MAIS UM TIRO NO PÉ... D'OUVIDO!

Eu pretendia aqui escrever um ensaio embasado num sentimento que me permeia o âmago, sobre o atual e tão EXPLÍCITO "subliminar" papel sócio-político da televisão brasileira, sobre o qual acredito não ser algo apenas fruto da mediocridade cultural programática que neutraliza, carcome e domina pensamento do público alvo, mas sim, algo intencional com finalidade muito bem arquitetada, inclusive com quem escreve novelas e monta os programas levados às massas.

Não é possível que tudo seja mera coincidência, ou seja, o telespectador cada vez mais dominado pelas ideias subliminares que são levadas ao ar, as que amortecem as possíveis tensões sociais inclusive pelos programas disseminados das revistas televisivas sobre diversos assuntos.

A televisão hoje consegue transformar o "ruim" em "pior ainda" sempre com o efusivo aplauso do público, um incrível fenômeno, deveras muito preocupante para todos nós, sociedade.

Por exemplo: a miséria virou luxo e o sofrimento orgulho social.

Todavia, quando ligo o computador alguma noticia sempre me desvia do meu assunto primordial, simplesmente porque sou um expectador influenciável como outro qualquer: me envolvo com as noticias e com a forma com que são veiculadas pela mídia, embora as analise.

Outrossim, meu desvio de hoje não me desfocou da minha tese de fundo, posto que hoje estreou um programa de revista com uma famosa e bela jornalista âncora da hegemônica televisão brasileira, programação que, ao que consta, decepcionou os pontos do IBOPE.

Informava a notícia: "medo de avião e depilação" eram os assuntos da hora. "Estreou gelado", concluíram.

Que desperdício profissional! Essa é a principal meta do país, com todo respeito: desperdiçar as cabeças luminosas.

Ninguém duvida da utilidade de ambos os assuntos debatidos para os rodapés dos informativos voláteis, porém, penso que foram um tiro no pé da rede televisiva. Já meus ouvidos, graças à Deus, foram poupados.

Confesso que não assisti a programação mas me sinto a vontade para opinar porque consigo sentir o teor dos debates só por verossimilhança do que, não apenas ali mas em toda a televisão, sempre ocorre sistematicamente na briga pela audiência cada vez mais menos exigentes com a qualidade.

Alguém duvidaria que a programação não daria IBOPE?

Imaginem, nem de longe!

Só aí minha tese vai por água abaixo porque eu imaginaria que explodiria na audiência e acho que os globais também imaginaram erroneamente.

Não ousarei a explicar o tal fenômeno , todavia, acredito que pecaram por excesso de tapas no ouvido.

Aguentar logo cedinho a mesma e famosa loura mandando a mensagem do dia, junto ao louro papagaio no seu melhor visual "au-au", seguidos pelas aulas dos doutores da mídia e logo adiante um balde no ouvido sobre as últimas das depilações, amigos acreditem, nem uma descerebração total aguentaria tanta fustigação na tela.

É demais!

Eu se fosse a televisão brasileira começaria a rezar por novos dias menos fustigantes à tão sofrida audiência.

Porque mesmo com toda a perspicácia subliminar explícita, nem o povão aguenta mais...parece meio entediado com tanto supérfluo, o perene circo que já perde força para amortizar tanto sofrimento social.

E tudo isso a acontecer logo numa segundona, duramente depois daquele Domingão, aquele que mídia alguma daria jeito.

E sem direito a descanso, que Karma.

Que decadência globalizada a da televisão que nos consome, nos escraviza e nos aliena.

Deus!

Em breve, toda a cultura será castigada ao som dum simples plim plim.

Um dia em que já será tarde demais para se voltar atrás em busca da consciência tão dilapidada...