Comentários sobre um livro
A Pod Editora publicou o livro "Sorriso não tem idade" de cuja noite de autógrafos participei, tendo o autor Mario Kruczan reunido um grande número de pessoas no lançamento. A título de curiosidade, permito-me os seguintes comentários que trago ao Recanto.
Que significa o riso? O que há no fundo do risível? É o que pergunta um dos mais importantes filósofos franceses Henri Bergson (1859-1941) no início de seu livro “O Riso – Ensaio sobre o significado do cômico” No citado livro, cuja importância pode ser avaliada pelo grande número de reedições, somando 125 na comemoração do centenário do autor. Nesse livro foram apreciados vários aspectos do riso e sua importância para o indivíduo. Mario Kruczan, com 30 anos de prática na Odontologia, atuando basicamente em periodontia e prótese dental, nos brinda com um livro simples, mas de extremo valor não só para os leigos, mas para seus colegas de outras áreas de atuação na saúde. Por que citei Bérgson? Mario diz ser o “sorriso expressão da saúde”. Está certo em sua concepção,;além disso, o sorriso pode entrar na literatura propriamente dita, como por exemplo – O Sorriso do Diabo (Regine Deforges), Um Sorriso, por favor (Roque Schneider), O Sorriso do Lagarto (João Ubaldo Ribeiro), Um Certo Sorriso (Françoise Sagan); também na música, como cita o autor – a música Smile, do genial Charles Chaplin; na literatura científica, basta lembrar do riso sardônico que os médicos dizem ocorrer no tétano. Por curiosidade, procurei fazer algumas reflexões e buscar analogias sobre o tema; lembrei-me que o sorriso mais famoso da história é o da Mona Lisa, quadro pintado em 1503 por Leonardo da Vinci, e segundo consta no Louvre, o óleo sobre madeira de álamo corresponde à Srª Lisa Gherardini mulher de Francesco Del Giocondo. Um autor disse ser um “sorriso restrito e sedutor”. Eu lembro: O sorriso mais famoso da história não mostra os dentes! Não seria surpresa, se a Srª Gherardini tivesse dentes mal conservados. Madame Joséphine Beauharnais, que se tornou esposa de Napoleão Bonaparte, tinha os dentes cariados e, freqüentemente, reclamava de dores. Henri Robert num capítulo de seu livro, enaltecendo a beleza de Paulina Bonaparte, comparando-a a Joséphina diz:” não poderia sobrepujar Paulina, pois, jamais ria com medo de mostrar as rugas e expor a má dentadura”. Voltando às reflexões, cito o relato de Wolfgang Kayser em seu livro “O Grotesco”; reproduz o escrito de um mestre da literatura fantástica E.T.A Hoffman: “Nesse instante entrou cambaleando um personagem torpe, com guinchos sumamente repugnantes e riso idiota”. Outra modalidade de riso!
Mario cita como homenagem um importante médico americano, Robert Neil Butler (1927-2010) que ganhou o Prêmio Pulitzer de 1976 com o livro “Why Survive? Being Old in América”. Butler criou o primeiro Departamento de Geriatria nos Estado Unidos, e ficou conhecido como o “defensor dos Velhinhos”. No presente livro, o autor trata do envelhecimento precoce e da velhice ao longo dos tempos; no trecho sobre a sociedade e a terceira idade, expõe seu ponto de vista – “um resgate da imagem, de um sorriso leve e mais jovial”. Destaca a importância de uma dieta saudável, daí, o valor da Odontogeriatria e os cuidados devidos no atendimento dos idosos, levando-se em conta aspectos psicossociais. Conclui, mostrando a importância dos cuidados de higiene bucal e algumas patologias, que sempre exigem maiores cuidados no trato dos idosos como diabetes mellitus e outras decorrentes da própria degenerescência física e mental do ser humano. Lembra que os dentes mal conservados ou com próteses inadequadas provocam uma quebra na fisiologia da mastigação, da deglutição e do metabolismo dos alimentos, com má digestão, em prejuízo do valor energético dos alimentos, gerando algumas vezes, estados de deficiência nutricional.
Mario Kruczan é um Odontólogo de grande experiência e cultura científica; escreve muito bem, conseguindo transmitir ensinamentos e informações de muita importância à população; seu livro merece ter ampla divulgação por reunir todas as qualidades que pude destacar nesses comentários despretensiosos.Fernando Pessoa diz que na vida o ideal tem 3 formas: A Verdade, a Virtude e a Beleza. Conclui ser a beleza o Ideal Puro. Eu acrescento – não há beleza sem um sorriso perfeito. Daí, a importância da concepção artística na atuação de um odontólogo. Como o texto é de fácil acesso ao leigo, confesso que aprendi muito.