"De tudo fica um pouco"
Estão, sim, as sete faces,
em cada canto do dia,
no espelho, na esquina,
na palavra que desafia.
A face do riso breve,
aquela que já chorou,
a face da esperança,
que ainda não se apagou.
Há a face do mistério,
que só o silêncio desvela,
e a do tempo severo,
que desenha rugas na tela.
Mas, como dizia o poeta,
"Sete faces há em mim",
e hoje, nas linhas do tempo,
todas elas sorriam e dizem: sim.
E o bombinha que passava cheio de pernas?
O conhaque que embriagava?
E a roda de samba na esquina,
Com o tamborim que nunca se apaga?
E os amores da madrugada,
Que dançavam ao som do violão?
Foram-se os passos, ficou a saudade,
Num compasso lento do coração.
O bomdinho agora é lembrança,
O conhaque virou história,
Mas no peito vive a dança,
De um tempo gravado na memória.