Telefonia Celular e Banda Larga: Serviços caros e de má qualidade no Brasil
Samuel Finley Breese Morse tinha pronto o protótipo de um aparelho de telegrafia em 1835. Levou mais 3 anos aperfeiçoando-o e criando um código apropriado, que permitisse funcionalidade à transmissão e a recepção de um texto (o Código Morse), o que conseguiu lá pela metade de 1938.
Decorreram mais 5 anos, consumidos em ajustes e negociações – comerciais e políticas – até o Congresso dos Estados Unidos, em 1843, aprovar a liberação de verbas para implantação do sistema inventado por Morse.
Então, com dinheiro, o processo para a operacionalização efetiva de uma linha de telégrafo se acelerou. No dia 24 de maio de 1844 estava concluída e foi inaugurada a linha ligando a cidade de Baltimore, em Maryland à Washington, DC. A primeira frase transmitida foi What hath God wrought! (Que obra fez Deus!), provavelmente graças à hipocrisia cristã americana, não fosse o atual presidente, John Tyler Jr, pertencente aos quadros do Partido Whig (inspirado no homônimo britânico), com ligações claras com o Protestantismo Calvinista Presbiteriano.
Com a primeira linha funcionando, bastaram mais 10 anos para que cerca de trinta e sete mil quilômetros de linhas telegráficas se estendessem por todo território americano.
Resumo da história: em menos de 20 anos passou-se de um protótipo à realidade prática. O advento do telégrafo operou grandes transformações na vida dos Estados Unidos, promovendo expressivo impulso nos transportes, nas finanças e na integração nacional, principalmente com a interiorização para o Oeste.
Foram apenas 19 anos. E isto na primeira metade do século XIX, quando a tecnologia engatinhava e somente se desenvolvia graças ao empenho de homens como Samuel Morse.
Tracemos agora um paralelo com a chamada telefonia celular no Brasil.
A Telefonia móvel chegou à Pindorama em 1972. Era um sistema com tecnologia americana denominada Improved Mobile Telephone System - IMTS e foi implantado em Brasília, com inexpressivos 150 terminais.
Temos então, daí para frente, 18 anos perdidos na burocracia ministerial e na lentidão tecnocrata do Ministério das Comunicações.
Em 1990 o Rio de Janeiro recebe os primeiros serviços de telefonia móvel celular, operados pela empresa estatal Telerj, que só valia pela novidade que representava, tão rudimentar que era.
Finalmente em 1997, aberto o mercado de telefonia móvel no país, chegaram novas tecnologias – o Code Division Multiple Access - CDMA e o Time Division Multiple Access - TDMA – mas ainda analógicas. Logo depois vieram os digitais, o chip e agora mais recentemente a 3G.
De 1972 à 2009 temos decorridos 37 anos. Mesmo com toda tecnologia disponível, o que temos no Brasil é uma telefonia móvel celular de má qualidade, cara, com péssimo atendimento ao cliente e sem perspectivas de melhoras a curto prazo.
Aqui, na segunda mais importante cidade brasileira, que recentemente sediou os Jogos Panamericanos e que vai sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, fazer ou receber uma ligação de telefonia celular é uma loteria, o usuário tem que ficar se movimentando desordenadamente até encontrar sinal, e mesmo quando encontra tem dificuldades em completar a ligação.
Utilizar a banda larga para acesso à internet é outra tortura. Os nossos provedores vendem uma velocidade de transmissão de dados e nos fornecem uma outra, bem aquém da prometida, e pela qual pagamos muito caro.
O Governo Federal ressuscitou a velha Telebrás para administrar o chamado Programa Nacional de Banda Larga – Brasil Conectado, criado pelo Decreto n° 7.175, de 12 de maio de 2010, e que tem como objetivo ampliar o acesso à internet em banda larga no país. Como sempre nessas intervenções do Governo, temos muita abelha e pouco mel. Um ano se passou e não vemos nenhum resultado positivo no que se refere à banda larga.
Lá no norte, no século XIX, em menos de 20 anos a população viu surgir um serviço de telégrafo eficiente e de qualidade.
Aqui no sul, há quase 40 anos, do século XX ao XXI, esperamos por essa mesma eficiência e essa mesma qualidade na telefonia móvel celular na banda larga para acesso à internet. Será que um dia as teremos?
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