O poema "Idealismo" de Augusto dos Anjos reflete sobre o tema do amor e o idealismo do poeta em relação a esse sentimento. O poema é carregado de ceticismo em relação ao amor humano e apresenta uma busca por um tipo de amor mais puro e verdadeiro.

Na primeira estrofe, o eu lírico começa por comentar sobre as palavras de amor que ouve, mas sua resposta é o silêncio. Ele alega que o amor da humanidade é uma mentira, sugerindo que as manifestações de amor no mundo são frequentemente superficiais ou falsas. O eu lírico reconhece que raramente fala de amores fúteis, indicando seu distanciamento do amor humano convencional.

 

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isso que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!

Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
— Alavanca desviada do seu fulcro —

E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

 

O eu lírico questiona quando, se algum dia, irá verdadeiramente amar. Ele contrasta o amor humano com o amor sagrado, que parece estar ausente da realidade cotidiana. O amor da Humanidade é descrito como algo que se assemelha ao amor de figuras históricas como Messalina e Sardanapalo, que são conhecidos por seus excessos e falta de escrúpulos.

A última estrofe sugere um desejo por um amor que transcenda o mundo material e terreno. O eu lírico anseia por uma amizade verdadeira que continue além da vida, aludindo à ideia de uma conexão espiritual que persiste para além da morte. A imagem das caveiras e dos sepulcros simboliza a mortalidade e a continuidade do sentimento além da barreira da vida.

 

O poema "Idealismo" de Augusto dos Anjos expressa a busca do poeta por um amor mais elevado e verdadeiro, enquanto critica a superficialidade do amor na sociedade humana. É uma reflexão profunda sobre a natureza do amor e a possibilidade de encontrar uma conexão mais significativa que transcenda as limitações do mundo terreno.