – PANTEÍSMO E GNOSE

Também se evita reconhecer que a pretensa origem simiesca do homem não responde à questão fundamental posta pela teoria da evolução: de onde veio o universo?

A negação de que o homem foi criado por Deus traz embutida a negação de criação do universo. Se o homem tem origem animal, de onde veio vida, e de onde veio a matéria prima do universo?

O universo sempre existiu e sempre existirá? A matéria é eterna? A matéria é infinita? A matéria é onipotente? A matéria é Deus?

Um evolucionismo coerente desemboca necessariamente no panteísmo, pois que deve admitir que a matéria sempre existiu, portanto, que ela é eterna, infinita e onipotente. O que significa dar à matéria as qualidades próprias de Deus. Quanto ao ateísmo – inclusive o de Darwin – ele só mascara um panteísmo subjacente. O ateu é um panteísta que não ousa confessar que se crê o próprio Deus.

Se o evolucionismo negar a divindade da matéria universal, necessariamente, então, deverá cair na Gnose, isto é, se não aceitar que a matéria é divina, terá que admitir que, no interior dela, reside, ou melhor, que nela está preso um espírito que, através da evolução, busca libertar-se da prisão da matéria, o que é a substância do pensamento gnóstico.

Entre o Panteísmo e a Gnose, os evolucionistas têm oscilado, mas, em ambos os casos, o evolucionismo cai sempre num problema religioso.

De qualquer modo, ainda que muitos evolucionistas superficiais não se dêem conta do problema, ele existe: o evolucionismo biológico serve apenas de biombo tático, para um sistema mais do que metafísico, para um sistema religioso.

Desse questionamento religioso profundo escondido no bojo das teorias evolucionistas é que provém o “fervor” de adesão às teses evolucionistas, e, por vezes, a fúria de que são tomados os evolucionistas, quando se questiona o dogma-tabu do darwinismo.

E esta adesão incondicional a um “dogma” indemonstrado que explica porque a teoria da evolução é aquela que conta em sua história com o maior número de fraudes e escândalos na história da ciência. Veremos, mais adiante, algumas das fraudes perpetradas por cientistas famosos para “arranjar” a prova da evolução que eles não encontraram na natureza. Ora, bastaria conhecer que uma teoria tentou ser comprovada fraudulentamente, para que se desconfiasse dela. Com o evolucionismo essa regra não é aplicada. Apesar de essa teoria ter tido mais fraudes do que provas, ela continua a ser apresentada como verdadeira, a ponto de, recentemente, o próprio Papa João Paulo II tê-la defendido como verossímil senão como certa (João Paulo II, discurso à Academia Pontifícia de Ciências, 1997).

Também é interessante notar como termos religiosos são comuns nos textos dos defensores da evolução. Veja-se, por exemplo, como o famoso evolucionista Stephan Jay Gould fala em “ortodoxia” e em “apostasia”, em “heresia”, em “dogma”, em “devotamento”, etc. ao tratar da adesão, desvio ou repúdio da teoria da evolução (Cfr. Stephan Jay Gould, O Polegar do Panda, ed cit. pp. 167-168-169).

Paul Lemoine escreveu:

“A evolução é uma espécie de dogma, no qual seus sacerdotes já não crêem mais, porém eles o mantém para o povo: é preciso ter coragem para dizer isto a fim de que os homens da futura geração orientem suas pesquisas de outro modo” (Encyclopédie Française, Tomo V, p. 5-82-3, 5-82-8, 1938, apud P. TROADEC, op. cit. p. 37).

Jean Rostand tem a mesma posição religiosa face à evolução, quando afirma:

“Creio firmemente… que os mamíferos procedem dos lagartos, e os lagartos dos peixes, porém, prefiro deixar no vago a origem destas escandalosas metamorfoses a acrescentar à sua inverosimilhança a de uma interpretação ilusória” (Apud Ossandón Valdés, op. cit. p. 15).

