Kuroko: reparem no olhar inexpressivo, que o ajuda a se tornar "invisível".

 

O BASQUETE DE KUROKO volume 1: o jogador "invisível "

 

Existe nos mangás e animês toda uma linha de histórias que homenageiam os esportes, e isso de longa data. E não deixa de ser interessante que haja imaginação para desenvolver enredos humanos em torno de partidas e campeonatos. Em "Suzuka" por exemplo temos o atletismo, porém o assunto acaba sendo desviado para só quase tratar dos casos pessoais e amorosos de alguns personagens.

"Kuroko no basket" entra fundo no assunto do basquetebol. Pelo que se vê do primeiro volume, gira em torno da equipe Seirin, do esforçado jogador Taiga Kagami, do misterioso Tetsuya Kuroko e da treinadora Riko Aida. Fala também da chamada "geração milagrosa" do Ginásio Tonka, ou seja, um grupo de cinco jogadores geniais que ali surgiram e depois se espalharam em cinco colégios diferentes do terceiro grau; e havia um sexto jogador, um "jogador fantasma", que costumava passar despercebido numa espécie de invisibilidade - o Kuroko, que depois vai para o Seirin. O Kuroko jogava dando passes e fazia sua presença tão discreta que os jogadores adversários nem sempre o percebiam, e essa habilidade podia garantir a vitória de seu time.

 

A treinadora Riko leva um susto ao perceber a presença de Kuroko, que estava ali o tempo todo.

 

O curioso também é o fato do impetuoso Kagami, atleta de grande estatura, habilidade e resistência física, no começo faz pouco do Kuroko, implica que ele apareça "do nada" quando na verdade já estava lá - ele habitualmente "diminuía sua presença", um feito psicológico. Há um fundo de verdade nisso: algumas coisas chamam muita atenção - como na anedota da melancia pendurada no pescoço - e outras chamam pouquíssima atenção.

 

Resenha do mangá "Kuroko no basket" (O basquete de Kuroko) volume 1, de Tadatoshi Fujimaki. Editora Panini, Barueri-SP, 2014. Editora Shueisha, Tóquio, 2008. Tradução: Lídia Ivasa. Neste volume os capítulos (aqui chamados "períodos" por analogia com o esporte do basquete) de 1 a 7.

 

Acidente inesperado no treino: Kagami sem querer rompeu a cesta ao colocar a bola com muita força.

 

"Sem oponentes fortes a vida não tem graça!"

(Taiga Kagami)

"Este carinha aqui! Ele é o seu ponto fraco!"

(Taiga Kagami)

"Estava na minha frente e eu não percebi?"

(Riko Aida)

 

Kuroko e seus passes misteriosos.

 

Riko Aida, a treinadora, é uma garota entusiasmada pelo que faz, e ao longo do mangá vai procurando entender as técnicas dos principais jogadores da trama. O estranho poder de Kuroko, por exemplo, que ela tenta analisar. No fundo não é um super-poder: apenas uma habilidade bem desenvolvida, de uma pessoa que procura anular a sua personalidade para passar despercebida; por isso, Kuroko é melhor em dar passes, propiciando os lances dos companheiros.

Reparem que na capa do mangá ele apareceu em primeiro plano, com um olhar morto e inexpressivo; Kagami, cuja expressão é bem mais incisiva, os olhos oblíquos, logo atrás; no canto direito a Riko, com sua expressão de esperteza.

Ainda no primeiro volume o time do Seirin, ao enfrentar o do Kaijo, esbarra no Kise - jogando pelo Colégio Kaijo - ele é um dos cinco da tal "geração milagrosa - da qual o "apagado" Kuroko é o nao-oficial sexto.

Em suma, aos poucos vai aumentando o interesse por essa história original, onde talvez se exagere na competividade, como se a vitória fosse um caso de vida ou morte.

Reconheço, porém, que o autor Tadatoshi Fujimaki é altamente criativo.

 

Rio de Janeiro, 22 de setembro de 2023.