JUVENÍLIA

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Leonardo Daniel

JUVENÍLIA

RPM – Paulo Ricardo

Sinto um imenso vazio e o Brasil

Que herda o costume servil

Não serviu pra mim

Juventude

Aventura e medo

Desde cedo

Encerrado em grades de aço

E um pedaço do meu coração é teu

Destroçado com as mãos

Pelas mãos de Deus

E as imagens

Transmissões divinas

E o cinismo

E o protestantismo europeu

Parte o primeiro avião

E eu não vou voltar

E quem vem pra ficar

Pra cuidar de ti

Terra linda

Sofre ainda a vinda de piratas

Mercenários sem direção

E eu até sei quem são, sim eu sei

E você sempre faz confusão, diz que não

E vem, vem chorando

Vem pedir desculpas

Vem sangrando

Dividir a culpa entre nós

Análise Pessoal:

Em “Juvenília” há um retrato da sociedade baseado na juventude de um poeta, cujo olhar é exótico e incompreendido, um poeta que assumiu os riscos e a dívida de salvar toda a humanidade incluindo o mal. ‘Juvenília’ aliás significa o conjunto de obras na juventude de um autor. Dessa forma, o interlocutor desse poeta, o eu lírico muito próximo a ele diz:

Sinto um imenso vazio e o Brasil

Que herda o costume servil

Não serviu pra mim

Resta então à juventude a aventura e o medo, de um poeta desde cedo, preso à multidão do ego (grades de aço). Esse eu lírico assume um papel muito próximo ao seu interlocutor, o poeta louco (sempre faz confusão), tão próximo que chega a dizer que:

(...) um pedaço do meu coração é teu

Destroçado com as mãos

Pelas mãos de Deus

Resta à lucidez pouca do poeta as imagens como transmissões divinas, e a favor da vida dos santos, como a vida de São Francisco de Assis, o cinismo nesse caso vem dos filósofos gregos antigos , os cínicos, que viviam com cachorros, na Grécia antiga, viviam na pobreza, e contra isso tudo está o protestantismo europeu.

O eu lírico morre (Parte o primeiro avião) e o poeta agora está sem seu pai (E ele não vai voltar) e um paráclito virá para cuidar do poeta. Nessa mesma velha Terra (TERRA LINDA) que infelizmente sofre ainda a vinda de piratas; mercenários sem nenhuma direção.

O eu lírico sabe quem são eles (E eu até sei quem são, sim eu sei)... “E você sempre faz confusão, diz que não” mas o poeta nega... mais uma vez e defende o mal... e leva para o tribunal da Justiça Divina os pecados que não eram dele, mas ele (vem chorando/Vem pedir desculpas/Vem sangrando/Dividir a culpa entre nós).

À guisa de conclusão:

Esse poeta interlocutor não será sempre jovem, com o tempo e com as crises ele vai conseguir viver em paz, sem ter que se sacrificar para salvar o mal, tão presente nos piratas e mercenários, ele não ficará órfão por muito tempo, logo ele terá a companhia de uma criança que irá salvá-lo quando a barra ficar dificílima. E suas obras da juventude viverão na posteridade, premiando a todos... sem distinção!

www.poetaleodaniel.com

Leonardo Daniel

20/09/2023