Para Rostand, o evolucionismo é mais religioso do que científico, porque: “deliberadamente deixa sem resposta a formidável questão da origem da vida e…só propõe soluções ilusórias ao problema, não menos formidável, das transformações evolutivas”. “Estamos ainda esperando uma sugestão suficiente a respeito das causas das transformações das espécies”…”Quando falamos de evolução supomos a existência de uma natureza imaginária, dotada de poderes radicalmente diferentes de tudo o que nos é conhecido cientificamente” (Jean Rostand, apud G. Salet, citado por Ossandón Valdés, op. cit. p. 15).

Errol White, especialista de biologia aquática, escreveu:

“Nós ainda ignoramos o mecanismo da evolução apesar da super confiança alardeada em alguns setores, e provavelmente nem faremos posteriores progressos neste ponto, por meio dos clássicos métodos da Paleontologia e da Biologia; e certamente não avançaremos no assunto saltando para cima e para baixo e gritando: “Darwin é Deus, e eu, Fulano de Tal, sou o seu profeta” (Cfr. Duane T. Gish, “Evolution: the Challenge of the Fossil Record, Creation-Life Publishers, El Cajon, 7a. ed. 1992, p. 68).

Lynn Margulis, professora emérita de Biologia da Universidade de Massassuchets considera que, a História acabará por considerar o Neo-darwinismo como “uma pequena seita religiosa do século XX, dentro da fé religiosa geral da biologia anglo-saxônica” (C. Mann, “Lynn Margulis,: Science’s Unruly Earth Mother”, In Science, 1991, n. 252, pp 378-381, apud Michael Behe, “A Caixa Preta de Darwin” Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1996, p. 35).

Outros autores conhecidos como defensores do evolucionismo admitem que o darwinismo não é científico, ou ainda que o evolucionismo é mais uma fé do que uma ciência.

Assim N. Macbeth, diz textualmente “O Darwinismo não é ciência” in American Biology Teacher Novembro de 1976, p, 496, apud Duane T. Gish, op. cit.,p.14).

L. Harrison Matthews, geólogo evolucionista, confessa:

“O fato de que a evolução é a espinha dorsal da Biologia e que a Biologia está então na posição particular de uma ciência fundamentada numa teoria não comprovada, — é ela então uma ciência ou uma fé? Crer na evolução é então o paralelo exato do crer numa especial criação — ambos são conceitos cujos crentes crêem como verdade, mas que nem um nem outros, até o presente, foi ca0az de provar” (L.H. Matthews, Introdução para a “The Origin of Species, de Charles Darwin, Dent and Sons, London, 1971,p. XI, apud Duane T. Gish, op. cit. p. 15).

O evolucionismo é então o dogma central de uma seita de caráter gnóstico, e, como toda seita, ele é intolerante.

Richard Dawkins, cientista ardoroso defensor da evolução, escreveu que os negadores da evolução são “ignorantes, estúpidos ou insanos (ou maus — mas eu preferiria não considerar essa possibilidade)” (Apud M. Behe, op cit. p. 251).

John Madox, editor da revista Nature declarou em sua revista: “Talvez não demore muito para a prática da religião ser considerada como anti ciência” (Apud M. Behe, op cit. p. 252) e “Daniel Dennet compara os crentes religiosos — 90 % da população — a animais selvagens, que precisam ser enjaulados e diz que devem ser impedidos (através da coerção, presume-se) de informar seus filhos sobre a verdade da evolução, que para ele é tão evidente” (Apud Michael Behe, op. cit. p. 252).

I.4 – EVOLUCIONISMO E FILOSOFIA

A ingenuidade geométrica de alguns “cientistas” chega ao absurdo de imaginar que o evolucio.ismo darwiniano é um posicionamento puramente científico, sem nenhuma relação com a história, com a filosofia ou com a religião. Eles imaginam que o evolucionismo surgiu apenas, e tão só, dos estudos científicos de Darwin e de seus seguidores, todos hermeticamente isolados em seus laboratórios, profilaticamente preservados de qualquer contágio metafísico ou teológico.

