A Dança dos Pássaros é um documentário da Netflix, maravilhosamente narrado pelo dublador brasileiro Alexandre Moreno (enquanto, em inglês, a narração fica por conta do igualmente incrível Stephen Fry).
Alexandre Moreno, com sua incrível dublagem, inicia falando sobre a deslumbrante ave-do-paraíso (o documentário, além de extremamente educativo, encanta com sua beleza e arranca muitas risadas), e logo acrescenta que ela não é a única a dar um verdadeiro show em sua performance. Documenta a incansável batalha travada pelos pássaros, repleta de coreografias divertidas - mas executadas com extrema seriedade por eles que agitam seus habitats na tentativa de conquistar um par.
A trilha sonora é outro show e dá ainda mais vida aos dançarinos, jardineiros, cantores e arquitetos da natureza, criaturas extremamente engenhosas e criativas.
Toda essa aventura começa na deslumbrante e selvagem ilha da Nova Guiné. A primeira ave-do-paraíso a ser documentada, o Rei da Saxônia, é carinhosamente batizada como 'rei do rebolado'. Em seguida, o narrador chama o Bico-de-Foice de 'Foicinha'. Foicinha se desdobra em sua performance, e logo chegamos ao Doze-Fios, um cantor nato, embora pouco ouvido. Como o canto não surte o efeito desejado, Doze-fios resolve dançar—mas eis que um estorninho aparece para incomodá-lo. O narrador então sai da ala dos dançarinos e entra na dos artistas. É a vez do pássaro-construtor, um arquiteto e decorador incansável. Seu projeto? Uma casa de gravetos, cercada por todos os adereços coloridos que consegue encontrar ao redor. Flamígero, como é chamado, é um verdadeiro decorador nato! Um paisagista dedicado e que estampa a capa do documentário.
Mas quando o assunto é construção, o pássaro MacGregor é incansável
O narrador diz sobre o MacGregor: 'ele se dedica ao seu cafofo há sete anos'. Já o flamígero não está muito preocupado com a durabilidade da casa, não. A dele dura poucas semanas e está bem assim para ele, 'mas tudo tem que estar nos trinques'. O narrador intercala o trabalho das duas aves de maneira muito divertida. O flamígero se dedica também ao seu quintal. E, quando volta, lá para as bandas de MacGregor, o narrador relata que um vizinho nada amigável destruiu parte da casa que ele levou sete anos para construir. É um vândalo. rs 'Vai lá destruir a casa do outro para que a sua pareça mais bonita', segundo o narrador. Mas, quando MacGregor volta, começa os reparos em sua torre de mais de um metro, 'e o que MacGregor tem é uma coisa grudenta, hum, que coisa chique!', diz o narrador ao falar da decoração que ele cola na sua casa. 'Flamígero também está decorando, mas ele é mais moderninho. Mas MacGregor sabe exatamente o que quer, sujeito decidido'. Quem aguenta com essa narração maravilhosamente divertida? A casinha de MacGregor fica como uma linda árvore de Natal cheia de bolinhas penduradas. Ele não mede esforços nos detalhes. 'Ele já pendurou um monte de tralha', mas chega uma hora que não dá mais, não é? É! Tira essa aí.', segundo o narrador. rs Esse trecho do documentário, intercalando o trabalho árduo das duas aves, é um show de como a natureza orquestra as suas crias, beirando à poesia.
Enfim, um espetáculo esse documentário. Também extremamente premiado.