DESIGUALDADE RACIAL É UMA PARTICULARIDADE DA SOCIEDADE BRASILEIRA, SEGUNDO FLORESTAN FERNANDES

O sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995), autor da obra "A integração do negro na sociedade de classes: No limiar de uma nova era" (1965), tem mais de cinquenta obras publicadas. Essa, especificamente, trata-se de um estudo das relações raciais no Brasil sob o viés sociológico.

Dentre outros aspectos, Florestan Fernandes argumenta que a integração do negro na sociedade de classes ocorre de forma lenta e limitada, por conta das inúmeras barreiras discriminatórias que eles ainda têm de enfrentar para poder acessar as oportunidades que são disponibilizadas.

De maneira geral, os negros sofrem com a exclusão, que entre outras formas se apresenta como discriminação racial (muitas vezes negada formalmente) e limitação de acesso aos serviços públicos. A desigualdade econômica é um fator que também funciona como barreira para à integração do negro na sociedade.

Na interpretação do autor, a situação dos negros no Brasil é fruto da herança de pouco mais de três séculos de exploração da mão de obra africana, sob um regime de escravidão, condições de vida e de trabalho degradantes e que negava qualquer tipo direito ou concessões aos escravizados de cor.

Mesmo depois da cessado o regime de escravatura no Brasil (oficialmente em 1888), as situações de preconceito racial e de diferenciação entre brancos e negros permaneceram ativas, gerando e mantendo desigualdade e exclusão. A desigualdade racial, para Florestan Fernandes, é uma particularidade da sociedade brasileira e que pode ser identificada nas mais diversas esferas da convivência social.

Outro aspecto a ser levado em consideração é a argumentação do sociólogo acerca da necessidade de mudanças na estrutura da sociedade brasileira que sejam capazes de possibilitar a garantia de direitos aos negros e fazer cessar as desigualdades racial.