Separando, deste modo, o darwinismo de seu contexto histórico e cultural, eles ficam impossibilitados de ter verdadeira compreensão do problema e de seu significado histórico.

Na verdade, o evolucionismo é um capítulo inserido na História da Filosofia e na História da Religião, no Ocidente. Ele só pode ser verdadeiramente entendido em seu contexto cultural.

“(…) o pensamento evolucionista de Darwin não era uma simples hipótese científica que ocorreu para combater idéias religiosas admitidas em certas questões de fato. Era, antes, o produto e, uma parte essencial, de uma Weltanschauung — uma visão do mundo — proximamente ligada à produção da revolução industrial e às revoluções políticas, principalmente à Revolução Francesa, estes grandes acontecimentos históricos desenrolados entre os anos 1776 e 1848”. (Howard E. Gruber, op. cit. p. 47). Portanto, o darwinismo só pode ser entendido como parte de uma “visão do mundo” – de uma Weltanschauung – e de uma Weltanschauung revolucionária.

O próprio Darwin, em sua Autobiografia confessa que foi ao ler uma obra de Malthus sobre população que teve a idéia da seleção natural, através da luta pela sobrevivência, a qual faria sempre o mais fraco ser eliminado.

Stephan Jay Gould, defensor de um evolucionismo reformado, citando os últimos estudos de Howard E. Gruber e Silvan S. Schweber sobre a vida de Darwin mostra como o fundador do evolucionismo moderno não se fundamentou na biologia para estabelecer sua teoria.

“Ao ler o relato pormenorizado de Schweber dos momentos que precederam a formulação da teoria da seleção natural por Darwin, fui particularmente tocado pela ausência de influências decisivas a partir de seu próprio campo, a biologia. Os precursores imediatos foram um cientista social [Comte], um economista [Adam Smith] e um estatístico [Adolph Quetelet]“ (S. Jay Gould, O polegar do Panda, p.55).

Jay Gould diz que a obra de Schweber demonstra que “as peças finais [da teoria da evolução de Darwin] não surgiram a partir de novos fatos da história natural, mas das incursões intelectuais de Darwin em campos distantes. Ao ler uma extensa revisão do “Cours de Philosophie positive — o trabalho mais famoso do filósofo [Sic!] e cientista natural [Sic!] Augusto Comte — Darwin ficou particularmente impressionado com a insistência do autor em que uma teoria adequada deve ser profética [Sic!] e, no mínimo, potencialmente quantitativa” ( S. Jay Gould, O polegar do panda, p. 55)

“De fato, acredito que a teoria da seleção natural deveria ser vista como uma analogia ampliada – se consciente ou inconsciente da parte de Darwin, não sei — à economia de do laissez-faire, de Adam Smith” (Jay Gould, op. cit. p. 55).

E mais:

“A teoria da seleção natural constitui uma transferência criativa, para a biologia, do argumento básico de Adam Smith a favor de uma economia racional: o equilíbrio e a ordem da natureza não surgem de um controle externo mais elevado (divino) ou da existência de leis operando diretamente sobre o todo, mas sim a partir da luta entre indivíduos pelos seus próprios benefícios” (em termos modernos, pela transmissão de seus genes a gerações futuras através do êxito diferencial na reprodução). (Jay Gould, op. cit. p. 56).

Jay Gould procura minimizar a surpresa — ou o espanto gerado por sua afirmativa — de que a teoria da evolução não se fundamentou, inicialmente, em descobertas biológicas, dizendo:

“Muitas pessoas se sentem perturbadas ao ouvir um tal argumento: não compromete a integridade da ciência o fato de algumas de suas conclusões primárias se originarem, por analogias, da política e da cultura contemporâneas, em vez de se basearem nos dados da própria disciplina” (Jay Gould, op. cit. p. 56).

