PSICANÁLISE X BEHAVIORISMO: CONTRIBUICÕES À PSICOLOGIA
Psicanálise e Behaviorismo são abordagens que contribuem para o pensar/sentir/fazer em Psicologia. Sendo assim, pretende-se fazer uma breve reflexão acerca destas, mostrando aspectos em que ambas se aproximam ou divergem, a começar pela Psicanálise.
Ciência que utiliza o método investigativo para compreender e tratar conflitos imaginários como sonhos, delírios, esquecimentos – a Psicanálise – constitui uma ferramenta de suma importância para o campo da Psicologia.
A psicanálise possui como objeto de estudo o inconsciente, que é o conjunto de conteúdos reprimidos pela consciência.
É impossível falar sobre essa ciência sem relacioná-la ao seu fundador, Sigmund Freud.
Compreender a Psicanálise significa percorrer novamente o trajeto pessoal de Freud, desde a origem dessa ciência e durante grande parte de seu desenvolvimento. A relação entre autor e obra torna-se significativa quando descobrimos que grande parte de sua produção foi baseada em experiências pessoais, transcritas com rigor em várias de suas obras [...]. Compreender a Psicanálise significa, também, percorrer, no nível pessoal, a experiência inaugural de Freud e buscar “descobrir” as regiões obscuras da vida psíquica, vencendo as resistências anteriores (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p.71).
Freud (1856-1939) nasceu em Freiberg, Tchecoslováquia. Formado em medicina e especializado em tratamentos para doentes mentais, ele criou uma nova teoria. Esta estabelecia que as pessoas que ficavam com a mente doente eram aquelas que não colocavam seus sentimentos para fora. Segundo Freud, este tipo de pessoa tinha a capacidade de fechar de tal maneira esses sentimentos dentro de sua mente, que, após algum tempo, esqueciam-se da existência. A época em que busca fundamentar seus estudos na área psicanalítica, ele:
[...] edifica a teoria psicanalítica que se expandiu no século XX e penetra o século XXI com todo o vigor de uma ciência que busca a compreensão do sujeito em relação com o seu próprio corpo, e a partir desse relacionamento, entender suas relações com o mundo externo e a sociedade, procurando entender as causas do adoecimento psíquico através da teoria ligada à técnica. Freud nasceu e cresceu numa sociedade marcada por uma grande fé na ciência iluminada pelas luzes da razão, da racionalidade.
( http://www.webartigos.com/articles/46925/1/O-INCONSCIENTE-EM-FREUD/pagina1.html#ixzz1QVW2HfqD).
O pai da psicanálise, através de suas pesquisas, deixou um legado imprescindível às áreas da saúde, entre elas a Psicologia. Uma das descobertas de Freud, que muito contribuiu para o processo psicológico foi defender a existência da sexualidade infantil. Esta já se fazia presente, porém fora negada por outras ciências. A sexualidade infantil, de acordo com seu mentor, foi dividida em fases e, em cada uma delas, a criança apresenta determinadas atitudes e descobertas. As fases estão assim distribuídas: oral, anal, fálica, latência e genital. É importante o psicólogo conhecer sobre tal assunto, principalmente se sua clientela for infantil ou ele desejar trabalhar em escolas.
Diante disso, a Psicanálise apresenta inúmeras contribuições à Psicologia, pois serve de base para tratamento psicoterápico, trabalhos grupais e indispensável “à análise e compreensão de fenômenos sociais relevantes: as novas formas de sofrimento psíquico, o excesso de individualismo no mundo contemporâneo, a exacerbação da violência etc” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p.92).
Além da descoberta da sexualidade infantil, Freud criou duas teorias sobre a estrutura do aparelho psíquico, sendo a primeira delas: Inconsciente, pré-consciente e consciente. O inconsciente é o conjunto de conteúdos reprimidos pela consciência. O pré-consciente é o local onde ficam os conteúdos que podem ser acessíveis à consciência, ou seja, em um dado momento está na consciência e noutro não. O consciente é o sistema do aparelho psíquico que recebe de forma simultânea tanto as informações do mundo interior quanto as do exterior. É na consciência que se encontram a percepção e o raciocínio.
A segunda teoria do aparelho psíquico forma os três sistemas da personalidade: Id, ego e superego. O Id é o sistema em que se encontra o limiar das pulsões* . Ele está ligado ao inconsciente. O ego é o sistema responsável pelo equilíbrio entre as exigências do id e as ordens do superego. No ego ocorrem a percepção, pensamento, memória e sentimento. Uma parte do ego é consciente, porém a maior parte dele é inconsciente. O superego possui uma pequena parte que é consciente. Ele origina-se com o Complexo de Édipo e é regido pelo sentimento de culpa (moralidade). Traz consigo as exigências culturais e sociais.
Freud também criou os mecanismos de defesa, que são estratégias usadas pelo sujeito para se proteger de determinados conteúdos que possam causar desconforto na consciência. Esses mecanismos acontecem na parte inconsciente do ego e servem para manter o equilíbrio do aparelho psíquico.
