Imagina você nascer sem exalar qualquer tipo de cheiro? Assim nasceu o Jean-Baptiste Grenouille, e numa época em que o fedor reinava nas cidades, e já no começo do livro o autor descreve toda a mistura de odores como a madeira podre, estrume, couve estragada, cadáveres, enxofre, lençóis sebosos, matadouros, peixes, cebola, dentro e fora dos palácios o fedor imperava, do camponês ao padre, os rios, bocas fediam a dentes estragados, e por aí vai. O filme, espetacular tal qual o livro, retratou o nascimento de Jean Batiste de maneira chocante, forte e maravilhosa! Foi literalmente lançado das entranhas de sua mãe numa peixaria, como um animal, ficando em meio a sujeira e miséria e posteriormente abandonado. Ela se acocorou debaixo da mesa de limpar peixes e lá pariu. Imaginou a cena? O filme fez jus ao livro.
Na página 13 do livro, a ama de Jean-Baptiste diz que ele, ainda bebê, está possuído pelo demônio por não exalar nenhum cheiro. Para você ter uma ideia da jornada pesada de Grenouille desde o seu nascimento.
E, apesar de não exalar qualquer cheiro, ele consegue identificar aromas de maneira mais intensa e precisa do que qualquer outra pessoa, e como essa composição de cheiros vai construindo a sua identidade é formidável. Criança, aprendeu a falar mais facilmente as palavras que designassem algo que cheirasse. Ao conhecer o perfumista (já crescido), se encanta pelo universo dos aromas (e acaba sendo transformador na vida deste perfumista que se vê ameçado pela concorrência), virando seu aprendiz. A sua fixação por aromas e o desejo de eternizá-los em frascos vai dando uma continuidade avassaladora e assustadora ao enredo. Ele fica obcecado, principalmente pela alma sendo exalada por um perfume. Não vou ir muito além disso para evitar spoilers.
O autor, Patrick Süskind, nasceu em 1949, em Ambach, Alemanha. Ficou conhecido mundialmente através de O Perfume.
O livro começa assim:
Uau! E o final? Impactante.
Até a próxima postagem,
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