Tais fatos são comprometedores, sim, na medida em que o evolucionismo tem sido sistematicamente apresentado como uma teoria puramente científica e biológica, quando, na verdade, não é.

I.5 – DARWINISMO E MARXISMO

Se a teoria da evolução darwinista teve origem em leituras filosóficas e econômicas de Darwin, seus efeitos só poderiam agradar ao materialismo marxista.

Com efeito, “Marx foi um grande admirador de Darwin” (Jay Gould, op. cit. p.57).

Quando a ”Origem das Espécies” apareceu, Marx e Engels, estes apóstolos do mundo como fluxo, saudaram-no entusiasticamente. Em 1860, Marx escreveu para Engels: “Embora desenvolvido em cru estilo inglês, este é o livro que contém a base de nossas percepções em História Natural” (Howard E. Gruber, Darwin on Man, The University Chicago Press1981, p.71).

Marx escreveu:

“É notável como Darwin reconhece, entre animais e plantas, sua sociedade inglesa, com as divisões de trabalho, a competição, a abertura de novos mercados, a “invenção” e a malthusiana “luta pela sobrevivência”. É o bellum omnium contra omnes (a guerra de todos contra todos) de Hobbes” (Marx, apud Jay Gould, op. cit. p.56-57). E com a eliminação do mais fraco. Portanto, justificando a lei do mais forte, para a vida humana.

Não há dúvida então de que a doutrina evolucionista é uma doutrina capitalista…apreciada, ontem, por Marx, hoje, pelos marxistas.

Marx quis até dedicar o segundo volume de “Das Kapital” para Darwin, tanto ele o admirava. Foi Darwin quem pediu a Marx que não o fizesse (Cfr. H. E. Gruber, op. cit., p. 72 e Gérard Bonnot, O que restou do Darwinismo, entrevista com Jacques Ruffié, autor do livro Traité du Vivant, in O Estado de São Paulo, 9 de maio de 1982).

Pierre Thuillier, em seu livro Darwin et Cie. descobre o ideólogo escondido no cientista:

“Ele [Darwin] havia decidido antes mesmo de ter interpretado suas famosas observações, que devia formular uma explicação global mecanicista”. “Darwin era um militante do ateísmo e do materialismo que tomava muito cuidado em esconder suas verdadeiras motivações sob as aparências de um procedimento científico rigoroso. “Devo evitar mostrar a que ponto creio no materialismo, escreve ele”. (Artigo A nossa origem: uma antiga e apaixonada discussão – L’Express, in O Estado de São Paulo – Jornal da Tarde, Caderno de Leituras, 13 de fevereiro de 1982).

Talvez tenha sido então para ocultar seu ativismo materialista e seu ateísmo que Darwin não aceitou a homenagem de Marx com a dedicatória de O Capital.

Gilles Lapouge tira a mesma conclusão a respeito de Darwin e de sua obra:

“Darwin deseja fazer crer que ele é um escravo da ciência (…) Ele dissimula que, na realidade, partiu de uma ideologia e organizou suas observações no arquivo teórico, ideológico que tinha em mente”.(…)

(…)”Devemos acrescentar o seguinte: como toda grande ofensiva da ciência, a teoria da evolução está duplamente envolvida em ideologia. Por um lado, o próprio Darwin confessa que a sua visão materialista precedeu a coleta dos fatos. Por outro, porque há cem anos o darwinismo alimenta outras teorias, outras ideologias que extraem do darwinismo justificativas para sua filosofia ou metafísica”. (G. Lapouge, Darwin e a evolução, artigo in Cultura, Suplemento de O Estado de São Paulo, ano II nº. 95, 4 de abril de 1982).

Richard Dawkins, cientista evolucionista intransigente, fez uma declaração que vale como uma confissão. Disse ele que Darwin tornou possível ao homem ser um “ateu intelectualmente realizado” (Apud M. Behe, op. cit. p. 252).

