A Inovação tecnologica: novo cenario na escola do futuro

A INOVAÇÃO TECNOLOGICA: NOVO CENARIO NA ESCOLA DO FUTURO

Telma Bonifacio dos Santos Reinaldo

Esta reflexão surge no contexto das mudanças que se operam no mundo pós-moderno e principalmente no comportamento de pessoas que como eu não tinha a percepção de que o tempo não para, como nos cantou Cazuza. Falo de um lugar especifico: de professora que teve uma formação pautada no conteudismo dos anos oitenta e que enfrentou grandes dificuldades de ver as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) ocuparem um espaço que de há muito tempo esteve a ela reservado.

Tal lugar foi conquistado quando o homem das cavernas dominou a oralidade e nesse momento criou a primeira forma de comunicação entre os indivíduos e o mundo que o cercava; de lá até aqui temos acompanhado a evolução das tecnologias da informação e da comunicação, embora seja difícil para nós, sujeitos de uma escola verbalista onde a fala do professor tem sido o carro chefe da sala de aula, perceber que velhas ferramentas vão dando lugar a novos artefatos e novos cenários que pressupõem para nós modismo de uma época.

Na verdade a “moda” veio para ficar, não dá mais para conviver com a sisudez da sala de aula, temos que abrir janelas para o mundo através da informatização de nossos saberes. É imperativo que nós profissionais da educação repensemos nossas práticas no sentido de incorporar as tecnologias como recursos pedagógicos mediatizados pelo computador.

Como nos coloca Moran (2005:30), “o ensino a distancia não é algo novo, pois vem sendo realizado há muito tempo e utiliza como meios de comunicação o correio, o radio, a TV”, a revolução tecnológica iniciada com a utilização de microcomputadores e posteriormente da internet, começam a surgir algumas alternativas, tais como o Computer Basic Training (CBT), ferramenta para treinamento via computadores, destinada a distribuição de conteúdos, O Web Basic Training (WBT), os quais ofereceram vantagens com treinamento e instruções via Web.

Tal postura nos permite a promoção de uma aprendizagem significativa, que leve a promoção de atividades e praticas individuais ou grupais motivadoras, um saber baseado na pesquisa e na busca exploratória usando o potencial dos suportes e ferramentas multimeio que a Educação a Distancia nos oferece.

Esta interatividade envolve a possibilidade de trocas comunicacionais com pessoas em qualquer lugar do mundo, promovendo uma comunicação sincrônica e assincronica, entre alunos, professores, tutores de maneira rápida e eficaz, com independência dos espaços, tempo e recursos tecnológicos. Claro que os desafios são grandes e carecem de organização planejamento, administração acadêmica e infra-estrutura, mas tudo isso está ao alcance das instituições formadoras, que empenhadas no processo ensino-aprendizagem de boa qualidade lançam mão das oportunidades advindas da legislação educacional brasileira que a partir da LDB 9394/96 que abriu brechas para a implantação de cursos a distancia bem como curso presenciais com interface com cursos a distancia, segundo Belloni (2007:107),

Uma tendência significativa é evidentemente o investimento em tecnologias, não apenas em equipamentos, mas também nas pesquisas de metodologias adequadas e na formação para o seu uso como ferramenta pedagógica. A necessidade de investimentos importantes nesta área é crucial pois trata-se de investimentos iniciais elevados e benefícios de médio e longo prazo (BELLONI, 1999).

Sendo a informação um subsidio para a construção do conhecimento, o uso das TICs chegou para revolucionar as formas de ensinar e de aprender, pois por meio dela é possível disponibilizar a informação necessária no momento certo, de acordo com o tempo e interesse de cada individuo, assim temos a mudança de paradigma impulsionado pelo grande poder de interação que ela propicia.

O ensino a distancia (EAD) é então um processo que enfatiza a construção e a socialização do conhecimento, assim como a operacionalização dos princípios e fins da educação, visto que qualquer pessoa, independente de classe, etnia ou credo torna-se agente de sua própria aprendizagem, com o uso das ferramentas de comunicação e o trabalho colaborativo.

Com o desenvolvimento desta modalidade de ensino, foi criada, em 1995, a Secretaria de Educação a Distância (SEED), no MEC, com o objetivo de “levar para a escola pública toda a contribuição que os métodos, técnicas e tecnologias de educação a distância podem prestar à construção de um novo paradigma para a educação brasileira” (Faria, 2006). Coerente com esse propósito, a SEED/MEC desenvolve ações como a TV Escola, o PROINFO (Programa Nacional de Informática nas escolas), o PAPED (Programa de Apoio à Pesquisa em EAD), o DVD Escola, a Rádio Escola, Domínio Público, a RIVED (Rede Interativa Virtual de Educação) e tantas outras iniciativas que demonstram a intenção governamental de investir, cada vez mais, em tecnologia educacional e na EAD no Brasil.

