A FALECIDA

"A Falecida" é uma peça teatral escrita pelo dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues em 1953. A história é centrada em Zulmira, uma mulher que sonha em se tornar importante e rica, mas acaba morrendo sem alcançar seus objetivos. A trama se desenrola a partir do velório de Zulmira, onde são apresentados seus parentes e conhecidos. Através de diálogos intensos e revelações surpreendentes, a peça expõe as hipocrisias e os conflitos presentes na sociedade brasileira da época, especialmente no que diz respeito às diferenças de classe social.

Ao longo da peça, a figura de Zulmira é constantemente revisitada, revelando suas frustrações, ilusões e desejos, bem como as expectativas e preconceitos dos demais personagens em relação a ela. "A Falecida" é considerada uma das obras-primas de Nelson Rodrigues e uma das mais importantes do teatro brasileiro. Além de abordar temas universais como a morte e a ambição, a peça também é marcada pelo estilo provocador e pela linguagem visceral característicos do autor.

"A Falecida" representa um ponto de virada na obra de Nelson Rodrigues, na medida em que, até então, suas peças eram consideradas "míticas", com lugares incertos, representando arquétipos e revelando algo de "escuso" na alma brasileira, enquanto que, com e partir d'A Falecida, o lugar é explicitamente a zona norte carioca dos anos 50, num cotidiano brasileiro vulgar, um cenário perfeito para a trama.

A trama gira em torno de uma mulher chamada Zulmira, que morre repentinamente e sua família começa a planejar um funeral pomposo para ela, mesmo que isso signifique sacrificar outras coisas importantes.

Os personagens principais da peça são:

Zulmira: a protagonista, uma mulher de classe baixa que sonha em ter uma vida melhor e é obcecada pela ideia de um funeral grandioso.

Vivaldo: marido de Zulmira, um homem frustrado que sonha em ter uma vida mais emocionante.

Edmundo: irmão de Zulmira, um homem ambicioso que usa a morte da irmã para seus próprios interesses.

Glorinha: amiga de Zulmira, que ajuda a planejar o funeral e acredita que Zulmira realmente merece um enterro extravagante.

Madame Clessy: uma vidente que acredita poder se comunicar com os mortos e é contratada para falar com Zulmira durante o velório.

Os diálogos entre esses personagens são intensos e cheios de tensão, com cada um deles tentando se aproveitar da situação de sua própria maneira. Zulmira é retratada como uma personagem obsessiva, que deseja um funeral grandioso a qualquer custo, mesmo que isso signifique sacrificar tudo o que ela tem. Vivaldo é frustrado com sua vida e não consegue entender a obsessão de Zulmira com o funeral, enquanto Edmundo tenta lucrar com a situação. Glorinha é a única personagem que apoia Zulmira em seu desejo, enquanto Madame Clessy é vista como uma charlatã que aproveita a situação para se promover. Os diálogos entre eles exploram temas como a morte, a obsessão, a ganância e o desespero humano.

Na trama, há vários diálogos impactantes que ajudam a explorar a complexidade dos personagens e a revelar os temas centrais da obra. Um dos diálogos mais marcantes da peça acontece entre Zulmira e seu marido Vivaldo, quando ela confessa que sente um desejo incontrolável de se entregar a outros homens. Esse diálogo expõe as fragilidades do casamento dos dois e a insatisfação de Zulmira com sua vida conjugal.

Outro diálogo impactante é entre Zulmira e sua irmã Glorinha, quando Zulmira confessa que tem medo de morrer e ser esquecida. Esse diálogo explora a questão da mortalidade e do medo da finitude humana. Há também uma cena marcante entre Vivaldo e a prostituta Patrícia, quando ela questiona se ele realmente ama Zulmira ou se apenas a usa como objeto. Esse diálogo confronta a natureza do amor e da paixão, e sugere que a relação entre Vivaldo e Zulmira pode não ser tão sincera quanto parece. Em resumo, a peça "A Falecida" é repleta de diálogos intensos e impactantes que ajudam a explorar os temas centrais da obra, como a morte, a infidelidade, o amor e a complexidade dos relacionamentos humanos.

.

.

.

Ronald Sá, é ator, dramaturgo, diretor e professor de teatro. Tem mais de 30 textos teatrais escritos, tanto infantil e adulto. Mora em São Luís do Maranhão. Começou a se interessar pelas letras desde criança. Formado em Artes Cênicas, tem um grupo de teatro na periferia da cidade maranhense, o Núcleo de Produção Teoria das Artes, no Anjo da Guarda, bairro cultural, celeiro de vários artistas. Atuou, escreveu e dirigiu 26 espetáculos. No momento, escreve sua primeira série e e seu primeiro livro sobre o mundo teatral.

Ronald Sá
Enviado por Ronald Sá em 11/05/2023
Código do texto: T7785816
Classificação de conteúdo: seguro