Um outro célebre evolucionista, Richard Lewontin, confessou: “Nós ficamos do lado da ciência, apesar do patente absurdo de algumas de suas construções, apesar de seu fracasso para cumprir muitas de suas extravagantes promessas em relação à saúde e à vida, apesar da tolerância da comunidade científica em prol de teorias certamente não comprovadas, porque nós temos um compromisso prévio, um compromisso com o materialismo. Não é que os métodos e instituições da ciência de algum modo compelem-nos a aceitar uma explicação material dos fenômenos do mundo, mas, ao contrário, somos forçados por nossa prévia adesão à concepção materialista do universo a criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzam explicações materialistas, não importa quão contraditórias, quão enganosas e quão mitificadas para os não iniciados. Além disso, para nós o materialismo é absoluto; não podemos permitir que o ‘Pé Divino’ entre por nossa porta.” (New York Reviews of Books, 1987). (destaques nossos)

A estreita ligação de evolucionismo com o marxismo é comprovada pelo que conta Monsenhor O’Hara, Bispo de Yuanling, na China. Conforme o testemunho desse Prelado, quando o chamado Exército de Libertação comunista de Mao Tsé Tung entrava numa localidade, toda a população era constrangida a participar de um curso de propaganda e doutrinação, e, a primeira lição não era sobre a doutrina de Karl Marx, mas sim sobre o evolucionismo, tentando-se convencer o povo de que o homem veio do macaco. (Apud Patrick Troadec, L’Évolucionisme, apostila francesa, p. 2).

Está claro, então, que o evolucionismo não teve origem científica e sim ideológica e religiosa.

Por isso, o evolucionista Y. Delage declarou:

“ESTOU ABSOLUTAMENTE CONVENCIDO QUE SE É OU NÃO TRANSFORMISTA, NÃO POR RAZÕES TIRADAS DA HISTÓRIA NATURAL, MAS EM RAZÃO DE SUAS OPINIÕES FILOSÓFICAS” (Apud Patrick TROADEC, L’Évolucionisme, p. 2).

O evolucionismo não nasce de uma pesquisa científica imparcial, e sim de um ateísmo anterior que pretende, mais do que provar a evolução, negar que houve um Criador. O evolucionismo é fruto necessário do ateísmo. É o que confessam vários de seus paladinos.

Caullery, em seu livro Le point de l’évolution, afirma, sem rodeios:

“Sim, as espécies atuais são estáveis, mas elas nem sempre o foram, senão seria preciso recorrer a um Criador para explicar a aparição dos seres vivos. Ora, o criacionismo é anti-científico. Portanto, a transformação das espécies é um fato” (Apud P. Troadec, op. cit. p.28).

I.6 – EVOLUCIONISMO E NAZISMO

Entretanto convém mostrar algo mais: a ligação entre o evolucionismo de Darwin e outras criminosas teorias racistas que o adotaram, principalmente a doutrina nazista.

É verdadeiramente chocante verificar como as evidentes implicações racistas das teorias de Darwin não são percebidas pelos atuais defensores do evolucionismo, e como eles recusam admitir a evidência, quando esta lhes é mostrada. O comportamento de certos darwinistas — negando o óbvio – é muito semelhante ao de certos sectários quando postos face a uma contradição deles com o próprio texto bíblico, no qual eles dizem se basear. É atitude típica de fanatismo: negar a evidência dos fatos, ou recusar tirar uma conclusão óbvia de um raciocínio certo.

A doutrina darwinista submetia a evolução à lei da sobrevivência do mais apto. As espécies lutariam entre si, e as mais fracas, ou as menos aptas, pereceriam. “A essência do darwinismo reside numa única frase: a seleção natural é a força criativa principal da mudança evolutiva” (Jay Gould, op. cit. p.171).

Mais adiante analisaremos mais a fundo este principio darwinista. Por ora, queremos apenas retirar dele as evidentes implicações racistas nele embutidas.

