1917

1917

Não sou um aficionado da sétima arte. Não tenho muita paciência para assistir filmes. Poucos deixaram marcas na minha vida. Posso citar alguns como os que marcaram minha infância: Mary Poppins, Aristogatas , Se Meu Fusca Falasse, O destino do Poseidon . Que eu me lembre é só.

Outros, na adolescência, poderia citar: Os Dez Mandamentos ̈ e acho que só. Na juventude e vida adulta, que eu me lembre: O Poderoso Chefão (Por ter lido o livro de Mario Puzo previamente), Amadeus (muito bom), O Nome da Rosa , também após leitura prévia e, principalmente, Retratos da Vida , o qual muito me marcou, pelo enredo e particularmente o final maravilhoso, ao assistirmos um grande concerto pela paz embaixo da Torre Eiffel, promovido pela Cruz Vermelha. bailarinos, cantores, músicos e maestro, que se reúnem para celebrar a vida, com a magnífica sensualidade da coreografia de Maurice Béjart para interpretação excepcional de Jorge Donn, com a intensidade do Bolero de Ravel.

Hoje (01/05/2023), acabei de assistir um filme espetacular na TV aberta (Rede Globo):1917.Um filme sobre a primeira grande guerra, mas que foge completamente do modelo de filmes desse gênero.

A trama envolve dois jovens soldados britânicos que recebem uma missão praticamente impossível. Em uma luta contra o tempo, precisam atravessar o território inimigo e entregar uma mensagem para impedir um ataque que pode matar milhares de soldados que estão prestes a cair numa armadilha engendrada pelos alemães.

Não é mais um trivial filme de guerra. À direção impecável de Sam Mendes, o longa exorta o expectador a profundas e importantes reflexões de vida, a saber:

- A importância de se cumprir uma missão (ou meta) que envolve, substancialmente, outras pessoas,instituições ou o próprio estado (pátria).

- O valor que o sentimento de amizade pode ter nas nossas vidas.

- A incongruência e absurdo da guerra, onde milhares de pessoas, que tem uma história existencial individual e única, perdem suas vidas, muitas vezes ou na maioria das vezes, em

nome de caprichos tirânicos de pessoas doentias e psicopatas com delírios de poder (lembrar que a Primeira Guerra Mundial teve como principal motivação as disputas dos países europeus pelo domínio de colônias asiáticas e africanas). Ressaltar também essa guerra da Rússia X Ucrânia graças à teimosia e vontade de poder, tanto de americanos, ao insistirem na manutenção desproposital e avanço da OTAN, visto que a guerra fria acabou com a extinção da URSS e do Pacto de Varsóvia, como na radicalização e capricho do presidente Putin da Rússia, que poderia ter resolvido a questão através de negociações e diálogo.

- A sensação que o sistema nos passa ou quer passar, enquanto pessoas, de peças descartáveis e substituíveis na engrenagem de um país e do mundo.

- Enfim, dentre outras reflexões que podemos fazer, a importância das condições de tempo e espaço como determinante do sentido que podemos ter sobre nossa existência e da vida como um todo.

Recomendo o filme aos amigos que não assistiram. Vale a pena

Em tempo: Soube que teve várias indicações para o Oscar.

Marco Antônio Abreu Florentino