Este poema de Olavo Bilac, intitulado "Tercetos", retrata um momento íntimo entre duas pessoas, onde há um pedido de despedida e a resistência em partir. Vamos analisar!
Bilac usa a estrutura de tercetos (estrofes de três versos) para expressar os sentimentos do eu lírico. O eu lírico está sendo convencido a partir, mas reluta diante da noite escura e tempestuosa. Há uma atmosfera de intimidade e apego à pessoa amada, pois o eu lírico teme a solidão e o desconforto que encontrará fora daquele ambiente seguro e acolhedor.
A descrição sensorial é forte no poema: a alcova cheirosa como um ninho contrasta com a escuridão lá fora, evocando a sensação de proteção e conforto. O pedido para esperar até que desponte a aurora revela a necessidade do eu lírico de se apegar à luz e ao calor antes de se aventurar na escuridão e no frio do mundo exterior.
A imagem do vento e do temporal reflete os desafios que o eu lírico teme enfrentar ao sair desse refúgio. A súplica para não ser exilado do "vale do teu leito" mostra a ânsia por permanecer na presença da amada para evitar a solidão e a tristeza.
No desfecho, a cena de abertura de braços por parte da amada e a decisão do eu lírico de ficar transmitem a força do vínculo afetivo, a resistência em se separar e a busca por conforto emocional.
Em suma, o poema é uma expressão lírica de apego, medo da solidão e resistência à separação, destacando a intensidade dos laços afetivos e a busca por abrigo emocional nos momentos de escuridão e incerteza.
Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
"Espera ao menos que desponte a aurora!
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!
Sobre o teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!"
— E ela abria-me os braços. E eu ficava.