O BLACKOUT DO CONHECIMENTO

Qualquer um de nós na condição de cidadão comum que necessita do funcionamento mínimo das instituições, sejam elas públicas ou privadas, hoje se depara com grandes dificuldades para fazer valer seus direitos, bem como para desfrutar dum atendimento pautado no conhecimento técnico que permita o funcionamento otimizado dos serviços de maior necessidade.

No domingo de Carnaval lembro-me que passei os olhos na manchete da folha de São Paulo que destacava o decréscimo do preenchimento das vagas de trabalho que exigem um nível maior de aprendizado, escolaridade e formação tecnológicos.

E no nosso funcionamento diário basta se prestar atenção para que no dia a dia essa condição social se escancare dramaticamente aos nossos olhos.

O problema se espelha em todas as áreas do conhecimento.

Hoje os cargos de gerências dos diversos setores que em última análise deveriam ser ocupados por pessoas com conhecimentos e treinos suficientes especializados para gerir pessoas e serviços bem como seus problemas e soluções, são ocupados na sua maioria por profissionais não qualificados para tal, o que na maioria das vezes geram maiores conflitos e insatisfações no atendimento às pessoas.

Vemos a situação crítica no dia a dias das nossas vidas desde as nossas necessidades mais simples até nossas demandas mais complexas.

Situações que ocorrem nos bancos, nos supermercados, nos serviços de sáude, na previdência, nas escolas, nas universidades, na prestação de serviços autônomos, e para exemplificar, pouco antes de aqui escrever,solicitei à telefônica um número duma empresa, e o número que me foi dado jamais pertenceu à instituição que eu procurava.

Enfim, uma bagunça!

A onda agora é política em tudo!

Basta se ser político e num passe de mágica todos os leigos se transformam em grandes técnicos, doutores...e gerentes de tudo! É o melhor curriculum!

Eu não sei aonde vamos parar.

Sempre que falamos em PIB que é a medida da somatória dos bens e serviços produzidos no país, portanto um PIB QUANTITATIVO, PENSO QUE SERIA INTERESSANTE QUE TIVESSEMOS UM "PIB QUALITATIVO", OU SEJA, A CAPACIDADE DE SE MEDIR A QUALIDADE DOS BENS E SERVIÇOS PRODUZIDOS E PRESTADOS. Desconfio que o resultado seria catastrófico.

Se falarmos em educação então...seria a catástrofe número um.

Pior do que qualquer terremoto.

Do outro paradoxal lado, canso de ouvir de algumas pessoas que ousaram e apostaram na sua formação, reclamarem que nas entrevistas de emprego estão muito além das exigências para o preenchimento dos cargos. São reféns do seu conhecimento, portanto.Absurdo!

Então se de um lado faltam técnicos, de outros sobram os poucos que detêm os conhecimentos em demasia para os cargos oferecidos.

Preocupante.

Tanto se fala em crescimento, porém...

Fica difícil acreditar em desenvolvimento social com esse blackout do conhecimento que se implantou progressivamente no país, e do qual parece que dificilmente sairemos, embora os discursos sempre digam o contrário.

Se discurso salvasse a pátria...