Se é a vitória do mais apto que garante o prosseguimento da evolução, é claro que essa lei universal deve ser aplicada também dentro de cada espécie. As várias raças de uma espécie também estariam submetidas à lei da sobrevivência, e a raça mais apta deveria eliminar as mais fracas, para que a espécie tenha mais possibilidade de se aperfeiçoar e de sobreviver.

A teoria de Darwin pressupõe uma desigualdade das raças e uma luta entre elas para eliminar as que seriam inferiores.

Alguém poderia alegar não haver provas de que Darwin pensasse assim, e que ele teria repudiado o racismo. O que se discute não é a possível reação de Darwin ante o nazismo, que aconteceria muitas décadas após sua morte. O que procuramos fazer ver é que o evolucionismo traz, em seu bojo, as sementes das leis racistas de Hitler.

“O próprio Darwin (…) fala de raças humanas “inferiores” e acredita, segundo a expressão de Thuillier, na “existência de uma hierarquia absoluta da humanidade” (L’Express, artigo A nossa origem: uma antiga e apaixonada discussão, in Jornal da Tarde – Caderno de Programas e Leituras, 13 de fevereiro de 1982).

Diz Gilles Lapouge:

“Na verdade, Darwin traz em si boa parte das teorias racistas, se bem que ele tenha sido completamente avesso a qualquer espécie de racismo” “O darwinismo, há um século, serve de justificativa teórica a muitos pensamentos racistas e elitistas” (G. Lapouge, Darwin e a evolução, Cultura, nº 95, O Estado de São Paulo, 4 de abril de 1982).

O próprio primo de Darwin — Galton, que era biólogo — propôs que a ciência assumisse o papel que a natureza desempenha na evolução, selecionando os elementos mais dotados. Ele queria que a sociedade, através da aplicação de métodos científicos, fizesse “com previdência, rapidez e benevolência, aquilo que a natureza faz cega, lenta e impiedosamente”. (Apud G. Lapouge, art. cit.).

Galton já propunha – com base no darwinismo – os criminosos métodos nazistas.

“Outro caso ilustra os venenos camuflados no seio do darwinismo. É o de Konrad Lorenz, prêmio Nobel, e merecidamente considerado um dos grandes etnólogos da modernidade. Ora, Lorenz, que apela constantemente a Darwin, foi um defensor da seleção artificial e dos ideais racistas sob Hitler. Em 1940, bem jovem ainda, ele publica um artigo incrível que fala de seleção, de pureza racial e até mesmo de eliminação dos seres moralmente inferiores(…) Ele pretende, justamente graças ao darwinismo, estender ao homem as leis do reino animal, o que faria da biologia a única verdadeira ciência do homem, uma ciência ao mesmo tempo moral, política, etc.” (G. Lapouge, art. cit. ).

Outro exemplo de darwinista racista, dado por Lapouge, é o de MacFarlane Burnett, que ganhou um prêmio Nobel em 1960. Ele defende a tese de que os progressos da medicina impedem a natureza de selecionar as espécies e os elementos, permitindo a sobrevivência dos fracos. Também acusa o espírito democrático de impedir a eliminação dos inferiores.

Lapouge cita o seguinte texto de MacFarlane Burnett:

“Podemos calcular, explica ele, que, desde a evolução dos primatas até o final do período dos caçadores coletores, quase 90% dos descendentes gerados morriam antes de atingir a idade da reprodução. Ao contrário, nas sociedades ocidentais, as crianças não morrem muito mais. Apenas 5% das crianças, uma verdadeira miséria, morrem. Esta súbita retração da função de triagem própria da seleção natural deve levar a um acúmulo de indivíduos que podemos chamar inferiores de acordo com as normas correntes relativas à saúde, inteligência e agressividade”. (MacFarlane Buttler, apud G. Lapouge, art. cit.).

