INFINITA HIGHWAY

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(Re)Engenharia do Rock

Leonardo Daniel

INFINITA HIGHWAY

Engenheiros do Hawaii – Humberto Gessinger

Você me faz correr demais

Os riscos desta highway

Você me faz correr atrás

Do horizonte desta highway

Ninguém por perto, silêncio no deserto

Deserta highway

Estamos sós e nenhum de nós

Sabe exatamente onde vai parar

Mas não precisamos saber pra onde vamos

Nós só precisamos ir

Não queremos ter o que não temos

Nós só queremos viver

Sem motivos, nem objetivos

Estamos vivos e isto é tudo

É sobretudo a lei

Da infinita highway

Quando eu vivia e morria na cidade

Eu não tinha nada, nada a temer

Mas eu tinha medo, medo desta estrada

Olhe só! Veja você

Quando eu vivia e morria na cidade

Eu tinha de tudo, tudo ao meu redor

Mas tudo o que eu sentia era que algo me faltava

E à noite eu acordava banhado em suor

Não queremos lembrar o que esquecemos

Nós só queremos viver

Não queremos aprender o que sabemos

Não queremos nem saber

Sem motivos, nem objetivos

Estamos vivos e é só

Só obedecemos a lei

Da infinita highway

Escute garota, o vento canta uma canção

Dessas que a gente nunca canta sem razão

Me diga, garota: Será a estrada uma prisão?

Eu acho que sim, você finge que não

Mas nem por isso ficaremos parados

Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão

Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre

Se tanta gente vive sem ter como viver

Estamos sós e nenhum de nós

Sabe onde quer chegar

Estamos vivos sem motivos

Que motivos temos pra estar?

Atrás de palavras escondidas

Nas entrelinhas do horizonte

Dessa highway

Silenciosa highway (highway)

Eu vejo um horizonte trêmulo

Eu tenho os olhos úmidos

Eu posso estar completamente enganado

Eu posso estar correndo pro lado errado

Mas a dúvida é o preço da pureza

E é inútil ter certeza

Eu vejo as placas dizendo

Não corra, não morra, não fume

Eu vejo as placas cortando o horizonte

Elas parecem facas de dois gumes

Minha vida é tão confusa quanto a América central

Por isso não me acuse de ser irracional

Escute garota

Façamos um trato

Você desliga o telefone

Se eu ficar muito abstrato

Eu posso ser um beatle

Um beatnik ou um bitolado

Mas eu não sou ator

Eu não tô à toa do teu lado

Por isso, garota

Façamos um pacto

De não usar a highway

Pra causar impacto

Cento e dez

Cento e vinte

Cento e sessenta

Só pra ver até quando

O motor aguenta

Na boca, em vez de um beijo

Um chiclet de menta

E a sombra do sorriso que eu deixei

Numa das curvas da highway (highway)

Highway (highway)

Infinita highway (highway)

Highway (highway)

Infinita highway (highway)

Highway (highway)

Highway (highway)

Highway (highway)

Análise Pessoal:

Em “Infinita Highway” temos um manual de sobrevivência, a engenharia havaiana. Ela já começa numa correlação de causa e efeito, “você” - ”eu” é quem faz ele correr demais os riscos desta highway, e são muitos esses riscos, mas como veremos; o maior risco é sexual. Novamente “você” – “eu” faz ele correr atrás do horizonte desta highway, é pelo horizonte uma viagem infinita. Este tipo de viagem é para poucos, “ninguém por perto”. E não há muitas vozes a serem ouvidas, pois é deserta essa mesma highway. São poucos que tem a capacidade de trilhar esse caminho. “Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar”. Esta é a Lei... a Lei da infinita highway. A Lei maior do Amor. Não há um destino pretraçado, não se precisa saber o destino, e o instrumento já é a viagem, sem consumo, sem susto... “nós só queremos viver”. Não existe nessa viagem motivos, não existe nessa viagem objetivos. O fato é que estamos vivos e isto é tudo que importa... sim a existência é o que importa... essa é a Lei da Infinita Highway. Antes no passado, num passado remoto... talvez outra vida. Passado tão remoto quanto outra vida... ele já vislumbrava essa deserta highway, “quando eu vivia e morria na cidade” ele já tinha a coragem... mas a mesma coragem não impedia o medo. O medo dessa estrada... tanto pra mim, quanto pra ele. Ele é um mestre que tinha de tudo, e tudo ao seu redor. Entretanto:

Mas tudo o que eu sentia era que algo me faltava

E à noite eu acordava banhado em suor

O que faltava para ele... é o que faltava pra mim. Não venham nos lembrar o que esquecemos, “nós só queremos viver”. Não venham nos ensinar o que já sabemos. “Não queremos nem saber”. Porque somos:

Sem motivos, nem objetivos

Estamos vivos e é só

Só obedecemos a lei

Da infinita highway

Ele não está sozinho, ele tem uma garota, o amor da vida dele, para ela o vento canta uma canção. Uma canção especial, que nunca é cantada sem razão. Essa estrada é uma prisão? Ou seja, abre-se mão da felicidade suprema do Absoluto, para viver aqui na Terra! Ele acha que sim ela finge que não. Isso vale também para o casal interlocutor imagético o “outro” e sua companheira - desta canção. Isto não paralisa eles. “com a cabeça nas nuvens e os pés no chão” - sacrifício. E não adianta ser livres se mesmo assim muita gente vice sem ter como viver, sem ter como comer. Novamente não sabemos onde queremos chegar. Novamente estamos vivos sem motivos... “que motivos temos pra estar?”

Atrás de palavras escondidas

Nas entrelinhas do horizonte

Dessa highway

Silenciosa highway (highway)

O horizonte trêmulo pode ser até a janela de um ônibus porque vale mais a viagem do que o instrumento. Os olhos úmidos pode ser lágrimas de felicidade. Para muitos ele está totalmente enganado. Correndo pro lado errado. Mas, “a dúvida é preço da pureza” e de que vale ter certeza? As placas dizem: “Não corra, não morra, não fume/Eu vejo as placas cortando o horizonte/Elas parecem facas de dois gumes”. A vida confusa, na verdade é confusa para os outros que não o entendem, como e porque ele aceitou viver aqui neste vale de lágrimas do que viver feliz e para sempre no Planeta Amor. Ele não é irracional, ele não é um débil mental. Com certeza ao menos para ele. Assim, desligar o telefone pode ser uma mudança de assunto, mais do que “assuntos da velhice”. Desta forma, ele não desperdiça seu tempo. E ele não está fazendo pose.

Por isso, garota

Façamos um pacto

De não usar a highway

Pra causar impacto

O impacto aqui é a queda dos anjos, “assim você me perde e eu perco você” (Piano Bar). “Só pra ver até quando/O motor (o provedor), (o amor) aguenta”. Na boca ao invés de beijar a boca de outra mulher, ele masca um chiclet de menta, ele em luto segue sobrevivendo firme, com a sombra do sorriso que ele deu, onde? Em uma das curvas da highway.

À guisa de conclusão:

A “Infinita Highway” é tão bonita, tão esquisita, bendita highway. A travessia para quem já chegou é o tema central de “Infinita Highway”. É a estrada de todo Mestre Liberado, que renuncia a felicidade do Reino dos Céus, para viver aqui na Terra e impulsionar a humanidade. Eles poderiam permanecer sem riscos e felizes no Absoluto, isso foi um direito conquistado, mas preferiram, salvar o chapéu do afogado, e junto com ele salvar toda humanidade.

www.poetaleodaniel.com

Leonardo Daniel

31/07/2023