Retrato
tinto sangue
as taças de Caravaggio cintilam
Baco sorri ébrio
(Diana Pilatti)
Este é um poetrix que considero elitizado. Exige, para a sua compreensão, um nível cultural apropriado. Caso contrário, os detalhes mais importantes vão passar despercebidos pelo leitor menos atento.
Sua interpretação requer um certo grau de conhecimento da literatura italiana, romana e grega. Pois bem, Caravaggio foi um artista italiano que pintou o deus - Baco.
Porém, Dionísio é considerado, também, o deus grego da natureza, da fecundidade, da alegria e do teatro. Na mitologia romana, seu nome é Baco. Todas essas informações mereceriam estar, em alguma medida, claras na cabeça do leitor, para que ele não fizesse confusão entre a divindade e o pintor.
No terceiro verso ela descreve um Baco sorridente, que estaria talvez até, fazendo um brinde a um amigo, um brinde regado a vinho tinto.
O título retrata perfeitamente a cena descrita na pintura, por isso ela diz: Retrato.
É interessante o jogo de palavras que foi milimetricamente usado. Veja que os três versos estão nitidamente entrelaçados. No primeiro ela fala em vinho, no segundo tem as taças e no terceiro, um Baco ébrio. Esta engrenagem flui perfeitamente.
Confesso que tive que fazer uma pesquisa mais atenta para compreender este poetrix. Ficou claro para mim que a autora sabia exatamente o que queria nos passar.
... E viva a poesia!!!