MIMACRO - Indagações de uma mente inquieta
Flagradas, duas galáxias conversavam no interior
de um laboratório qualquer no universo:
--- Descobriram um novo parasito. Disse uma delas.
--- Ah, é? Identificaram-no?
--- Sim... da família dos Hominídeos, espécie Homo sapiens!
--- Interessante.
...Levanto os olhos, perscrutando as insondáveis distâncias, vejo-as desafiando a própria luz! Essa mesma luz, penetrando-lhes o gélido éter abismoso de suas entranhas, percorre indefinidamente incontáveis milênios, tornando-os testemunhas indiferentes de sua trajetória infindável. Das grandes estrelas, vejo hoje apenas os espectros brilhantes de suas almas, quando seus corpos gasosos, embalados na imensidão, já se perderam no tempo e no espaço que não percebo. As luzes que vejo agora são reflexos de uma situação passada, um falso firmamento é o que vejo.
Aqui, da longínqua terra --- vista como um minúsculo pontinho de caneta numa grande folha em branco, tida por muitos como um ser vivo --- deslocada que está nas bordas de uma, entre bilhões de galáxias, surpreendo-me, por sua vez, dada a minha insignificância em relação a ela. Mesmo assim, aprecio e conjeturo sobre as belezas da profundidade dos céus. Meu Criador fez-me infinitamente pequeno quando fez a terra e o universo; fez-me, entretanto, universalmente grande ao fazer os pequeninos seres microscópicos. Dizem que sou um universo em miniatura!
Sondo a grande galáxia e a concebo tal qual um corpo humano; não poderia um pequenino ser sondar e especular algo semelhante, entranhado no homem universo? Penso eu.
---Lá está a lucipotente Aldebarã, as magníficas Plêiades!...estaria eu, com as minhas reconhecidas limitações, a observar uma das pernas da grande galáxia? Ou quem sabe alguma região de sua barriga? Ou, talvez, quem sabe, a palma de sua mão, ou ainda, a extremidade da falangeta de seu dedo mínimo? Tudo é possível! O pequeno ser, no entanto, hospedado em meu pé, com o seu pretenso senso de especulação dedutiva, o que verá? Sua percepção irá aos meus tornozelos? Remexendo entre fibras, sangue, outros elementos macro e microscópicos, o que ele poderá admirar neste local do universo humano?...
Medito, extasiado, para além das fronteiras cognoscíveis, para o infinito daquilo que os mais potentes e sensíveis instrumentos astronômicos conseguiram captar ou simplesmente levar a deduzir, ou mais, transfiro o meu êxtase para muito além do regurgito dos buracos negros: o ômega do infinito, vamos assim dizer. Estaria lá, a razão de tudo? O trono do Amor Criador, o profundo mistério que sempre fascinou a humanidade?
O serzinho, em mim, pequeno e grande universo, mexe e remexe no afã de especular o que vai além de meus pés, suponho. Mas, se por um tino de genialidade puder intuir as funções de minha zona cerebral, por exemplo? Entenderia ele, ser ali, a propalada região celestial? A hipófise, seria ela um enviado de Deus, ou até Ele mesmo --- o Próprio--- quem sabe?
Afinal, nós, os humanos, não temos essa percepção que a morada celeste está acima?
A par de tantas observações nas quais foram sequer imaginados, os corpos transcendentes do universo humano pigarreiam insistentemente tentando dar conta de suas presenças até então ignorados. Por seu turno, o serzinho, em sua cega investida para o interior do pé, continua mexendo e remexendo, eventualmente prestes a adentrar um dos capilares da cava inferior.
Já o grande universo --- frio e indiferente --- estará a observar e a matutar o quê?
Flagradas, duas galáxias conversavam no interior
de um laboratório qualquer no universo:
--- Descobriram um novo parasito. Disse uma delas.
--- Ah, é? Identificaram-no?
--- Sim... da família dos Hominídeos, espécie Homo sapiens!
--- Interessante.
...Levanto os olhos, perscrutando as insondáveis distâncias, vejo-as desafiando a própria luz! Essa mesma luz, penetrando-lhes o gélido éter abismoso de suas entranhas, percorre indefinidamente incontáveis milênios, tornando-os testemunhas indiferentes de sua trajetória infindável. Das grandes estrelas, vejo hoje apenas os espectros brilhantes de suas almas, quando seus corpos gasosos, embalados na imensidão, já se perderam no tempo e no espaço que não percebo. As luzes que vejo agora são reflexos de uma situação passada, um falso firmamento é o que vejo.
Aqui, da longínqua terra --- vista como um minúsculo pontinho de caneta numa grande folha em branco, tida por muitos como um ser vivo --- deslocada que está nas bordas de uma, entre bilhões de galáxias, surpreendo-me, por sua vez, dada a minha insignificância em relação a ela. Mesmo assim, aprecio e conjeturo sobre as belezas da profundidade dos céus. Meu Criador fez-me infinitamente pequeno quando fez a terra e o universo; fez-me, entretanto, universalmente grande ao fazer os pequeninos seres microscópicos. Dizem que sou um universo em miniatura!
Sondo a grande galáxia e a concebo tal qual um corpo humano; não poderia um pequenino ser sondar e especular algo semelhante, entranhado no homem universo? Penso eu.
---Lá está a lucipotente Aldebarã, as magníficas Plêiades!...estaria eu, com as minhas reconhecidas limitações, a observar uma das pernas da grande galáxia? Ou quem sabe alguma região de sua barriga? Ou, talvez, quem sabe, a palma de sua mão, ou ainda, a extremidade da falangeta de seu dedo mínimo? Tudo é possível! O pequeno ser, no entanto, hospedado em meu pé, com o seu pretenso senso de especulação dedutiva, o que verá? Sua percepção irá aos meus tornozelos? Remexendo entre fibras, sangue, outros elementos macro e microscópicos, o que ele poderá admirar neste local do universo humano?...
Medito, extasiado, para além das fronteiras cognoscíveis, para o infinito daquilo que os mais potentes e sensíveis instrumentos astronômicos conseguiram captar ou simplesmente levar a deduzir, ou mais, transfiro o meu êxtase para muito além do regurgito dos buracos negros: o ômega do infinito, vamos assim dizer. Estaria lá, a razão de tudo? O trono do Amor Criador, o profundo mistério que sempre fascinou a humanidade?
O serzinho, em mim, pequeno e grande universo, mexe e remexe no afã de especular o que vai além de meus pés, suponho. Mas, se por um tino de genialidade puder intuir as funções de minha zona cerebral, por exemplo? Entenderia ele, ser ali, a propalada região celestial? A hipófise, seria ela um enviado de Deus, ou até Ele mesmo --- o Próprio--- quem sabe?
Afinal, nós, os humanos, não temos essa percepção que a morada celeste está acima?
A par de tantas observações nas quais foram sequer imaginados, os corpos transcendentes do universo humano pigarreiam insistentemente tentando dar conta de suas presenças até então ignorados. Por seu turno, o serzinho, em sua cega investida para o interior do pé, continua mexendo e remexendo, eventualmente prestes a adentrar um dos capilares da cava inferior.
Já o grande universo --- frio e indiferente --- estará a observar e a matutar o quê?