Parte II - Quem mexeu no meu queijo? O início da jornada

Parte II - O INÍCIO DA JORNADA

Os personagens vivem em duplas, Sniff vive no mesmo ambiente que Scurry (os ratos) e Hem mora com Haw (os duendes). Conforme a estória se desenvolve, acontece uma quebra de expectativa entre os personagens. Acostumados à rotina de todos os dias dirigirem-se ao local do labirinto onde estava armazenado o queijo, os quatro amigos são surpreendidos pela falta do queijo onde o encontrava de costume.

Neste ponto da estória, é possível notar que a diferença entre os ratos e os duendes vai além da questão física, visto que os ratos, ao notarem que ficaram sem seu tão precioso queijo, logo trataram de buscar uma nova forma de obter o alimento. Spencer Johnson (1998, p. 9) diz que “cada um de nós tem a sua própria ideia do que é um “Queijo”, e o procuramos porque acreditamos que nos fará felizes. Se o obtemos, frequentemente ficamos ligados a ele. E se o perdemos, ou se nos é tirado, isso pode ser traumático”. Este fato fica bastante claro quando comparada a reação dos ratos à reação dos duendes.

Johnson explica que o labirinto é uma metáfora para onde o tempo é empregado, seja esse local o trabalho, a sociedade na qual vivemos ou os relacionamentos. A reação dos ratos diante da perda de algo significante em suas vidas revela uma visão um tanto estoica em relação aos duendes, que não aceitam o fato de ficarem sem queijo, mas não buscam uma forma de resolver o problema, ficando presos às constantes lamentações e a sensação de desamparo diante da situação. Deste modo, a forma de agir dos ratos, vistos pelos duendes como simples roedores, mostrou uma mentalidade aberta e o bom uso dos instintos como forma de sair da zona de conforto e aceitar as coisas como elas de fato são, ou seja, aceitar a mudança.

Algum tempo da narrativa passa e, desmotivado, o duende Haw escreve na parede do local onde antes se deliciava com o queijo a seguinte frase: “Quanto mais importante seu Queijo é para você menos você deseja abrir mão dele” (1998, p. 16). Certo dia, cansado da rotina de buscar todos os dias o queijo na mesma rota habitual e lamentar-se da injustiça da vida por apenas encontrar migalhas, Haw decide arriscar encontrar uma nova fonte de queijo e segue labirinto adentro.

Haw olhou para o emaciado companheiro e tentou chamá-lo à razão, mas o medo de Hem se transformara em raiva, e ele não quis ouvi-lo. Haw não desejava ser rude com o amigo, mas teve de rir do quanto os dois pareciam tolos. Ao se preparar para partir, Haw começou a se sentir mais vivo, sabendo que finalmente era capaz de rir de si mesmo, libertar-se e seguir em frente. – É hora do labirinto! – anunciou ele. Hem não riu e tampouco respondeu. Haw apanhou uma pedra pequena e pontiaguda e escreveu um pensamento na parede que poderia induzir Hem à reflexão. Como de costume, até mesmo fez o desenho de um queijo ao seu redor, esperando que aquilo ajudasse Hem a sorrir, animar-se e ir procurar o Novo Queijo. Mas o companheiro não quis vê-lo. Ele escreveu: Se Você Não Mudar, Morrerá (Spencer Johnson, M. D., 1998, p. 19).

No descontentamento com os resultados das reclamações e da indecisão, Haw chama Hem para a busca por um novo queijo, sendo surpreendido pela negação do amigo duende que responde: “- Eu gosto daqui. É confortável e familiar. Além disso, é perigoso lá fora. – Estou ficando velho demais para isso– E não quero me perder e fazer papel de bobo. Você quer?” (1998, p. 18). Após o diálogo com seu amigo, Haw retorna ao labirinto descrito como “um emaranhado de corredores e divisões, algumas contendo um queijo delicioso. Mas também havia cantos escuros e becos sem saída. Era um lugar fácil para se perder” (1998, p. 13), era um lugar desafiador que confrontava o medo daqueles que ousassem desbravar.