O Principal Motivo do Sucesso de Roberto Bolaños (Chespirito)
Com certeza você já se perguntou ou viu alguém tentando explicar os motivos que levam os programas do Roberto Gómez Bolaños (Chespirito) fazerem sucesso até hoje, não é mesmo? Mas essas teses costumam ser bastante rasas:
"O Chaves faz sucesso porque é um humor infantil e sem apelação."
Okay. Mas existiram quantos programas infantis, inclusive que tentaram copiá-lo, que não deram certo? Muitos!
"O Chespirito é bom porque os atores eram engraçados."
Tinha atores muito bons, sem dúvida. Porém alguns deles tentaram carreira solo que não deram certo, ou que até deram devido ao uso dos personagens já eternizados nos programas do Chespirito.
"O uso repetido dos bordões pode ser o motivo do êxito."
Se fosse por isso, o extinto Zorra Total e o Federrico, programa estrelado pelo Carlos Villagrán que tentou usar os mesmos estereótipos dos personagens do Chaves, seriam aclamados pelo público até hoje.
"O formato do Chaves de utilizar apenas um cenário (a Vila) e de ter personagens que caíram no gosto do público, faz toda a diferença"
Ué, o Chapolin tem personagens e cenários variados e também faz um grande sucesso.
Então, qual a conclusão que eu chego? Acredito que um clássico nunca é um clássico por apenas um motivo. Ou seja, acredito que os programas do Chespirito fizeram e fazem muito sucesso por uma junção de coisas.
Todavia, eu gostaria de exaltar o que para mim é o principal motivo de todos e que é pouco citado: O ROTEIRO.
Além de todas as muitíssimas qualidades que o gênio Bolaños tinha, ele era um ótimo leitor e escritor.
"Bolaños se achava gênio porque sabia fazer roteiros" Carlos Villagrán.
A estrutura das histórias de Bolaños chega a ser óbvia, porém poucos conseguem fazer com maestria. Ele simplesmente pega um ou mais temas e pensa no máximo de piadas possíveis para colocar num episódio.
Um exemplo claro podemos conferir no episódio "Quico Doente". Com o tema resfriado, ele nos faz ficarmos presos na telinha enquanto destrincha todas as possibilidades, desde piadas com remédios, leito, termômetro, até marteladas no joelho.
Muitas vezes, ele fazia a mesma piada várias vezes seguidas caso ele achasse que poderia mudar a ótica da graça, dando, assim, outra versão.
No episódio do Chapolin "Os Piratas", ele nos presenteia duas vezes com a mesma piada feita de maneira diferente: "Você tem um minuto para sair daqui. Pode ficar mais um pouquinho" e "Posso saber a que horas vai parar de rir? A hora que me der vontade. Mas nem um minuto a mais."
Num dos episódios do Pancada Bonaparte, Chespirito faz diversas piadas inteligentes sobre uma galinha que ele trouxe consigo. As palavras "canja" e "pintinho" foram muito bem usadas no texto em questão.
Uma simples brincadeira das crianças da vila parece ser o motivo do sucesso em si, como já citado. Mas o que muitas vezes ninguém percebe é que na cena de abertura dos episódios já é colocado o tema principal para o espectador como podemos ver no capítulo "Concurso de Beleza", onde o tema já começa a ser discutido pelas crianças enquanto brincam de jogar beisebol.
Já no episódio "A Sociedade - Parte 2", onde o Midpoint, ou ponto de virada central, foi as crianças incomodando na porta da Dona Florinda, enquanto ela prepara a massa dos churros, sempre sobrando, claro, para o Seu Madruga. Porém, isso já nos foi "dado a letra" que aconteceria logo no início do episódio quando o Seu Madruga pergunta para a Dona Florinda quando os churros ficariam prontos e ela responde "Já vou avisando que não gosto que me pressionem. Entendeu bem?"
Também gosto quando o Bolaños troca os protagonistas dos episódios, muitas vezes colocando o Seu Madruga ou o Quico como principais nos episódios de Chaves, ou naqueles de terror do Chapolin em que a Florinda começa como a protagonista medrosa, mas logo torna-se a mais corajosa quando chega o Chapolin para substituí-la no protagonismo.
Portanto, são muitos os motivos que poderíamos colocar como imprescindíveis para o sucesso dos programas do Bolaños, mas, no meu ranking, o roteiro dele está no topo da lista em disparado.