Seduza-me
Não precisa ser preciso
insinue-se
metáforas me derretem
(Marilda Confortin)
O poema que exige explicação não é bom, dizem... Porém quero, apenas, apontar o que me chama a atenção neste atrevido, delicioso e irreverente poetrix.
O título já me encanta de cara. Ele diz: "engane"-me ardilosamente com promessas mil, atraia-me, encante-me para fins delicioSOS!
Veja que artimanhas meticulosas estão grafadas no primeiro e segundo versos:
"Não precisa ser preciso". Uma premissa marrenta, cheia de floreios. Não tem moderação ou limitação em sua certeira manifestação. Isto me fez imitar o poeta Fernando Pessoa: namorar é preciso, seduzir não é preciso.
"insinue-se" no segundo verso é um apelo carinhoso: deixe que se perceba, sem expressar claramente, sem fazer entender, sem sugerir. Uma pérola do poema.
A autora vai mais longe no seu devaneio poético: "metáforas me derretem". Ela quer o sentido figurado da relação, ela quer o que não está posto. Este verso me fez lembrar do poeta João Cabral de Melo Neto. Dizem que ele odiava as metáforas, mas escreveu: "o cão sem plumas". Marilda faz da "metáfora" um charme, um faz de conta melodioso.
Enfim, um poetrix conciso, singelo, de uma escrita simples, mas com um todo super inspirador.
E viva a poesia!!!