"De tudo fica um pouco"

Estão, sim, as sete faces,

em cada canto do dia,

no espelho, na esquina,

na palavra que desafia.

A face do riso breve,

aquela que já chorou,

a face da esperança,

que ainda não se apagou.

Há a face do mistério,

que só o silêncio desvela,

e a do tempo severo,

que desenha rugas na tela.

Mas, como dizia o poeta,

"Sete faces há em mim",

e hoje, nas linhas do tempo,

todas elas sorriam e dizem: sim.

E o bombinha que passava cheio de pernas?

O conhaque que embriagava?

E a roda de samba na esquina,

Com o tamborim que nunca se apaga?

E os amores da madrugada,

Que dançavam ao som do violão?

Foram-se os passos, ficou a saudade,

Num compasso lento do coração.

O bomdinho agora é lembrança,

O conhaque virou história,

Mas no peito vive a dança,

De um tempo gravado na memória.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 12/12/2024
Reeditado em 12/12/2024
Código do texto: T8217269
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