Sinfonia das cordas

Inspirado na apresentação do violonista Bernardo Giannuzzi na primeira semifinal do programa preludio da TV cultura.

No ventre da orquestra, cada instrumento é um universo,

uma voz que não fala, mas sente e traduz.

O clarinete sussurra segredos de bosques distantes,

o trompete anuncia alvoradas,

e o violoncelo abraça,

como se em suas cordas repousasse o peso do tempo.

Mas eis que surge o violão,

uma ponte entre a terra e o infinito,

cordas que vibram como a pulsação do mundo.

É o trovador da orquestra,

carregando nos dedos histórias ancestrais,

ritmos de chuva, calor de fogueiras e a dança do vento.

No dedilhar de suas notas,

ouço o mar murmurando sua eternidade,

os campos dourados que se curvam ao pôr do sol,

e o coração humano,

tão pequeno e imenso, batendo em compasso incerto.

O violão é a alma que flui,

não apenas a moldura, mas a paisagem inteira.

Quando suas cordas cantam,

todas as vozes se unem,

em um coro onde o silêncio também participa.

Na sinfonia da existência,

cada instrumento é um eco da criação.

Mas o violão, humilde e sublime,

é o espelho da vida em sua melodia desnuda.