Shell Shock, livros queimados  em praça pública, uma reflexão (atemporal) do quanto a Alemanha tratou de maneira pouco intensa o movimento nazista e suas consequências.

     Um livro narrativo, com personagens cativantes, girando em torno de um grupo de amigos que foi envolvido pelo discurso de um professor e o resultado da romantização que fizeram (e foram levados) sobre a guerra. Vítimas lideradas por discursos apaixonados de uma militância cega, acabaram não fazendo ideia do que estava por vir.  Atual, não é? Sempre.

 

     Os que deveriam ser guias equilibrados e intermediários, tornaram-se controladores de mentes jovens e despreparadas, levando cada um dos personagens a um abismo ideológico e assassino. Posteriormente, os moribundos (vítimas usadas pelo sistema), repetiram nas trincheiras os ecos de seus intitulados mentores  (enquanto estes empaturravam-se em banquetes, protegidos e alguns até mesmo enriquecidos). Traumatizados (os sobreviventes das guerras), vegetavam em suas existências retalhadas, e, aos poucos, se dando conta do tanto que foram usados sem nem questionarem o real motivo de tais discursos. Tarde demais para alguns.

 

“Sob a pele, a vida não palpita mais, foi sendo expulsa do corpo; a morte avança de dentro para fora e já domina os olhos. (...) Até sua voz soa como se viesse do túmulo”.

 

     Quantos de nós nos perdemos em batalhas inglórias? Quantos de nossos jovens são usados por uma militância (seja ela de qual bandeira for e época) que acaba prejudicando o movimento que eles dizem defender? Verdadeiras granadas ideológicas que fabricam vítimas da violência (também em rede, a famosa militância pela internet). O livro, obviamente, não aborda o tema digital. Mas a desinformação e a propagação do ódio através das redes sociais, tornaram-se um novo instrumento de guerra na mãos de acéfalos digitais. Esta militância tem formado escola neste tudo por um like e views, cuja massa frustrada acaba usando estes caminhos digitais para vomitar suas opiniões que são meramente protagonistas dos seus egos enfraquecidos e doentes. E um verdadeiro cemitério intelectual vai se formando. E há ainda aquele que alegra-se com a própria burrice.

 

     Enquanto corpos vão sendo destroçados nos campos de guerra, as botas que sobram simbolizam as ideologias opressoras e assassinas que não ligam para o número que criam e conduzem. Números que só servem para fazer volume. E quem vai lutar e chorar por aqueles que estão em campos de batalha? Apenas seus entes queridos, sua família, os que realmente nutrem um afeto.

 

     Inimigos são criados e a massa se torna uma ferramenta poderosa na sociedade, mas ao invés de torná-la melhor, é sugada e condenada num cada um por si nesta carnificina (motivada por movimentos ideológicos, políticos, religiosos, etc). E há ainda quem justifique uma guerra.

 

     Em uma das cenas narradas no livro, alguns soldados se escondem sob corpos que eles mesmos ajudaram a criar nos campos de batalha.  Enquanto isso, analisando toda guerra no decorrer da história, os verdadeiros idealizadores destas guerras, estão confortavelmente em suas posições privilegiadas e seguras. Rindo, talvez, da estupidez da massa e enriquecendo cada vez mais com ela.

   

     Este livro é um clássico escrito pelo dramaturgo e roteirista alemão, Erich Maria Remarque (pseudônimo de Erich Paul Remark), que aos 18 anos seguiu para a trincheira em plena Primeira Guerra Mundial. Excelente indicação de um leitor feito através do email do site. Obrigada! Também gosto muito deste livro e acho que serve para refletirmos sobre as consequências de uma cegueira histérica que vai formando partidos e conduzindo jovens à carnificina ideológica. E toda militância cega se alimenta de pessoas com o intelecto limitado, ou, conduz uma massa motivada pelo medo e opressão. Será que é um tema que está tão distante da gente?  Escolas, igrejas, universidades, enfim, não têm se tornado ambientes férteis para uma doutrinação cega e capaz de levar a sociedade para um precipício?  Como e onde nascem as guerras? Apenas em alistamentos obrigatórios?

 

     Quer saber o que realmente é uma guerra? Leia relatos dos que sobreviveram à guerra! Das verdadeiras vítimas dos holocaustos diários, da fome, da desigualdade social, dos que ainda conseguiram reconstruir a sua vida em novos cenários (quando possível, dependendo do shell shock), das muitas vítimas perdidas e esquecidas no campo de batalha, biografias e relatos das especialmente vulneráveis (mulheres e crianças destroçadas em estupros e pedofilia).

 

     Paremos de romantizar a violência, a brutalidade, a guerra! E de propagar o ódio. Tudo muito fácil teoricamente até que a vítima se torne você. Panem et circenses, até quando?

 

      Condena-se a si mesmo aquele que segue cegamente aos condutores da guerra.

 

 

 

Até a próxima postagem,

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Varanda Cultural
Enviado por Varanda Cultural em 13/03/2024
Reeditado em 13/03/2024
Código do texto: T8019027
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