O Amor, segundo Jocax
O Amor Romântico e a Paixão
Joao Carlos Holland de Barcellos (jocax)
"O Amor é um instinto, programado em nós pelos genes, para fazer o Controle de Qualidade da pessoa que poderá ser o pai /mãe de nosso(s) filho(s)" (jocax).
Podemos então concluir que:
1-O amor é um instinto.
O amor é um instinto. Isso significa que o amor não é diretamente controlado por nossa vontade consciente. Devo enfatizar que a palavra “instinto”, do modo a que aqui me refiro, significa desejos, impulsos ou reflexos, em suma, algoritmos mentais que são moldados em nossos cérebros por uma prescrição codificada nos genes. Um instinto eventualmente também pode ser modulado pelo ambiente, isto é, sua força depende também das circunstâncias em que o organismo está inserido. Por isso, são também conhecidos como regras epigenéticas. De qualquer modo, os instintos, como sentimentos, estão fora de nosso controle consciente, não podemos escolher o que iremos sentir, quando iremos sentir, nem por quem iremos sentir, mas tão somente, e nem sempre, inibir conscientemente as ações que eles nos induzem a praticar.
Sendo o amor um instinto, fica implicado que ele também seja hereditário. Mas isso não significa que o objeto do amor seja determinado exclusivamente pela genética. Como disse antes, os algoritmos mentais podem ser modulados pelo ambiente, ou seja, a cultura local pode fixar alguns valores que influenciarão os algoritmos mentais na determinação do objeto amado. Acredito, entretanto, que a maioria dos traços que influenciam o amor é fixada geneticamente. Alguns traços são sempre valorizados, independentemente da cultura ou época, por exemplo: a beleza, inteligência, caráter e saúde sempre terão forte influência no grau do amor, mas a proporção necessária de cada traço para disparar o instinto – e fazer a pessoa amar - varia de pessoa para pessoa, e tal variabilidade pode sofrer também a influência do ambiente (da cultura), de modo a favorecer mais um determinado traço que outro.
2-O amor é um instinto para fazer o controle de qualidade.
Muitos ainda se enganam que o “objetivo” dos seres vivos é perpetuar a espécie. Não é. O objetivo de todo ser vivo é perpetuar os genes, seus próprios genes. Se o objetivo dos genes fosse a espécie, não haveria conflito entre os membros de uma mesma espécie.
Perpetuar significa sobreviver ao tempo, atravessar as gerações. Isso significa que a qualidade do portador dos genes é essencial. Nossos genes irão se juntar aos do sexo oposto e formar outro ser. Se os genes que forem se juntar aos nossos, em nossos filhos, não tiverem “qualidade” suficiente, nossos genes poderão não sobreviver ao tempo evolutivo, e isso pode significar não sobreviver à competição com outros indivíduos, ou então não conseguir conquistar parceiros sexuais para ter filhos, ou ainda não conseguir parceiros de qualidade. Assim, o controle de qualidade é necessário aos genes para manter seu “intento” de imortalidade.
Além disso, a qualidade da prole não se dá apenas através dos genes do parceiro. Pouco adianta aos genes termos muitos descendentes se estes não sobreviverem a uma única geração por, por exemplo, não estarem preparados física ou culturalmente. Existe, portanto, um compromisso entre qualidade e quantidade. Em geral, quanto maior a quantidade, menor tende ser a qualidade. O inverso, também é verdadeiro: quanto menos filhos, maiores são os cuidados e maior o investimento per capita, portanto, maior a qualidade de cada um, aumentando a possibilidade dos genes atravessarem as gerações.
3- O objetivo do amor é gerar filhos.
O objetivo do amor é gerar filhos, pois é principalmente através de filhos que os genes saltam de uma geração à outra em sua “busca” pela imortalidade. Isso explica a razão direta entre o amor e a sexualidade, a libido, entre o amor e o querer a pessoa sempre perto, e explica também o ciúme. O ciúme é uma forma de garantir e, principalmente, manter o parceiro amado como futuro provedor dos gametas (óvulos/espermatozóides) a que nossos genes unir-se-ão. É também a razão da velhice ser tão temida pelas mulheres: os homens, instintivamente, preferirão as mais jovens, com sinais de fertilidade (mesmo que eles não queiram conscientemente ter filhos), e isso é percebido pelas mulheres que, desesperadamente, lutam "contra" a velhice.
E é por este motivo também que a velhice nos homens não é tão trágica quanto tem sido, psicologicamente, para as mulheres: os homens têm quase o dobro do período fértil que a mulher tem, por isso não sofrem a mesma pressão por parte do sexo oposto como as mulheres sofrem.
