O BEIJO NO ASFALTO

Arandir, um homem casado, beija a boca de outro homem, que acaba de ser atropelado, realizando assim seu último desejo antes da morte. Com o destaque do caso pela imprensa, Arandir se vê compelido a um destino que não consegue modificar. A peça teatral "O Beijo no Asfalto" é escrita por Nelson Rodrigues e publicada em 1960. A trama gira em torno de Arandir, um jovem que presencia um atropelamento e, ao se aproximar do moribundo, atende ao último pedido do homem: um beijo na boca, em um gesto de compaixão e solidariedade. No entanto, esse ato de bondade é distorcido e interpretado erroneamente pela sociedade, levando a consequências trágicas para Arandir e as pessoas ao seu redor. A peça aborda temas como preconceito, desconfiança, violência e a falta de empatia nas relações humanas, levantando questionamentos sobre a moralidade da sociedade e a maneira como os indivíduos são julgados e condenados por suas ações. A partir desse momento, a vida de Arandir sofre uma reviravolta, pois seu gesto é mal interpretado e ele é acusado de homossexualidade, tornando-se alvo de julgamentos e preconceito por parte da sociedade conservadora da época. A história aborda temas como moralidade, hipocrisia e o impacto do sensacionalismo na vida das pessoas.

O diálogo em "O Beijo no Asfalto", é marcado por intensidade e conflito. A peça apresenta uma série de personagens que expressam suas emoções e opiniões de maneira direta e contundente. Os diálogos exploram temas como moralidade, tabus sociais e a complexidade das relações humanas. Os personagens frequentemente confrontam uns aos outros, revelando suas angústias, desejos e preconceitos. As interações entre os personagens são carregadas de tensão e revelam a profundidade dos conflitos psicológicos e morais presentes na história.

No desfecho da obra, Arandir é vítima de uma conspiração e acaba preso, acusado de homossexualismo e assassinato. O final sugere uma crítica à sociedade conservadora e preconceituosa, que utiliza a moralidade como justificativa para a perseguição e a injustiça. Em "O Beijo no Asfalto", os principais personagens da trama são:

Arandir: O protagonista da história, é um homem tímido e sensível que presencia um acidente de trânsito e dá um último beijo no homem moribundo. Esse gesto gera um grande impacto em sua vida.

Selminha: Esposa de Arandir, é uma mulher jovem e vaidosa. Ela fica incomodada e chocada com o beijo que o marido dá no moribundo e começa a questionar a sua sexualidade.

Aprígio: Homem moribundo que recebe o beijo de Arandir. Sua morte acidental e o beijo que recebe geram uma série de conflitos e intrigas.

Amado Ribeiro: Jornalista sensacionalista que se aproveita da situação do beijo no asfalto para criar uma grande polêmica e alavancar sua carreira e um delegado corrupto que fazem do ato um escândalo social, abalando a reputação de Arandir, que diz ter atendido o pedido do moribundo, levando a uma exacerbação dos sentimentos que conduz a um trágico e surpreendente desfecho.

Além desses personagens, a peça também conta com outros coadjuvantes que ajudam a compor a trama e a explorar os temas abordados por Nelson Rodrigues.

A peça, escrita especialmente para o Teatro dos Sete, foi encenada pela primeira vez em 1961, dirigida por Gianni Ratto, com Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Fernando Torres, Oswaldo Loureiro, Suely Franco, entre outros. A peça teve ainda três versões cinematográficas, a primeira em 1964, O Beijo, com direção de Flávio Tambellini (pai), com Reginaldo Faria, Norma Blum, Xandó Batista e Jorge Dória nos papéis centrais. Nelson Rodrigues sempre aborda questões complexas como a moralidade, a hipocrisia social e a manipulação da verdade em suas peças, e com essa peça, também não seria diferente! A peça aborda temas como preconceito, desconfiança, violência e a falta de empatia nas relações humanas, levantando questionamentos sobre a moralidade da sociedade e a maneira como os indivíduos são julgados e condenados por suas ações. Nelson Rodrigues, conhecido por suas obras provocativas e polêmicas, utiliza "O Beijo no Asfalto" como uma reflexão sobre a hipocrisia social e a fragilidade das relações humanas. A conclusão da obra deixa espaço para debates e interpretações, deixando claro o impacto duradouro que suas obras têm na cultura brasileira.

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Ronald Sá, é ator, dramaturgo, diretor e professor de teatro. Tem mais de 30 textos teatrais escritos, tanto infantil e adulto. Mora em São Luís do Maranhão. Começou a se interessar pelas letras desde criança. Formado em Artes Cênicas, tem um grupo de teatro na periferia da cidade maranhense, o Núcleo de Produção Teoria das Artes, no Anjo da Guarda, bairro cultural, celeiro de vários artistas. Atuou, escreveu e dirigiu 26 espetáculos. No momento, escreve sua primeira série e e seu primeiro livro sobre o mundo teatral.

Ronald Sá
Enviado por Ronald Sá em 17/05/2023
Reeditado em 17/05/2023
Código do texto: T7790635
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