"Busque o Amor novas artes de Camões" é um soneto clássico de Luís de Camões que reflete sobre as complexidades do amor e da dor emocional. O poema apresenta uma reflexão profunda sobre a natureza do sofrimento causado pelo amor.
Camões inicia o poema desafiando o Amor a encontrar novas formas de causar-lhe dano, sugerindo uma resistência interior às investidas do sentimento amoroso. Ele expressa a ideia de que, se o Amor não pode tirar suas esperanças, dificilmente conseguirá tirar algo que ele sequer possui.
O poeta mostra sua resistência às adversidades do amor ao se manter firme nas esperanças, mesmo diante de perigosas incertezas e inconstâncias. Ele se compara a alguém que enfrenta um mar tempestuoso, perdendo o navio, mas não o espírito de luta.
No entanto, a poesia apresenta um paradoxo: mesmo quando não há esperança, o Amor oculta um mal invisível que mata. Camões revela a dualidade desse sentimento, que pode tanto nutrir esperança como causar dor profunda, mesmo sem uma razão aparente. Há uma intrínseca perplexidade diante desse sentimento amoroso que invade a alma sem explicação clara.
O poeta finaliza o soneto expressando a perplexidade sobre o que o aflige, um sentimento indefinível que nasce sem causa aparente, não explicado por seu surgimento e causando dor sem motivo claro.
"Busque o Amor novas artes" é uma reflexão profunda e filosófica sobre a natureza do amor e da dor emocional, demonstrando a complexidade desse sentimento que pode nutrir esperanças e, ao mesmo tempo, trazer um sofrimento inexplicável.
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode
haver desgosto onde esperança falta,
lá me esconde Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que nalma me tem posto um não sei quê,
que nasce não sei onde,
vem não sei como,
e dói não sei porquê.