Por que então não nos apaixonamos por pessoas de, ao menos aparentemente, alta qualidade, como musas de grande beleza ou artistas famosos? Porque, embora pareçam ter ótimos genes, eles estariam muito além de nossas reais possibilidades, e por isso os instintos não se deixam enganar por estas ilusões, já que dificilmente poderiam gerar filhos conosco.
Em resumo: o amor romântico serve como um filtro de qualidade para que façamos uma boa escolha do parceiro(a) que poderá unir seus genes aos nossos com a finalidade de gerar filhos.
2.0 - A Paixão, segundo Jocax
A paixão é uma forma de amor romântico. A paixão é o sentimento amoroso em um grau extremo, e, quase sempre, mesclado com muita imaginação.
A paixão se caracteriza pelo desejo obsessivo pelo ente amado. Esta obsessão, muitas vezes, se dá pelo fato de que, não se conhecendo todos os aspectos da pessoa amada, estes aspectos são preenchidos com a própria imaginação da pessoa apaixonada, que enaltece qualidades que, na realidade, podem não existir.
Por isso, muitas vezes, a paixão esvai-se tão repentinamente quanto chegou: quando os aspectos imaginados são substituídos pelos reais, que nem sempre correspondem aos anteriormente imaginados. Isso acontece à medida que a pessoa vai conhecendo, de fato, seu objeto de amor e substituindo a imaginação pela realidade.
Entretanto, pode acontecer também que as características inicialmente imaginadas, sejam confirmadas pelo tempo: a paixão consolida-se então como um amor verdadeiro e duradouro.
Como uma forma de amor, a paixão também visa à perpetuação genética, e por isso ela também é um sentimento ligado ao desejo sexual. Assim como o amor, a paixão mede, principalmente, a qualidade genética do ser amado, só que esta qualidade estimada nem sempre é real, pois pode estar mesclada a aspectos imaginários sobre o ente amado.
A qualidade genética induz à paixão porque aumenta a possibilidade de perpetuação genética do ser que ama, mas existem outros fatores que podem também aumentar isso, como, por exemplo, a riqueza. A riqueza também capacita a sobrevivência dos filhos e netos, e, embora possa não ser considerada digna pela sociedade para ser motivo de amor, esta é, na verdade, um fator que aumenta a capacidade de sobrevivência genética, e isso pode também ser avaliado pelos instintos que induzem à paixão. A riqueza pode parecer um jogo de interesses, mas, na verdade, nem sempre é assim. Pode ser a gota d água que faz despertar a paixão. Além disso, como quase todos buscam, com maior ou menor empenho, certo grau de riqueza ou de conforto material, segue que os que o possuem são considerados “vencedores” nesta competição, e, portanto, portadores também genes que capacitaram a conquista de sua fortuna, e isso é mais uma evidência para os genes de quem ama de que a pessoa amada também tenha genes qualificados.
Assim, não é impossível que uma paixão possa ser substituída por outra, uma vez que este outro ser pode ter mais qualidades que o primeiro e, portanto, o alvo da paixão pode mudar de destino.
A paixão é portanto perigosa, pois, por trazer junto de si aspectos imaginários, corre-se o risco de tomar decisões equivocadas. Por outro lado, talvez seja o único modo de pessoas excessivamente tímidas, ou de relacionamento difícil, romperem sua barreira de timidez e acanhamento e poderem ter filhos. Neste caso, acredito que a paixão será tanto maior, e mais freqüente, quanto mais tímida for a pessoa. Isso se deve ao fato de que se a timidez tem origem genética, a única maneira da pessoa se libertar, e se envolver sexualmente com outra, seria através de um sentimento mais poderoso que sua timidez.
A paixão, como uma forma de amor, também está relacionada à geração de filhos, por esta razão é muito comum homens mais velhos se apaixonarem por mulheres bem mais novas, em idade de alta fertilidade: os genes do homem "percebem" que terão alta probabilidade de se perpetuarem. Então, a paixão se instala em sua mente para que o corpo corra atrás do objetivo gene-perpetuativo. Note, porém, que deve haver algum tipo de recepção por parte da jovem para que isso ocorra, já que se a mulher não der algum indício de receptividade ao homem, os instintos percebem uma "chance zero de cópula" e podem desistir de "possuir" o corpo e a mente com a paixão. Portanto, casos de paixões entre homens mais velhos e mulheres bem mais jovens são previsíveis e reais, mas para ocorrerem, como em toda paixão, em geral, a mulher deve fornecer algum indício de interesse que possa ser percebido pelo homem.
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