CONTRA ARGUMENTO AO LIVRO: NA ILHA de JUSTKUMENA

Quando se nos nasce cedo o desejo de tingir a folha com tinta a óleo, despertam-se imagens, estilhaços de lembranças de pessoas com as quais andamos e delas ganhamos experiências, temos então Ilhas vivendo-nos.

Justino Kumena, alheio ao mundo dos homens, cedo estende os olhos sobre as praias arenosas de kaimone, avista a mulher e do seu andar de onça e nua, nasce a obra, decerto não terminada, mas a obra é um organismo vivo, entende-se e convence-se de tudo ou de nada. Convence-se da sua existência, orgulha-se do seu impacto e luta para não ser esquecida. É uma obra intervinda de co-e-vivências nas quais o autor aprendeu que o melhor lugar para chorar e amar é NA ILHA, é que para ele palavras são insuficientes para mostrar o que se sente verdadeiramente, por isso partes de si são manifestas em “Mukandas”/cartas, verdadeiras vias de confidencialidades como se vê:

“Mando-te essa carta que não poderás ver nem ler,

Mas, por meio de anjos e arcanjos, sentirás que,

Entre os homens, nada mudou.

(…)” O ECO QUEBRADO.

Ou

“(…)A mukanda é a única maneira que tenho de falar

E expressar o que sinto,

Uma vez que ao teu lado, ao teu lado...

A comunicação não é verbal!...” UMA MUKANDA PARA TI

É definitivamente fenomenal a essência literária que fora aberta para ser vista e revirada por todo aquele que se achar capaz de desdizer de qualquer palavra desenfreada lançada sobre esse asfalto de ferro literário, que se desguarda das mais esfomeadas críticas desejosas de auto-satisfação, achadas alhures enferrujadas por entre escombros de artigos transcendentais lançados sobre as estandes da magnânima Internet, vem, por conseguinte fazer espargir o medo.

O medo de ser esquecido é do livro, não do autor; o autor é passivo, o livro é activo; o livro penetra, dá-se. E se poemar fosse mais do que dar uma sugestão da maneira de ver a vida? -“Estaríamos pois certos de que escrever é viver, escrevive-se”, qual fez Manuel Bandeira que sem desdém despediu-se de nós apresentando a sua Pasárgada, pelo que disse ele”Em pasárgada tem tudo,/é outra civilização”, sim lugar utópico quiçá da vida da sua poesia atemporal, figuras com essa índole são vislumbradas paradigmaticamente pelo autor do NA ILHA, Justkumena, que decidiu fundir-se com os seus versos:

“Na Ilha

Vi-te a passar

No vender o teu peixe de sabor a Kunene!

Na Ilha

Vi-te a dançar sobre as ondas fluviais das praias arenosas de

kaymone;

Justino Kumena? Na Ilha!

Na Ilha

Senti-te na melodia das águas que se auto transportavam,

Batucando seus batuques de pedras que saltavam do leito

Cujo movimento era efetuado com respeito(…)”NA ILHA.

A palavra em inglês “Copyright” balouçou-se sobre o livro a fim de testificar que cada morfema nele ditado é de direito do autor, as vivências na luz e na escuridão, as experiências na alegria e nas desteças cada lembrança aqui escrita revela a magnitude da infância traçada desde as “cubatas” e ruas empoeiradas sobre as quais o autor fez um dia pousar a sagacidade da sua poesia. O homem do NA ILHA, é comprometido com a arte, fazer acontecer é seu título dorsal, pesando-lhe o sacrifício(pleonástico) de sacrificar o tempo e sua mocidade pela arte que já lhe corre nas veias desde antes do seu primeiro rebento literário.

Sim, a poesia é a manifestação gloriosa do eu. Esse eu é maroto, é clássico; é queixoso e denunciador de injúrias, não se cala ante o turbilhão de sofrimentos a que foi exposto por toda a sua vida e não admite que outros vivam tais males. Uma vez Pessoa escreveu nas vestes de Alberto Caeiro”amar é a eterna inocência, e a única inocência é não pensar”. Sinta, caro leitor, o agridoce auto-conscientizando a arte escrita e sentimental de Justino Kumena que mostrou amar a sua centelha:

“Sou da cidade do mato, terra longe,

Onde a luz não habita!

Vivo de doações das estrelas, do sol e da Lua!

Nem imaginas quando o tempo os leva de mim!

Que te contem as estrelas” (CIDADE DO MATO).

O homem do NA ILHA, é comprometido com a arte, fazer acontecer é seu título dorsal, pesando-lhe o sacrifício(pleonástico) de sacrificar o tempo e sua mocidade pela arte que já lhe corre nas veias desde antes do seu primeiro rebento literário.