O poema "Eterna Mágoa" de Augusto dos Anjos aborda a ideia da tristeza crônica e como ela pode perseguir o homem ao longo de sua existência. O eu lírico pinta um quadro sombrio da tristeza que parece se tornar uma parte indissolúvel da vida daquele que a experimenta.

O poema inicia descrevendo o homem sobre quem "cai a praga da tristeza do Mundo", sugerindo que ele é vítima da melancolia e do pessimismo que permeiam a existência humana. O eu lírico afirma que esse homem é "triste para todos os séculos", o que implica que sua tristeza é duradoura e atemporal. Ela nunca desaparece, mesmo com o passar do tempo.

 

O homem por sobre quem caiu a praga

Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!


Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.


Sabe que sofre, mas o que não sabe
É que essa mágoa infinda assim, não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda

Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!

 

O homem retratado no poema é caracterizado por sua falta de crença em qualquer coisa que possa trazer consolo à sua mágoa. Ele tenta resistir à tristeza, mas quanto mais ele luta, mais sua ferida emocional cresce e se aprofunda. A mágoa se torna uma parte inescapável de sua vida, uma ferida que não cicatriza.

O eu lírico argumenta que o homem sabe que sofre, mas ele não percebe que essa mágoa não se limita à sua existência terrena. Ela transcende sua vida física e continua a acompanhá-lo, mesmo quando ele se transforma em verme, uma referência à sua morte e decomposição.

 

O poema "Eterna Mágoa" oferece uma visão sombria da experiência humana, destacando como a tristeza pode se tornar uma força persistente e inescapável na vida de uma pessoa, transcendendo mesmo a morte. É uma reflexão profunda sobre a perene luta do homem contra a melancolia e a impotência diante de suas próprias angústias.