1. Mar Português -
2. Dobrada à Moda do Porto
Fernando Pessoa
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador (*)
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
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(*) Situação Geográfica do Bojador
Passar pelo Cabo Bojador, localizado na costa oeste da África, era considerado um grande desafio e uma dificuldade para os navegadores portugueses durante a Era dos Descobrimentos. Existiam várias razões para isso:
1. Condições climáticas adversas: O Cabo Bojador era conhecido por suas condições climáticas extremas, com ventos fortes, correntes perigosas e nevoeiros densos. Essas condições tornavam a navegação difícil e arriscada, aumentando o risco de naufrágios.
2. Superstição e medo do desconhecido: Na época, o Cabo Bojador era considerado um ponto de virada perigoso e misterioso. Havia superstições e lendas que cercavam a região, como a crença de que o cabo era habitado por monstros marinhos ou que havia um abismo sem fim além dele. Essas crenças alimentavam o medo e a relutância dos navegadores em se aventurar além do cabo.
3. Desconhecimento geográfico: Antes das explorações portuguesas, pouco se sabia sobre a costa oeste da África. O Cabo Bojador era considerado um ponto de referência importante, pois marcava a fronteira entre as águas conhecidas e desconhecidas. Os navegadores temiam o desconhecido e a falta de informações precisas sobre o que encontrariam além do cabo.
4. Problemas de navegação: A tecnologia de navegação da época era limitada. Os navegadores dependiam principalmente de bússolas e estrelas para se orientar, o que tornava a navegação precisa e segura uma tarefa desafiadora. A falta de pontos de referência conhecidos além do Cabo Bojador dificultava ainda mais a navegação.
No entanto, os navegadores portugueses, liderados pelo Infante Dom Henrique, eventualmente conseguiram superar essas dificuldades e passar pelo Cabo Bojador, abrindo caminho para as futuras explorações e descobertas ao longo da costa africana. Essas conquistas marcaram o início da Era dos Descobrimentos e tiveram um impacto significativo na história da navegação e da expansão marítima.
Este poema retrata o contexto histórico das grandes navegações portuguesas que ocorreram nos séculos XV e XVI, em busca de novas rotas comercias pelo povo lusitano em suas estrofes, entretanto destaca também as dificuldades do percurso que navegadores e suas respectivas famílias encontravam além mar.
"Mar Português" é um poema épico escrito por Fernando Pessoa, um dos mais renomados poetas portugueses do século XX. A obra foi publicada em 1934, após a morte de Pessoa, e é considerada uma das suas criações mais emblemáticas.
O poema é uma celebração do espírito marítimo e da história de Portugal, explorando a relação profunda entre o povo português e o oceano. Pessoa utiliza uma linguagem poética rica e simbólica para transmitir a grandiosidade e a importância do mar na identidade e na história de Portugal.
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Dobrada à Moda do Porto (Álvaro de Campos)
Um dia, num restaurante, fora do espaço e do tempo,
Serviram-me o amor como dobrada fria.
Disse delicadamente ao missionário da cozinha
Que a preferia quente,
Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria.
Impacientaram-se comigo.
Nunca se pode ter razão, nem num restaurante.
Não comi, não pedi outra coisa, paguei a conta,
E vim passear para toda a rua.
Quem sabe o que isto quer dizer?
Eu não sei, e foi comigo …
(Sei muito bem que na infância de toda a gente houve um jardim,
Particular ou público, ou do vizinho.
Sei muito bem que brincarmos era o dono dele.
E que a tristeza é de hoje).
Sei isso muitas vezes,
Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram
Dobrada à moda do Porto fria?
Não é prato que se possa comer frio,
Mas trouxeram-mo frio.
Não me queixei, mas estava frio,
Nunca se pode comer frio, mas veio frio.
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Dobrada à Moda do Porto" é um poema escrito por Fernando Pessoa, um dos mais importantes poetas da língua portuguesa. Neste poema, Pessoa utiliza a metáfora da dobrada, um prato típico da culinária portuguesa, para explorar temas como identidade, tradição e modernidade.
O poema começa com uma descrição detalhada da dobrada, destacando seus ingredientes e o processo de preparação. A dobrada é apresentada como um prato tradicional, que remete à cultura e às raízes portuguesas. No entanto, à medida que o poema avança, Pessoa faz uma reflexão sobre a relação entre a tradição e a modernidade.
Ele questiona se a dobrada, como símbolo da tradição, ainda tem relevância e valor em um mundo em constante mudança. Pessoa sugere que a dobrada pode ser vista como algo ultrapassado e desprezado pelos mais jovens, que preferem pratos mais modernos e cosmopolitas.
No entanto, o poeta também ressalta a importância de preservar as tradições e valorizar a identidade cultural. Ele afirma que a dobrada, apesar de ser considerada antiquada, possui um sabor único e uma história que a tornam especial. Pessoa defende a ideia de que é possível apreciar tanto a tradição quanto a modernidade, sem que uma invalide a outra.
"Dobrada à Moda do Porto" é um poema que aborda questões de identidade cultural, tradição e mudança. Pessoa utiliza a metáfora da dobrada para explorar esses temas de forma poética e reflexiva. O poema nos convida a refletir sobre a importância de preservar as tradições, ao mesmo tempo em que nos permite apreciar a diversidade e a evolução do mundo ao nosso redor.
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Fernando António Nogueira Pessoa foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Wikipédia
Nascimento: 13 de junho de 1888, Lisboa, Portugal
Falecimento: 30 de novembro de 1935, Lisboa, Portugal
Influenciado por: Luís de Camões, Edgar Allan Poe, William Shakespeare, Walt Whitman, Camilo Pessanha, mais
Peças: Ode marítima
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Pesquisa: Julio Cesar Fernandes
Link: https://nova-acropole.org.br/blog/mar-portugues-fernando-pessoa/