O poema "Se Eu de Ti Me Esquecer" de Bernardo Guimarães é uma expressão apaixonada e intensa de um compromisso eterno com o objeto do amor. O poema demonstra a profunda devoção do eu lírico e sua promessa de que, mesmo diante das adversidades e da passagem do tempo, ele nunca esquecerá o ser amado.

A primeira estrofe estabelece o cenário, com o eu lírico declarando que, se ele se esquecer do ser amado, seu rosto perderá a capacidade de sorrir. A esperança, representada pela capacidade de sorrir, o abandonaria para sempre se ele desistisse desse amor.

 

“Se eu de ti me esquecer, nem mais um riso

Possão meus tristes labios desprender;

Para sempre absondone-me a esperança,

Se eu de ti me esquecer.

 

Na segunda estrofe, o poema descreve a paisagem ao redor, sugerindo que até a natureza negaria sua beleza e sua paz para o eu lírico se ele deixasse de amar. A ideia é que o mundo se tornaria árido e hostil se ele se esquecesse do ser amado.

 

Neguem-me auras o ar, neguem-me os bosques

Sombra amiga, em que possa adormecer,

Não tenhão para mim murmúrio as agoas,

Se eu de ti me esquecer.

 

A terceira estrofe é marcada por um desejo de que o mundo reaja negativamente ao eu lírico se ele se esquecer do ser amado. Flores se transformariam em serpentes venenosas, fontes se tornariam amargas e hostis, e o mundo não seria mais acolhedor para ele.

 

Em minhas mãos em aspide se mude

No mesmo instante a flôr, que eu for colher;

Em fel a fonte, a que chegar meus labios,

Se eu de ti me esquecer.

 

Na quarta estrofe, o poema expressa a ideia de que o eu lírico vagaria sem rumo, sem encontrar refúgio ou amparo, se ele se esquecesse do ser amado. Ele seria um peregrino solitário e desamparado.

 

Em meu peregrinar jamais encontre

Pobre albergue, onde possa me acolher;

De plaga em plaga, foragido vague,

Se eu de ti me esquecer.

 

Na quinta estrofe, o poema fala sobre o sofrimento que o eu lírico enfrentaria, sugerindo que ele seria como um espectro entre os viventes, gemendo e sofrendo em completo abandono.

 

Qual sombra de prescito entre os viventes

Passe os miseros dias a gemer,

E em míseros dias a gemer,

E em meus martyrios me escarneça o mundo,

Se eu de ti me esquecer.

 

A última estrofe é uma promessa final e profunda de que o eu lírico nunca esquecerá o ser amado. Ele pede que, se isso acontecesse, nem mesmo uma lágrima caísse sobre seu túmulo. Ele viveria e morreria em total esquecimento e isolamento.

 

Se eu de ti me esquecer, nem uma lagrima

Caia sobre o sepulchro, em que eu jazer;

Por todos esquecido viva e morra,

Se eu de ti me esquecer.”

 

"Se Eu de Ti Me Esquecer" é um poema que ilustra a intensidade do amor e o compromisso eterno do eu lírico com a pessoa amada. É uma expressão de devoção e lealdade, onde o esquecimento é inimaginável e impensável.