Na capa do volume 1, Nana Oosaki, com seu traje exótico de roqueira, lê o jornal.
NANA volume 1: as xarás
"Nana" é uma série envolvente mas não desprovida de perigo, e embora ostente a indicação de 14 anos, a meu ver não deve ser lido por menores de 18.
Envolve relações humanas entre jovens, com sexo e intimidades (sem sexo explícito), bebida, cigarro, vida largada e bandas de rock japonês. Não é barra pesada nem pornográfico mas é um mangá realista com personagens muito humanos dentro da realidade social do século 2O.
Falta religião e um sentido mais racional de vida nos personagens, todavia eles têm sentimentos e se movem num mundo difícil.
São duas as Nanas, e bem diferentes. Nana Komatsu é uma garota que tem pai e mãe, trabalha mas não sabe bem o que quer e vive de forma bem independente, inclusive com vida sexual intensa - vários amantes passam por sua vida, além de uns amores platônicos. Ela no fundo é uma pessoa bondosa e delicada, mas desmiolada e irresponsável, que busca um amor mas atabalhoadamente. Sua amiga Junko tem por Nana uma grande paciência. Kyosuke, namorado (o que nesse tipo de história é o mesmo que amante) de Junko, é fleumático e ajuizado. Eles são um suporte psicológico para a sempre indecisa Nana, que acaba se interessando pelo Shoji, um garoto bem humorado que se diverte com o jeito cômico da garota.
Yasu explica a Nobu porque é importante para Ren deixar a banda Blast, que ainda era amadora, e seguir para Tóquio, ingressando na Trapnest que estava começando a fazer sucesso. Assim terminou a relação entre Ren e Nana Oosaki.
Resenha do volume 1 do mangá "Nana", de Ai Yazawa. Editora JBC, São Paulo-SP, sem data legível no meu exemplar (o campo onde provavelmente aparece está por demais escuro). Editora Shueisha, Tóquio, Japão, 1999. Tradução: Rica Sakata. Volume com três episódios.
"Nana" é o mangá shojo mais vendido no mundo. Nele, somos apresentados a Nana Komatsu e Nana Oosaki. Apesar do nome em comum, as duas são completamente diferentes: uma é ingênua e romântica; a outra, descolada e independente. Elas vão para Tóquio atrás de seus sonhos. E é aí que suas vidas se cruzam..."
(Apresentação da revista)
Junko (do cabelo escuro) se esforça para incutir algum juízo na cabecinha oca de Nana Komatsu. O "Grande Rei" é uma superstição de Nana baseada numa centúria de Nostradamus.
"Não que não soubesse que não havia futuro para esta paixão. Mas assim, tão de repente. Tão fácil. Tão idiota que nem consigo chorar."
(Nana Komatsu)
"Por que será que tudo o que faço dá errado?"
(Nana Komatsu)
"Você não vê um homem como ser humano, mas como macho."
(Junko para Nana Komatsu)
"Tudo o que você quer é ter um homem conveniente ao seu lado para te mimar."
(Shoji para Nana Komatsu)
"Eu queria tanto um amor que me fizesse feliz... mas não conseguia confiar em nenhum homem."
(Nana Komatsu)
"Só agora percebo como minha avó foi importante na minha vida."
(Nana Oosaki)
"Para pessoas como nós, que crescemos sem família, construir um lar aconchegante devia ser algo mais necessário que a realização de um sonho."
(Nana Oosaki)
Nana Komatsu com a amiga Junko, muito paciente com as suas maluquices.
Quanto à outra Nana, a Oosaki, é muito diferente. Mais vivida e esperta, Nana Oosaki é a vocalista do conjunto Blast (explosão), composto também de Nobu, Ren e Yasu. Este, fácil de distinguir por ser careca, seria o mais centrado do grupo. Mas atenção, as aparências enganam. Não esperem muitas virtudes desses personagens. Ren é o "namorado" de Nana, mas, pegando a chance de entrar para uma banda que começa a fazer sucesso em Tóquio 🗼 - a Trapnest (armadilha) - vai para lá e abandona a Nana, despedindo-se dela na estação. O conjunto Blast fica em risco de dissolução.
Nana Oosaki é sofrida. Filha de mãe solteira, não sabe quem é seu pai. A mãe a entrega à avó materna, que a cria com muita severidade. Quando se torna "órfã" da avó (a mãe sumiu), Nana tem de enfrentar a vida sem ter completado os estudos. Todavia ela é muito atirada e vai levando a vida como cantora. E ao que parece ela agrada muito à platéia.
Até aqui as duas Nanas não se encontraram.
Este mangá shojo (isto é, com protagonização feminina) fez muito sucesso e gerou uma série de animação e dois filmes de imagem real.
O mundo em que se movem os personagens é uma espécie de submundo, onde os mesmos vagamente possuem ideais, mas sem um embasamento sólido. E os sofrimentos serão muitos.
Nana Oosaki chora enquanto Ren embarca no trem. Como ela não quis ir e largar sua carreira no Blast para ser uma dona de casa, considerou a relação terminada. Em breve o destino reunirá Nana Oosaki e Nana Komatsu.
Rio de Janeiro, 24 de novembro de 2024.