Uma gotinha de sangue e nada mais
Uma gotinha de sangue se encontra com um frascão de soro e sucessivamente têm o mesmo destino; a punção venosa.
A gotinha e o frascão se entreolham e seus destinos são traçados.
O vermelho fundiu ao incolor dos líquidos, transcorrendo veia a dentro, num gotejar nervoso...
A gotinha, lentamente, sorri, unindo-se ao vermelho mar, encharcada em suavidade mera. O frascão estapafúrdio se desespera ao esvaziar-se em desequilíbrio às correntes maritimas del plata.
Cuidadosamente a gotinha de sangue se recompõe com paciência e a lucidez dos sábios, contrapondo ao frascão de soro, que apressadamente se deteriora na ansiedade e a estupidez dos tolos.
Há tempos fui um frascão de soro. Hoje estou condicionado a uma artéria venosa. Amanhã serei uma gotinha de sangue e nada mais.