MacFarlane Buttler constatando que,

“é provavelmente impossível, hoje, utilizar um meio legal para matar visando a proteção de uma sociedade”

conclui que “O internamento perpétuo, seja numa prisão, seja num hospital” seria o meio mais apropriado para impedir o crescimento do número de indivíduos inferiores. (Cfr. G. Lapouge, art. cit.).

Sabe-se, também, que o eugenismo, bastante difundido no início do século XX, dava suporte “científico” às milhares de esterilizações em massa, na Europa e Estados Unidos, entre loucos, doentes e indigentes. Ao todo, foram 375.000 esterilizações na alemanha nazista, e – pasmem – 30.000 nos Estados Unidos, entre 1927 e 1972 (Razón y revolución: Filosofía marxista y ciencia moderna; A. Woods & T. Grant, fundação F. Engels, 1995). Um dos seus maiores advogados foi o conceituado Ronald Fisher, cientista inglês de fundamental importância para as teorias selecionistas do início do século XX.

Até parece um pesadelo! A que conseqüências absurdas conduz o darwinismo! Pelos frutos se conhece a árvore. Pelos absurdos conseqüentes, se compreende o erro do princípio.

Mas por que não se divulgam amplamente essas conseqüências, que manifestam o que estava oculto na semente plantada por Darwin?

I.7 – O EVOLUCIONISMO ATUAL E AS FILOSOFIAS DIALÉTICAS

A seleção natural, motor da evolução, também tem fundamento filosófico. Jay Gould mostra que Darwin, ao aceitar os pressupostos filosóficos em seu tempo, adotou o princípio de que “natura non fac saltum”, o que o levou a afirmar que a evolução é lenta e passa, de etapa em etapa, até a formação de uma nova espécie. Ora, é universalmente aceito, hoje, que isto é falso, pois no registro fóssil não se encontram vestígios dessa evolução lenta. Quanto mais ela fosse lenta e quanto mais tempo ela durasse, mais se encontrariam fósseis intermediários entre duas espécies. E isso não se dá!

Por isso, Jay Gould diz que precisou recorrer a um outro modelo filosófico para justificar a evolução repentina de uma espécie para outra, como ele a expõe na sua hipótese de “evolução pontuada”.

E a que filosofia recorreu Jay Gould? À filosofia dialética de Hegel e Marx!

Vejamos o que diz o líder do evolucionismo de nossos dias.

“O registro fóssil não oferecia qualquer apoio à mudança gradual: faunas inteiras tinham sido erradicadas durante intervalos de tempo extremamente curtos. As novas espécies apareceram no registro fóssil quase sempre de maneira abrupta, sem elos intermediários aos antepassados nas rochas mais velhas da mesma região” Jay Gould, O polegar do panda, p. 161; o sublinhado é nosso).

“A extrema raridade das formas de transição no registro fóssil permanece como “segredo do negócio” da paleontologia. As árvores genealógicas que adornam nossos manuais têm dados apenas nas pontas e nos nós dos seus ramos; o resto, por mais razoável que seja, é inferência, e não evidência de fósseis. No entanto, Darwin aferrou-se tanto ao gradualismo, que comprometeu toda a sua teoria (…)” (Jay Gould, op. cit. p. 163).

“Se o gradualismo é mais um produto do pensamento ocidental do que um fato da natureza, então deveríamos considerar filosofias alternativas de mudança para ampliar o nosso universo de preconceitos constrangedores. Na União Soviética, por exemplo, os cientistas são treinados numa filosofia da mudança muito diferente — as denominadas “leis dialéticas”, reformuladas por Engels a partir da filosofia de Hegel. As leis dialéticas são explicitamente pontuativas; falam, por exemplo, da “transformação da quantidade em qualidade”. Isso pode parecer um pouco sem sentido, mas sugere que a mudança ocorre em saltos largos, que se seguem a uma lenta acumulação de tensões a que um sistema resiste até alcançar o ponto de ruptura. Aqueçam a água e ela acabará fervendo. Oprimam os operários cada vez mais e provocarão a revolução. Elredge e eu ficamos fascinados ao saber que muitos paleontólogos russos defendem um modelo semelhante ao nosso equilíbrio pontuado” (Jay Gould, op. cit.. p. 166).

