O drama de um alfinete
Não é fácil ser alfinete. Primeiro, porque você é rotulado por suas minúsculas dimensões; segundo, porque, mesmo sendo útil, qualquer deslize e “BUM” algo explode, no mínimo chia – e aí não se sabe se você é inconveniente ou o outro fragilizado demais.
Parece uma reflexão pequena, mas hoje minha cabeça acordou com 24 mm de diâmetro. Eu não sou alfinete, mas tive a oportunidade de passar pela experiência de um.
Estavam organizando uma festa, e todos sabem, naturalmente, quem são os objetos de decoração mais privilegiados desse tipo de evento – Isso mesmo! Balões. A promotora do evento achou de abusar de minha praticidade expondo-me a um ambiente de grande tensão, só porque, justo hoje, acordei como alfinete.
Diante daqueles pomposos objetos, cada um exibindo seu poder de flutuação, flexibilidade e notável função estética, achando-se no direito de esnobar de minha natureza retilínea, pontiaguda e nanocefálica, não resisti e os espetei com toda a força de minha irracionalidade.
O sentimento de culpa pairou impulsionado pelo vento. Reprovei meu comportamento impensado e concluí que, sob o ponto de vista de minha felicidade, pelo menos hoje, não deveria ter saído do lugar onde todos compartilham comigo traços de familiaridade e “senso comum”.