A um passo atrás.
Durante as últimas décadas a ciência evoluiu de forma considerável. Tudo o que parecia impossível vem encontrando explicação e as soluções - totais ou parciais - acontecem.
Do clipe ou da caneta tinteiro - sonho de consumo em seus dias-, ninguém se lembra; há menos tempo, o fax-símile, que foi o “boom” dos anos noventa é sufocado pelo e-mail assim como as correspondências via-papel que perduravam desde os pombos-correios.
Muitos avanços vieram e, segundo os descobridores, elas são para beneficiar o homem. Mas houve outras melhorias que não têm a mesma difusão entre a humanidade. O motor a explosão e a energia elétrica muitos ainda desconhecem. Outro feito catastrófico é o progresso da ciência militar. Adaptada a tanques e a aviões, nos anos sombrios ganhou versão teleguiada e o conhecimento humano desenvolveu verdadeiros flagelos. O capitalismo desenfreado, as disputas por poder, a quebra de tabus abriram novos horizontes científicos. Por outro lado, os feitos cobram da humanidade adaptações racionais que elas não conseguem assimilar.
A ciência avança entre as tribos indígenas, mas não é corriqueira nas favelas e guetos. Também é questionável o tempo em que ela gasta para dar suporte. Da máquina de escrever ao teclado foi uma eternidade; das experiências dos irmãos Lumière a fita VHS, ou do gramofone ao CD, foi de quase um século. A Aids se alojou a mais de trinta anos diante de sua cura. Outros anos foram necessários para erradicação da febre amarela, da paralisia infantil e, porque não dizer do câncer com sua diversidade que ainda é uma moléstia desconhecida. Contudo ainda persiste a dengue.
Hoje, quando se levanta, basta olhar os e-mails ou as notícias que os portais resumem para se ter uma idéia do que acontece no mundo. Reuniões em outras cidades? Com um simples toque as salas se juntam e em videoconferência tudo se resume. Se estiver em trânsito, têm-se o telefone celular –sonho das décadas passadas, que a realidade o tornou essencial nas nossas vidas.
No entanto, amparados por tantos avanços, surgem pessoas estressadas, vítimas de insônia, atrasadas, carecendo cada vez mais de carros mais velozes, apetrechos tecnológico (Palmtop, notbooks, pen drivesI, web cam, internete) de última geração para suportar a corrida diária, numa luta desesperada como se o dia tivesse 16 horas apenas.
Com o pretexto de que todo o avanço tecnológico está à disposição do homem, milhões são gastos diariamente em tecnologia que apenas corrige e não antecipa os fatos. As esperadas conquistas chegam quase sempre atrás dos sinais dos tempos, esse intransigente coordenador que manipula as pessoas como peças num tabuleiro causando-lhes quedas, perdas e conquistas inesperadas. Nesse embate muito se afirma, mas o certo é que nenhuma técnica, credo ou ciência convence de que a culta raça humana é capaz de gerir-se a si própria, e as conquistas, na verdade, são arranjos para corrigirem distúrbios que a sabedoria é incapaz de antever.