Televisão: estariam obsoletos os formatos existentes?

Toda vez que se abre a internet, pode se observar cerca de 5 ou mais notícias que giram em torno de um mesmo assunto: o IBOPE. A saber, IBOPE é a sigla para Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística. O Grupo IBOPE realiza pesquisas sobre os mais variados temas: mídia, opinião pública, política, consumo, comportamento, mercado, marca, propaganda, Internet, entre outros. E entre eles, faz a medição de audiência dos programas e canais de televisão.

Todos sabem que uma das grandes paranóias de apresentadores, diretores e proprietários de canais de televisão, é saber quantos pontos os programas dão no IBOPE. Há casos clássicos de programas que possuem uma tela diretamente ligada ao IBOPE para informar qual a pontuação minuto a minuto. Dado este que os apresentadores acompanham com uma avidez incomparável, chegando a mudar programas ao vivo no meio do caminho para buscar uma pontuação maior.

Mas, as principais vilãs atualmente em todos os canais de televisão abertos brasileiros hoje em dia são as telenovelas. Freqüentemente as notícias informam que sua audiência está cada vez mais decrescente, o que vem tirando o sono de diretores de núcleo, autores, atores e produtores, pois as novelas brasileiras são exemplo de alto padrão de qualidade, e portanto, possuem um alto custo para perderem sua audiência sistematicamente.

A pergunta é: o que está acontecendo com as telenovelas para perderem constantemente audiência? O que acontece com os telespectadores que estão deixando de assisti-las? Tenho uma opinião própria para a solução deste enigma: o cansaço do formato.

A telenovela brasileira existe desde o ano de 1951, quando surgiu na extinta TV Tupi de São Paulo. A primeira telenovela brasileira foi "Sua Vida me Pertence" de Walter Forster, dirigida pelo mesmo. Teve 20 capítulos com cerca de 15 minutos cada, que eram exibidos duas vezes por semana, ao vivo, às 20 horas. A novela estreou em 21 de dezembro de 1951 e durou até 15 de fevereiro de 1952. Alguns dos atores que participaram dessa produção foram: Vida Alves, Lia de Aguiar, Dionísio de Azevedo, Lima Duarte, além do próprio autor, Walter Forster. O primeiro beijo da televisão brasileira aconteceu nessa novela entre seus protagonistas.

De lá para cá, ou seja, há mais de 60 anos, a telenovela nunca mais deixou de existir. E mais: ganhou novos formatos, e novos e variados horários. Na década de 60, começaram os horários alternativos, quando se começou a exibir novelas às 17, 18, 19, 20 e 22 horas. Era uma nova trama, com outra direção, outros atores, a cada 2 horas. E essa grade de horários permanece até hoje, na maioria das emissoras. Haja poltrona pra tanta novela!

Uma novela atualmente, possui cerca de 200 a 250 capítulos, uma trama que se estende por 8 meses aproximadamente. E quem consegue acompanhar tantos capítulos? Com o advento da internet, das televisões a cabo, e a invasão dos conteúdos estrangeiros, parece que essa disposição de ver tramas tão longas está cada vez menor.

Não seria o momento das televisões reavaliarem seus formatos? Realmente ainda existe público para acompanhar por 8 meses uma história em 4 ou 5 horários diferentes? Novela das 17, das 18, das 19, das 21 e das 22 horas? A queda de audiência não estaria ligada a falta de paciência deste público com formatos tão extensos e repetitivos?

Creio que está na hora dos diretores, autores e produtores se voltarem para outros países e analisarem o que faz sucesso por lá. Quem sabe a criação de toda uma grade nova na televisão, com novas propostas, formatos, e durações, não traria de volta esse telespectador que acabou saindo da frente da televisão. Os famosos seriados americanos, que possuem temporadas curtas e números fechados de capítulos, e fazem sucesso quase há tanto tempo quanto nossas telenovelas, não podem estar tão equivocados assim. Senão não estariam lá, ainda.

Stevan Lekitsch
Enviado por Stevan Lekitsch em 30/09/2014
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