São muito importantes esses textos de Jay Gould pelas confissões que contém, além de comprovarem a facilidade com que cientistas de alto nível podem incorrer em erros filosóficos grosseiros. Por exemplo, a água aquecida não “evolui” para vapor d’água. Vapor de água continua sendo substancialmente água, enquanto a evolução supõe uma mudança de espécie, isto é, de forma substancial.

E também não é verdade que a opressão crescente produzirá necessariamente a revolução: os operários foram tremendamente oprimidos pelo nazismo e pelo comunismo stalinista, e não se revoltaram. Pelo contrário, muitos continuaram apoiando Hitler e Stalin até o fim. A massa ama os tiranos e Nero, Mao e Pol Pot foram adorados…

Como se vê, Jay Gould confessa ter adotado a dialética marxista como instrumento útil para confirmar suas teses evolucionistas.

I.8 – EVOLUCIONISMO E MISTICISMO GNÓSTICO

A confissão de Jay Gould de que só se salva o evolucionismo pela adoção de um modelo filosófico hegeliano e marxista, isto é, adotando um pensamento dialético, lança, mais ainda, a doutrina evolucionista na esfera da Gnose.

Com efeito, a Gnose é essencialmente dialética. Sua primeira lei é a da igualdade dos contrários. Para a Gnose, o ser evolui constantemente porque seria constituído de princípios contrários e iguais.

Aliás a dialética de Engels e Marx é derivada de Hegel. Este, por sua vez, confessa que a herdou de Jacob Boehme, o qual se inspirou na Cabala, que segundo Gerschom Scholem é a Gnose judaica (Cfr. Gerschom Scholem, A Mística Judaica (Major Trends in Jewish Mysticism), Perspectiva, São Paulo, 1972, p.).

Duas foram as fontes da filosofia dialética de Hegel, ambas de caráter gnóstico: Mestre Eckhart e Jacob Boehme.

“Hegel foi adepto de Boehme desde a sua juventude, e várias vezes o elogiou em suas obras e em suas cartas” (Ernst Benz, op. cit. p. 20).

“Hegel descobriu a base de sua interpretação idealista da realidade nas especulações de mestre Eckhart, nas quais seu amigo (o teósofo) Baader o tinha iniciado” (E. Benz, op. cit. p. 14).

Conta-nos Baader: “Em Berlim, freqüentemente eu estava em companhia de Hegel. Um dia, em 1824, eu li para ele textos de Mestre Eckhart, do qual, até então, ele conhecia só de nome. Ele ficou tão entusiasmado que ele deu, noutro dia, toda uma conferência sobre Mestre Eckhart diante de mim, e que ele terminou com estas palavras:

“Da haben wir es ja, was wir wollen” “Eis aí exatamente o que nós queremos, eis o conjunto de nossas idéias, de nossas intenções” (E. Benz, op. cit. p.12)

“Hegel introduzido pessoalmente nas idéias de Mestre Eckhart por seu amigo Baader, encontrou nele a constatação e a confirmação de sua própria filosofia do espírito (…) ele achou em Mestre Eckhart a forma antecipada e mesmo acabada da especulação metafísica nova de seu tempo” (E. Benz, op. cit. p.12).

Mestre Eckhart e Jacob Boehme tinham uma metafísica dialética que Hegel adotou e que o marxismo seguiu. Jay Gould nos informa que a teoria do evolucionismo só pode ser salva pela dialética de Hegel e Marx. Com isto ele confirma que o evolucionismo só é aceitável e possível com uma visão dialética e gnóstica do universo.

FABIO VANINI
Enviado por Joanne em 30/04/2012
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