Minha analise personalista do filme. O REI LEÃO. As perguntas bem feitas ajudam a pensar mais, e melhor...

 

E se Scar for um aspecto de Simba, uma espécie de aspecto que antecede sua razão, uma dimensão renegada porque obscura e mórbida, que coloca em ato o parricídio – somente possível no campo da fantasia, aos moldes da formulação freudiana sobre o complexo de Édipo? E se as hienas forem as nutrizes desse “demônio” (Scar) que assombra Simba, que o faz sentir-se culpado pela morte de seu pai, Mufasa, mas que viabilizou sua jornada em busca de si mesmo e de uma narrativa autoral para sua história, longe de seus iguais e a partir de alianças improváveis com quem, em outras circunstâncias, seria presa ou jamais teria a proximidade do felino letal? Hienas sendo pensamentos punitivos que nutrem o monstro e, quando ele enfraquece, o devoram? Curioso, não? E se Timão e Pumba simbolizarem a alteridade necessária para que o sujeito possa tornar-se minimamente autêntico e chamar de seu o destino que lhe espera? Se eles, amigos do protagonista, mostrarem que, quando se está no bico do corvo (dos abutres, no caso), uma rede de amparo pode ajudar o sujeito a levantar-se? E se ser rei significar assumir a responsabilidade de tornar-se adulto? E se encarar Scar representar a apropriação de uma natureza que é recalcada porque fora da lei e pérfida para, a partir daí, abrir uma nova possibilidade? E se a história inteira falar sobre um único personagem, Simba, e seus conflitos com as figuras paterna e materna para que este possa separar-se dos pais a uma distância que lhe possibilite "crescer"? Gosto de histórias que moram nos pontos cegos das histórias. Gosto de perguntas. A história simples e óbvia também é interessante!

 

Autor: Jeovan Rangel

 

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Atribua créditos ao seu autor. Distribua-o sob essa mesma licença. Jeovan Rangel Porto Seguro, Bahia, Brazil - Em 01/10/2019