O trio que deu certo: 86, Chefe e 99.
O AGENTE 86 episódio 2: a divisão oriental da Kaos
O AGENTE 86 episódio 2: a divisão oriental da Kaos
Miguel Carqueija
Primeiro episódio a cores de “Get smart” (Fique esperto), pois o piloto fôra em preto-e-branco, prosseguimos aqui com o tom de farsa burlesca, de sátira aos filmes de espionagem, como talvez nunca se fizera antes.
Pode-se dizer que a gente ri o tempo todo.
O trio principal é a base de tudo. Maxwell Smart, Agente 86, interpretado pelo impassível comediante Don Adams (que, como Buster Keaton, raramente sorri), sempre mostrando uma estupidez teimosa, como o seu apego a regulamentos contraproducentes; a Agente 99, vivida por Barbara Feldon, mulher graciosa e expressiva e mais alta que Smart ou o Chefe; ela mais alegre, mas também burlesca, que parece adorar agir junto com Smart; e o sério e compenetrado Chefe (Edward Platt), que mal disfarça as suas contrariedades diante dos desastres do Agente 86.
E os agentes da Kaos — a “organização do mal” — também são engraçados, como neste episódio o chinês “Garra”, que porta um ímã numa das mãos, com o qual chega a desarmar o 86, atraindo a sua arma.
Maxwell Smart fala no famoso sapatofone.
Resenha do episódio 2 (“Diplomat’s daughter”(“A filha do diplomata”) da primeira temporada da série norte-americana “Get smart” (Fique esperto; Universal, 1965), ou “Agente 86” no Brasil. Criação e roteiro: Mel Brooks e Buck Henry. Produção executiva: Leonard Stern. Produção: Jay Sandrich. Direção: Howard Morris. Roteiro: Gerard Gardner e Dee Caruso. Música: Irving Szathmary. Fotografia: Robert H. Wyckoff.
Elenco:
Don Adams...................................Maxwell Smart (Agente 86)
Barbara Feldon...............................Agente 99
Edward Platt...................................”Chefe”
Leonard Strong............................... Garra
Inger Stratton................................. Princesa Ingrid
Frank De Vol....................................Carleton
Bill Saito..........................................(Toto)
Lee Kolima...................................... (Bobo)
99, desde o início apaixonada pelo 86, com quem acabou se casando. Lógico que ela não podia assistir uma cena dessas com bons olhos.
“O velho truque da tela por trás do buraco de chave!”
(Maxwell Smart)
Os vilões da série são altamente clicherizados, como parte da paródia. Aqui, o "Garra".
Dessa vez a missão é proteger uma princesa doidivanas que é alvo da Kaos, correndo o risco de ser sequestrada. Ela já conhecia Max e o cumprimenta efusivamente, até com beijo na boca, provocando o ciúme da 99. Mas a Princesa Ingrid está mais interessada em dançar uma dança de gafieira que em ser protegida, o que acarreta dificuldades à dupla protetora. É muito engraçada a cena em que, obrigados a dançar entre muita gente para entrar no clima, Smart e 99 livram-se de agentes da Kaos dando golpes de caratê ao girarem o corpo.
A desenvoltura da 99 — a agente sem nome — contrasta com a figura mortalmente séria do Agente 86 e a cara de preocupação do Chefe. A cena final — ela ensinando dança moderna ao Chefe — é antológica. E sim, Edward Platt era um grande artista, procurando interpretar o sujeito sério e responsável dentro de uma comédia de situações — e fez muita falta nos retornos bissextos da série após seu encerramento em 1970 — ele faleceu em 1974.
Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2023.
Às vezes (ou quase sempre) o Chefe perde a paciência com Maxwell Smart.