Curso de Apologética Cristã: objeções contra os Evangelhos

CURSO DE APOLOGÉTICA CRISTÃ: OBJEÇÕES CONTRA OS EVANGELHOS

Miguel Carqueija

O magnífico livro do Padre Devivier S.J. trata, em seguida, de diversas objeções feitas contra a autoridade, veracidade e autenticidade dos Santos Evangelhos.

Uma dessas objeções é simplesmente o caráter miraculoso dos fatos neles narrados. A resposta do autor chega a ser óbvia:

“A natureza miraculosa dos fatos evangélicos não faz nada ao caso para a verdade deles, a não ser que a priori, e sem prova alguma, se rejeite a possibilidade dos milagres em geral.”

Outras objeções gerais são a divergência entre algumas narrações nos Quatro Evangelhos, oposição entre os fatos evangélicos e a cronologia de autores profanos, ou modificações no texto. Mas, as poucas divergências em detalhes secundários não desautorizam os textos evangélicos:

“Ora, o valor histórico de uma obra fica intacto, não obstante qualquer inexatidão que haja em algum dos seus pormenores; porque, se assim não fosse, não subsistiria nem uma só fonte histórica, visto que não há um só historiador exato em todos os pormenores que apresenta (...) O fato é que as nossas narrações evangélicas foram submetidas à crítica pelos historiadores, que as declararam fontes históricas de primeira ordem.”

Lembra ainda Devivier que os acontecimentos em torno de Jesus Cristo, passando-se na Judeia, não alcançaram em geral Roma e adjacências; os autores romanos, portanto, custaram a escrever sobre Cristo; quando os cristãos se multiplicaram e se espalharam pelo império, aí sim, chamaram a atenção dos historiadores romanos.

Objeta-se que existem falsos evangelhos (os chamados apócrifos); Devivier sabiamente lembra que, se existem moedas falsas, é porque existem as verdadeiras. Depois vem a objeção de Strauss, um desses que duvidam até da existência histórica de Jesus, comparando-o com personagens mitológicos que se encontram na origem de outras religiões. Objeção absurda, pois Jesus não veio numa época fabulosa, remotíssima e obscura; mas não é o caso, pois a vida terrestre de Cristo se dá em tempo recente e documentado: “os seus começos (da religião cristã) datam de uma época de trabalhos históricos, de atividade intelectual e até de ceticismo, de uma época em que, por conseguinte, uma narrativa fabulosa não teria melhor acolhimento que nos hodiernos tempos (...)”

Em suma os Evangelhos são, com o conjunto da Bíblia (mas sendo eles o ponto central) o maior monumento escrito da humanidade, a “Boa Nova” (significado do termo “Evangelho”, palavra grega), a mais bela história real da humanidade, a história de um Deus que assume a forma humana para nos oferecer a felicidade eterna.

Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 2025.

"Curso de Apologética Cristã", do Padre Devivier SJ, é um tratado editado há mais de cem anos no Brasil pelas Edições Melhoramentos. Ele vem sendo aos poucos analisado capítulo por capítulo nesta escrivaninha.