O poema "Um Beijo" de Olavo Bilac é uma reflexão sobre a complexidade dos beijos e o impacto que um único beijo pode ter na vida de alguém. O eu lírico inicia o poema com uma ambivalência notável, descrevendo o beijo como "o melhor da minha vida" e, ao mesmo tempo, "talvez o pior". Essa dualidade sugere que o beijo foi uma experiência tão intensa que deixou marcas profundas, tanto positivas quanto negativas.

 

A poesia explora a ideia de que o beijo foi uma experiência celestial, como se tivesse vindo "do firmamento", mas também infernal, representando um tormento. Esse contraste entre o céu e o inferno, o êxtase e a agonia, reflete a intensidade das emoções despertadas pelo beijo.

 

O poema continua a explorar a memória do beijo e como ele continua a afetar o eu lírico, mesmo após a morte da amante. O beijo permanece na mente e no corpo, queimando o sangue, enchendo os pensamentos e alimentando o desejo.

 

A imagem do gosto amargo e da boca malferida sugere uma mistura de dor e prazer, destacando a complexidade das emoções humanas.

 

Bilac usa termos religiosos, como "batismo" e "extrema-unção", para descrever o beijo, sugerindo que essa experiência foi transcendental e teve um significado espiritual profundo na vida do eu lírico.

 

O beijo é apresentado como um prêmio e um castigo, algo que trouxe felicidade, mas também sofrimento.

O poema termina com um sentimento de eterna saudade, expressando o desejo contínuo pelo momento do beijo. O eu lírico sente o calor e escuta o crepitar do beijo, e anseia por ele com delírio, como se estivesse perpetuamente preso na memória desse instante.

 

"Um Beijo" de Olavo Bilac é uma exploração poética da intensidade emocional e espiritual de um único beijo, destacando sua dualidade e sua capacidade de deixar uma marca duradoura na vida de alguém. É um poema que reflete a complexidade das emoções humanas e a profundeza das experiências amorosas.

 

Foste o beijo melhor da minha vida,

ou talvez o pior...

Glória e tormento,

contigo à luz subi do firmamento,

contigo fui pela infernal descida!

 

Morreste, e o meu desejo não te olvida:

queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,

e do teu gosto amargo me alimento,

e rolo-te na boca malferida.

 

Beijo extremo,

meu prêmio e meu castigo,

batismo e extrema-unção,

naquele instante por que, feliz,

eu não morri contigo?

 

Sinto-me o ardor,

e o crepitar te escuto,

beijo divino!

e anseio delirante,

na perpétua saudade

de um minuto...