A OBRA DE CORA CORALINA
Eu sou aquela mulher
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da luta,
recomeçar na derrota,
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista.
Cora Coralina
Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, é, de fato, uma voz única na literatura brasileira. Sua trajetória é marcada por uma história de persistência e ousadia: nasceu em 1889, em Goiás, e publicou seu primeiro livro aos 76 anos, revelando que sonhos literários não têm prazo de validade. A obra de Cora Coralina, marcada por uma linguagem simples e direta, é um convite a redescobrir o cotidiano. Sua escrita acessível reflete o "falar do povo" e expõe temas complexos e universais — como a força feminina, o tempo, a morte e a humanidade — de forma despretensiosa e poética.
Para alguns críticos, essa simplicidade pode ser um ponto fraco, visto que se distancia de estilos literários mais eruditos e urbanos. Mas, para muitos, é justamente essa escolha estilística que torna sua obra poderosa e autêntica. Cora foca o universo rural e a vida comum, o que lhe permitiu explorar a beleza e a profundidade do Brasil interiorano, trazendo dignidade e voz àqueles geralmente ignorados pela alta literatura.
Sua poesia é, assim, um retrato de sua época e do espaço que ocupava, especialmente em sua perspectiva feminina. Ela faz da vida cotidiana e das experiências das mulheres do interior brasileiro um campo de expressão literária. Ao transformar o comum em poético, Cora Coralina contribuiu de maneira única para a literatura nacional, deixando um legado que valoriza a simplicidade, a verdade e o olhar sensível sobre a realidade de seu povo.