TOKYO SUMMER OF THE DEAD volume 1: começa o ataque dos zumbis
TOKYO SUMMER OF THE DEAD volume 1: começa o ataque dos zumbis
Miguel Carqueija
A lenda dos zumbis apenas os dá como mortos-vivos, em geral vítimas de alguma feitiçaria ou vodu, uma lenda haitiana. O zumbi canibal, que transmite sua condição por mordida, formando hordas — o “apocalipse zumbi” — não sei como isso começou. A coqueluche parece ter surgido com os filmes de George Romero, e logo chegou aos mangás.
Este aqui vê o assunto pela lógica dos adolescentes de ensino médio. A epidemia começa, o horror toma conta de Tóquio e os personagens vão tentando sobreviver em meio ao caos.
Vemos o Professor Yu Someya, de apenas 20 anos, que dá aulas particulares e fica embaraçado com sua aluna, Ikuse Minamori. Mas quando o terror se manifesta nas ruas os dois terão de lutar juntos pela sobrevivência. Custa um pouco até terem alguma noção do que está acontecendo. Depois surge a Sayo, e o casal de velhos que sucumbe.
Numa trama paralela surgem outras adolescentes: Rio, Azuha e Kyio.
Resenha do volume 1 do mangá “Tokyo summer of the dead” (O verão dos mortos-vivos), de Kugura Shiichi. Nova Sampa Diretriz Editora Ltda., São Paulo-SP, sem data. Editora Ichijinsha, Tokyo, 2011. Tradução: Karen Kazumi Hayashida. Editor brasileiro: Marcelo Del Greco. Volume 1 com introdução e 4 capítulos, mais a história extra “Snapdragon”.
“Eu ainda não fazia a menor ideia de que aconteceria algo assustador. Algo que transformaria Tóquio em um grande e alucinante caos.”
(Professor Yu Someya)
“Minha mente não consegue acompanhar todos esses acontecimentos.”
(idem)
“Parece até que Tóquio se tornou a cidade dos mortos...”
(idem)
No final do volume há uma história menor, “Snapdragon”, que conta um caso muito esquisito: uma mulher bonita e popular, com amigas e namorado, sente-se angustiada porque é seguida por algum “stalker” — termo em inglês que significa “perseguidor”. Conforme a nota de rodapé, é uma pessoa que se interessa por outra obsessivamente, passando a vigiá-la constantemente. O argumento porém quebra a rotina desse tipo de história e de fato é enigmático: tratava-se da filha da personagem, revoltada porque a mãe se produzira de tal modo que parecia ser mais jovem e lhe roubara o namorado.
Mas voltando à história principal, o enredo tem características muito humanas em meio à loucura dos zumbis: como personagens até então comuns e desacostumados de violência, por força das circunstâncias assumem atitudes heroicas e decididas. Como quando a garota Minamori, vendo os mortos-vivos atacando outra garota, parte para cima e os agride com uma sacola de compras pesada. E o tímido Professor Someya ajuda usando uma bicicleta como arma. A Sayo, com seu jeito amigável e interessado, também é uma figura bem colocada na trama.
Longe de serem tipos rasos como em tantos filmes norte-americanos de terror e suspense, os personagens de “O verão dos mortos-vivos” trazem à tona suas personalidades e seu modo de pensar em meio ao desespero estabelecido. É uma boa amostra do talento dos mangakás japoneses.
Rio de Janeiro, 17 de abril de 2024.