Yomi, esmagada de dor, chora sobre o cadáver de seu pai, diante do olhar compadecido de Kagura.
GA-REI ZERO episódio 8: a desconstrução de Isayama Yomi
GA-REI ZERO episódio 8: a desconstrução de Isayama Yomi
Miguel Carqueija
Uma das histórias mais melancólicas dos animês, “Ga-Rei Zero” em seus doze episódios apresenta lances extraordinariamente tristes. E Tsuchimiya Kagura é uma heroína trágica, cercada pelo sofrimento.
Este capítulo 8 mostra o ponto em que Isayama Yomi, a irmã mais velha — e irmã de criação — de Kagura, dá o passo decisivo para as trevas, ela que até ali era uma pessoa tão boa e tão protetora em relação a Kagura.
O assassinato do pai adotivo de Yomi, Naraku, é o início das desgraças de Yomi, a partir da conspiração do misterioso Mitogawa, o garoto parecido com um grumete e acompanhado por borboletas malignas, que utiliza uma “pedra da morte” para os seus sinistros desígnios. Uma vez implantada numa pessoa, a pedra da morte estimula os desejos mais íntimos ou enrustidos.
Assim a prima por afinidade de Yomi, Mei, exímia guerreira exorcista, é contaminada pela pedra da morte e todo o seu ódio por Naraku e Yomi vem à tona — porque ao escolher Yomi, filha adotiva, como a nova líder da família, Naraku deixou Mei revoltada. Esta entendeu que o posto deveria ser seu. Daí o assassinato de Naraku. Disso Yuu, pai de Mei e irmão de Naraku, se aproveita para usurpar a posição de Yomi, acusando-a inclusive de negligenciar a segurança paterna. Yomi sente-se culpada sem ser e, diante do alegado, deixa de reagir.
Ela é expulsa do seu quarto e vai para o de Kagura, e esta é delicadamente expulsa da casa, sob a alegação de que já podia morar sozinha e, com os talentos que demonstrava, não devia ficar sendo paparicada por Yomi.
E Yomi não gostou de ouvir isso.
Mei, prazerosa por haver se apossado da posição de Yomi e da espada mística Shishiou.
Resenha do seriado de animação “Ga-Rei Zero”, episódio 8, “No caminho da vingança”. Estúdio A/C Spirits, Japão, 2008. Direção: Ei Aoki. Trilha sonora: Noriyasu Agematsu.
Elenco de dublagem original:
Kagura Tsuchimiya..............................Minori Chihara
Yomi Isayama......................................Kaoru Mizuhara
Noriyuki Izuna.....................................Shinya Takahashi
Kazuki Sakuraba..................................Minoru Shiraishi
Garaku Tsuchimiya..............................Tetsuo Komura
Naraku Isayama...................................Mugi Hito
Mei Isayama........................................Ryoko Tanaka
Irmãos Nabuu......................................Norio Wakamoto
Chizuru Yanase (Yacchi).......................Chika Horikawa
Kazuhiro Mitogawa............................. Megumi Matsumoto
Ayame Jinguji.......................................Mai Aizawa
Yuu Isayama.........................................Takko Ishimore
Miku Manabe.......................................Nozomi Masu
Kohara Michael....................................Hirozaku Hiramatsu
Masaki Shindo......................................Tetsuya Kakihara
Kiri Nikaidou (Kirito)..............................Tsuchiya Maki
Kouji Iwahata........................................Tetsu Inada
Kensuke Nimura....................................Minoru Shiraishi
O espírito de tentação com suas misteriosas borboletas.
“Era uma cena que eu já havia visto. Um final de tarde nublado pela chuva forte. Se afogando na tristeza de perder alguém importante, e temente ao destino que sucederá. Incapaz de qualquer reação, só capaz de chorar e suportar o passar indiferente do tempo. Esta era eu há três anos.”
(Tsuchimiya Kagura)
“Meu pai me adotou e me criou para eu ser quem sou hoje. Ele era sempre gentil e honesto. Foi um pai melhor do que eu merecia. Eu ainda não o retribuí. Ainda não dei nada em troca...”
(Isayama Yomi)
Isayama Yomi procura se mostrar estoica diante da usurpação de que foi vítima.
Mitogawa, o manipulador, parece ter morrido num acidente de avião com o pai e a mãe e se tornado um espírito maligno categoria “A”. Vale lembrar que a história tem elementos xintoístas, a principal religião do Japão. Daí os conceitos que para os cristãos soam estranhos, afora o aspecto fantasioso.
De qualquer forma ele é o grande culpado pelo mal que acontece na história.
Pode-se dizer que o ato 8 mostra claramente o ponto de ruptura de Yomi: na cena inicial como a filha amorosa mergulhada na dor diante do cadáver do pai; e na final, já tomada ela própria pelos sentimentos de ódio e vingança, ao matar Mei.
Rio de Janeiro, 29 de outubro de 2023.
Yomi faz a singela declaração a Kagura, sua irmã de criação: "Você é meu último tesouro". Infelizmente Mei atrai Yomi para uma cilada e ao tentar mata-la, cospe todo o seu ódio e confessa ter assassinado Naraku e com requintes de crueldade. Numa explosão de ódio vingativo Yomi mata Mei: o começo de sua própria corrupção e dos sofrimentos que aguardam Kagura, a personagem pura que não irá se perverter. A grande tragédia desta saga (que podemos referir, porque já entrevista no episódio 2, após o qual a história volta ao passado para mostrar a origem da situação) é o confronto entre duas pessoas que tanto se estimavam: Yomi, que se torna má, e Kagura, que permanece íntegra.