Acabara de chegar naquela Escola...

inefável desafio!

 

A Instituição fundada na década de quarenta, passou por inúmeros projetos

desviados da meta inicial. Num momento da linha do tempo, abrigou uma casa para menores infratores

para mais de quatrocentos meninos.

Na década de oitenta retornou a Escola voltada para educação agrícola, retomando o projeto primeiro.

 

Ao assumir o meu trabalho, senti a nostalgia reinante. O prédio judiado, pessoas sem esperança, alunos desmotivados.

A distopia se instalou naquele canto, sem lugar para a poesia.

Senti um vazio enorme dentro de mim... o vazio da presença da vida, do olhar para o horizonte iluminado. Tudo parecia muito escuro, cinzento...

 

No primeiro final de semana... minha filha foi me visitar. Ela precisava voltar para São Paulo na segunda feira no ônibus do meio dia. Estávamos há dezessete quilômetros da cidade, da rodoviária.

Por volta das onze horas nos encontramos no saguão principal da Escola. Um dos funcionários veio ao nosso encontro acompanhado por uma senhora. A mulher vestia roupas brancas, compridas, saia rodada, mangas longas e no pescoço um terço feito de contas de rosário. Muito alta e magra, tinha os cabelos grisalhos que adornavam o rosto esquelético, sem cor, com as nunces cadavéricas reveladas nos filmes de terror.

 

Aquela inesperada visita me deixou ansiosa. Os horários estavam muito justos, mas parei para conversar com a senhora e o funcionário.

Quando a mulher soltou a voz, parecia que o som fluia do fundo dos seus pulmões. Olhei-a , não a reconheci como alma viva, mas prossegui...

Dizia a senhora "que ali estava a mando do seu amado marido, que encontrava-se enfermo sobre uma cama, mas precisava de emprego".

Afirmou, ainda, que eu poderia salvar o seu marido da miséria que ele se encontrava.

 

Ainda conversando, num piscar de olhos, a mulher sumiu. Ninguém viu a sua chegada, nem a sua saída. Apenas... eu, minha filha e o funcionário presenciamos a sua curta presença e a sua mensagem naquele tétrico momento.

 

O dia continuou encabulado.

O mistério daquele encontro...

continua indecifrado!

 

"Nada é por acaso... "

há quem afirme.

Será?...

 

 

 

 

 

 

foto by Zaciss