A PÁGINA DE UMA AGENDA E UMA CANETA
– Boa tarde, Srta. Caneta! Há algum tempo, observo-te.
– Por que despertei tua atenção, Srta. Agenda?
– Vejo-a a escrever em minhas páginas sempre muito concentrada e cuidadosa.
– Nossa Dona transpassa-me habilidade com as palavras, sejam em versos, sejam em prosas. – a Srta. Caneta
– Verdade! Muitos de seus poemas e textos versam sobre o amor, numa perspectiva romântica que se mistura a elementos da natureza.
– Srta. Agenda, suas produções também revelam um estilo lúdico, coloquial e livre de se expressar, através de jogo de palavras e de impressões sensoriais.
– Seus contos e poemas intimistas exploram imagens do cotidiano com grande liberdade e espontaneidade.
– É... Por acompanhar os teus registros, constatei que muito do que a Senhora escreve apresenta fatos que lhe marcaram de sua terra natal.
– Adorei saber que a leitura e a escrita começaram cedo na sua vida.
– Sim! Na época, estava com oito anos e curtia escrever frases “coloridas”. Era muito exigente consigo mesma. Ao fazer as atividades escolares, caprichava no traçado das letras. Tudo tinha que ficar perfeito!
– Lembro-me de já ter lido que, como os primos não ouviam suas criações, lia-os para os bichos: galinhas, porcos, cachorros, gatos, ovelhas, cavalos, bois e vacas; público esse que lhe era fiel, nunca lhe davam as costas ou negavam-se a lhe ouvir.
– Isso mesmo, Srta. Agenda! Quando emitiam quaisquer ruídos, a Senhora acreditava que estavam apreciando suas produções. Emocionada, cantarolava feliz!
– Hoje, depois de cinquenta anos, continua fazendo da escrita e da leitura atividades envolventes e agradáveis, vendo cada colega escritor, iniciante ou não, como voz, som e fonte, que ao se espalhar por entre a polifonia da cidade, rompe com os limites do concreto, permitindo-se o compartilhamento de sonhos e de expectativas quanto ao amanhã, numa convivência frutífera e harmonizadora de diferenças.
– Fez de sua profissão e da literatura, lazer e arte.
– Amiga, nosso bate-papo foi agradabilíssimo! Muito obrigada!
– Grata! Valeu!
Moral da História: Devemos, independente da idade, esforçarmo-nos para colhermos os frutos do nosso trabalho.