O piano, a casa e o sarau: as vozes na casa.

A maré resolve chegar ao seu ponto mais alto. Influência da lua cheia que circunda dançando na casa que fala em frente da praia: a pinacoteca Benedito Calixto . Os sons que são de notas musicais tocadas por um pianista brasileiro, mínimas e semínimas boiando pelo ar com aromas de maresia com vinho.

Entre quadros feitos com arte digital, bandeja de vinho são circundadas por grupos de pessoas falando de assuntos diversos. O mestre de cerimônias polidamente conduz com maestria o evento. Enquanto um grupo de estudantes musicais se refugia em uma sala que possui um quadro chamado pasárgada.

O refúgio fez os estudantes musicais, passagardearem por alguns momentos tal qual Manoel Bandeira. Todos com taça de agua na mão olharam o amarelo da tela e contaram o quanto era importante a música na vida deles.

Hélio, com sua guitarra explicou sobre o pentagrama musical para Katarina, a última aluna da classe. Logo Assimilou uma estrela, mas olhando na apostila, percebeu que mais enganada não estaria. Eram sim as linhas de uma partitura. Seria interessante tocar uma estrela, produzir músicas com o pentagrama.

E tudo isso veio de Cristofori di francesco a convite do príncipe Francesco di Médice veio à Florença trabalhar como músico e como músico e fabricante na corte da toscana. O que veio deste convite? Um piano. Adeus cravo e pionola , com suas cordas beliscadas. Agora em suas devidas extinções surge o piano com um som de agudo para grave e vice versa. No piano as cordas são marteladas e vibram livremente- tal como as vozes dos alunos na salinha, confidenciando entre risadas suas ilusões musicais.

No primeiro dia de aula o professor passa o exercício básico de aquecimento para os dedos. Sentando do lado de Glauber, não imaginaria que este fosse também um renomado pianista internacional. Fui com grande alegria enchendo os olhos e tocando no joelho as primeiras notas mentais(dó , ré , mi, fá, sol, sol, fá, mi, ré , dó.)

O professor me indica. Adrenalina correndo na frente da sala de cerca de 25 alunos. O primeiro ¨piu¨ desafinado.... um dó com ré juntos. Incrível a sensação de produzir um som metálico apertando uma tecla- no meu caso duas. Glauber me auxiliou muito, tanto quanto Eliza que teve a santa paciência de me mostrar o movimento do “caranguejo” como apelidei.

O auxílio de alunos, a tranquilidade que a classe fica, “musicalizando” ideias é muito bom e, após a aula, um sarauzinho com dança, envolvendo música e o piano no meio de toda aquela gente sedenta por uma nota ou duas.

Dois pianos disputam suas vozes. Um piano é negro, e fica na grande sala cheia de colunas, tocado por poucos. Já ao outro, menos garboso vive sendo disputado pelos estudantes e pianistas, 15 minutos cada. Uma pena... mas o suficiente para demonstração da evolução. Um piano de cauda e outro de meia cauda.

Teclado desafinado, mi e sol quebrados e nós , a classe toda persistindo para um hino à alegria sair perfeitamente no imperfeito. Teríamos então uma notícia bravia e resoluta: as aulas de piano não aconteceriam em maio por causa de uma tecla arrancada com canivete.

Coisa de visitante que não sabe o que fazer em uma peça exposta em um museu ou um pianista que desafiou o piano até seus dedos sangrarem ou as teclas explodirem?

Se o tempo permitisse, desafiaria o piano, para atingir o meu nível perfeito imperfeito

Um adendo: existem estudos afirmam que a musicoterapia deixa mais elástico o cérebro, relaxa e fixa a atenção das pessoas. Abrange a melhora na coordenação motora e deixa o aprendizado das pessoas mais rápido. A música preserva a alma e agora cientificamente provado, o pensamento.

A pinacoteca oferece diversos cursos, alguns com investimento e outros gratuitos. Muito bom para a população da baixada em geral – atingindo o vale do ribeira.

Neste curso de piano gratuito consegui uma grande aventura aos meus dez amigos, tocar uma tecla, uma pauta, uma acorde. O ébano e o branco pulam meio errados nos primeiros momentos, mas tudo bem porque o som é gravado na mente.

Não disse ainda onde fica o piano dos estudantes... Ele fica em frente ao jardim. Ao meio de livros que contêm projetos de serem levados e distribuídos para outras pessoas. É inspirador tudo isso. De noite, tal como Ernest Hemingway em sua casa possuía, os gatos se aproximam e apenas não contei se tem seis dedos.

Todos miando no jardim enorme. Entre a música, os vinhos, as pessoas, os estudantes ,o mestre de cerimônias e o pianista famoso. Um verdadeiro concerto musical.

E o piano que os estudantes estudavam silenciado. As aulas devem continuar sim para pessoas como eu ou você se descobrirem em uma letra musical , ou duas , ou três. Convido a todos que passem ela casa branca da praia, olhem sob sua perspectiva e, vejam as vozes que disputam pela casa sua estadia. Venham aos cursos também.