O poema "Sem Remédio" de Florbela Espanca expressa intensamente os sentimentos de dor, angústia e desespero da poetisa. O eu lírico expressa que aqueles que supostamente a amam não compreendem sua dor e sua essência. Há um sentimento de solidão e isolamento emocional, já que não se sente compreendida pelas pessoas próximas.

 

A Dor é personificada como uma entidade que visitou a poetisa um dia e desde então permaneceu em sua vida, trazendo consigo um sentimento de pavor e um frio que a consome por dentro. Essa presença é descrita como algo que paralisou o que de bom lhe foi dado por Deus, indicando um impacto devastador em sua vida.

 

O eu lírico se encontra perdido, sem rumo, sem saber para onde está indo. Essa desorientação é exacerbada pelo constante sentimento de medo e frio que a acompanha, mostrando um estado de desespero e confusão mental. A Dor é descrita como uma cadência, uma tortura infinita, uma demência. Isso sugere que a presença da dor não é apenas física, mas também emocional e psicológica, afetando profundamente a mente da poetisa.

 

Sem remédio enfatiza a constância da angústia, do tédio e da mágoa que a poetisa sente. Não há alívio ou remédio para sua dor, apenas uma sensação de estar sendo perseguida implacavelmente por esses sentimentos.

No geral, o poema retrata um estado emocional profundo de sofrimento, desespero e solidão, onde a presença da Dor é uma constante na vida do eu lírico, que se sente completamente desamparado diante de sua própria angústia.

 

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor,
À minha porta e, nesse dia, entrou.

E é desde então que eu sinto este pavor;
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!

Sinto os passos da Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!...