Após a breve reflexão acima sobre a ciência psicanalítica, segue-se com a explanação sobre a teoria comportamentalista. O termo “Behaviorismo” adaptado para a língua portuguesa vem da palavra inglesa behavior, que significa comportamento. John B. Watson (1878—1958) é considerado o pai do Comportamentalismo.
Foi um aluno médio, durante o seu percurso escolar, até chegar à Universidade de Chicago. Frequentou o curso de Filosofia, mas desiludido com a orientação, muda para Psicologia. Para suportar as suas despesas pessoais, aceita como trabalho a limpeza dos gabinetes da Universidade, bem como a vigilância dos ratos brancos dos laboratórios de Neurologia. Doutorou-se depois em Neuropsicologia, defendendo uma tese sobre a relação entre o comportamento dos ratos de laboratório e o sistema nervoso central (http://pt.wikipedia.org/wiki/John_B._Watson).
Ao definir o comportamento como o objeto de estudo da Psicologia, ele “dava a esta ciência a consistência que os psicólogos da época vinham buscando — um objeto observável, mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p.57). Essa foi uma das colaborações do Behaviorismo à Psicologia, pois isso fez com que ela fosse considerada uma ciência, desmembrando-se, assim, da Filosofia.
Para Watson havia a necessidade de defender:
uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, isto é, o comportamento deveria ser estudado como função de certas variáveis do meio. Certos estímulos levam o organismo a dar determinadas respostas e isso ocorre porque os organismos se ajustam aos seus ambientes por meio de equipamentos hereditários e pela formação de hábitos. Watson buscava a construção de uma Psicologia sem alma e sem mente, livre de conceitos mentalistas e de métodos subjetivos, e que tivesse a capacidade de prever e controlar anteriores (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p.58).
Percebe-se, com isso, que Watson trabalhava com a objetividade, sendo influenciado pela doutrina positivista de Comte.
Havia, portanto uma forte influência do positivismo, principalmente o de Auguste Comte (1798-1857), filósofo Francês do século XIX, recriminou severamente as correntes mentalistas de sua época, inclusive algumas da própria Psicologia, além de ter primado metodologicamente pela experimentação, principalmente pela descrição, o controle e a predição dos fenômenos estudados (http://analiseesintese.blogspot.com/2007/03/um-breve-cenrio-histrico-do.html).
Outro estudioso que contribuiu com o comportamentalismo foi Burrhus Frederick Skinner (1904-1990). Sua teoria ficou conhecida como Behaviorismo radical, “termo cunhado pelo próprio Skinner, em 1945, para designar uma filosofia da Ciência do Comportamento (que ele se propôs defender) por meio da análise experimental do comportamento” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p.57). É autor das teorias do comportamento respondente e operante. O comportamento respondente é a resposta não voluntária ao meio, ou seja, estímulo-resposta (ambiente-pessoa). Toma-se como exemplo a cebola quando provoca lágrimas involuntárias em que a corta em fatias. O comportamento operante “inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor” (KELLER apud BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p.61). Ler, escrever um texto, são exemplos de comportamento operante.
Assim, percebe-se que o Behaviorismo analisa as interações do homem com o ambiente, bem como a resposta que o sujeito dá ao estímulo produzido pelo ambiente.
Diante disso, Skinner desenvolveu a teoria do reforçamento, em que reforço “significa toda conseqüência que, seguindo uma resposta, altera a probabilidade futura de ocorrência dessa resposta” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999, p.63). O reforço pode ser positivo (um fato que apresenta uma grande chance de ter sua resposta futura repetida) ou negativo (um fato que apresenta uma grande chance de ter a resposta futura removida ou diminuída). Skinner também criou as classes de reforços. Os reforços podem ser: primários (água, comida, carinho), secundários (o som de uma campainha anunciando o intervalo de aula) e generalizadores (dinheiro, promoção).
Ressalta-se que há outras teorias significativas de Skinner, porém o objetivo aqui é fazer uma comparação entre as duas abordagens acima citadas: Psicanálise e Behaviorismo. Portanto, observa-se que ambas contribuem para a Psicologia ao analisarem o comportamento humano de acordo com seus respectivos objetos de estudo.
Elas se aproximam ao analisarem o comportamento humano, mas divergem porque a primeira analisa sob a perspectiva do inconsciente, e a segunda, da consciência. A psicanálise trabalha de forma subjetiva, já o Comportamentalismo, objetivamente. Nesse aspecto, elas se distanciam, sem que isso as torne menos ou mais importante do que a outra.
* Pulsão é um impulso de natureza tipicamente humana, que se difere do instinto, pois não se preocupa com a sobrevivência, mas, sim, com o prazer. A pulsão se constitui por duas partes: a representação e o afeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
FREUD. Contexto Histórico. Disponível em: < http://www.webartigos.com/articles/46925/1/O-INCONSCIENTE-EM-FREUD/pagina1.html#ixzz1QVW2HfqD>. Acesso em: 27 jun. 2011.
JOHN B.WATSON. Biografia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/John_B._Watson>. Acesso em: 27 jun. 2011.
BEHAVIORISMO. Contexto histórico. <http://analiseesintese.blogspot.com/2007/03/um-breve-cenrio-histrico-do.html>. Acesso em: 27 jun. 2011.