A comunicação mediada por computador (CMC) deu origem as comunidades virtuais de aprendizagem (CVA), que são formadas por redes sociais que interagem por meio da internet, são na verdade redes eletrônicas de comunicação interativa autodefinida, organizadas em torno de um interesse ou finalidade compartilhadas, possibilitando alcançar diferentes interesses, valores e imaginações devido sua multimodalidade e versatilidade.

Para Palloff (1999), as comunidades virtuais são formadas a partir de afinidades de interesses, de conhecimentos, de projetos e valores de troca, estabelecidos em um processo de cooperação, ou seja, um processo em ação. As instituições educativas por meio de suas comunidades virtuais de aprendizagem contribuem segundo Castells (1999), “para o desenvolvimento de uma nova economia de mercado: o conhecimento, quando utiliza a informação presente na sociedade em rede”.

A educação a distância, oferecida de uma forma sistematizada como hoje a entendemos, é um fenômeno recente na história educacional brasileira. Seu reconhecimento como modalidade de ensino detentora de status legal somente ocorreu com a edição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996

Embora ainda não tenha merecido um capítulo próprio na LDB, foi contemplada com um artigo (art. 80), inserido no penúltimo título da referida lei, destinado às “Disposições Gerais”, que trata da “Legislação Básica Referente à EAD”, somente em 1998 surgiu uma legislação específica para a educação a distância – o Decreto nº 2.494 –, que regulamentou o mencionado art. 80 da LDB.

Portanto, no final deste ano de 2010, a EAD no Brasil estará completando apenas 14 anos desde sua inserção na LDB. Não se pode deixar de reconhecer que muito antes já havia programas de ensino a distância, representados por cursos profissionalizantes por correspondência, como os do Instituto Técnico Monitor, cursos via rádio, como o do Projeto Minerva e, mais tarde, cursos por meio da TV, como os telecursos da Fundação Roberto Marinho e da TV Escola, dentre outros. Foram importantes iniciativas, pioneiras, mas não chegavam a configurar uma “modalidade de ensino” oficialmente aprovada e disponibilizada largamente à sociedade brasileira.

A criação da proposta curricular de cursos na modalidade de educação a distância originou-se com base nos critérios de qualidade explicitados no site do MEC (http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf). Os indicadores apresentados visam a qualificar a EAD e orientar as instituições educacionais sobre as condições necessárias para viabilizar essa modalidade de ensino de maneira “responsável, criativa, crítica, solidária e competente; e não massificada ou manipulativa”, como indicam os referenciais.

Nesse sentido, o Parecer CNE/CES n. 63/03, a Portaria MEC 4.361/04 e o Decreto Federal 5.622/05 estabelecem que a autorização e o reconhecimento pelo MEC; bem como o credenciamento da IES para atuar com a EAD são critérios essenciais para o desenvolvimento de cursos e programas nessa modalidade de ensino.

Segundo o Decreto Federal n. 5.622/05,

...os cursos e programas a distância poderão aceitar transferência e aproveitar estudos realizados pelos estudantes em cursos e programas presenciais, da mesma forma que as certificações totais ou parciais obtidas em cursos e programas a distância poderão ser aceitas em outros cursos presenciais ou a distância” (§ 2º art.3º).

A possibilidade de migrar de uma modalidade de ensino a outra se deve ao fato de ambas serem autorizadas e reconhecidas oficialmente, não havendo, portanto, discriminação quanto à forma.

Em 2005, o Fórum das Estatais pela Educação criou a Universidade Aberta do Brasil (UAB),

para a articulação e integração de um sistema nacional de educação superior a distância, em caráter experimental, visando sistematizar as ações, programas, projetos, atividades pertencentes as políticas públicas voltadas para a ampliação e interiorização da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade no Brasil.

O Sistema Universidade Aberta do Brasil é uma parceria entre consórcios públicos nos três níveis governamentais (federal, estadual e municipal), a participação das universidades públicas e demais organizações interessadas (http://www.uab.mec.gov.br).

O Sistema UAB, criado em 2005, foi oficializado em 2006 pelo Decreto n. 5.800 de 8 de junho de 2006, visando o “desenvolvimento de projetos de pesquisa e de metodologias inovadoras de ensino, preferencialmente para as áreas de formação inicial e continuada de professores da educação básica” (ABRAEAD, 2007, p. 19).

Percebe-se que a EAD, com o uso da tecnologia, surgiu como uma alternativa ao ensino convencional, possibilitando a aquisição de conhecimentos a diferente e distantes segmentos da sociedade. O que antes se destinava às classes sociais médias e altas, devido aos custos e à exigência de computador e linha telefônica, tornou-se, aos poucos, mais acessível, devido à popularização dos recursos e ao incentivo governamental, expandindo-se cada vez mais, inclusive para cursos semipresenciais.

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